O Pe. Januário dos Santos, Missionário da Boa Nova, conta no artigo “Trinta e seis sacerdotes entregues ao mundo” (com fotos do Pe. Armando Soares) da edição de Agosto/Setembro de 2008 da revista “Boa Nova” uma história muito pessoal que o levou à cerimónia do passado dia 24 de Maio.
2008/08/21 Revista "Boa Nova"
Qualquer notícia apresenta normalmente duas facetas: a da novidade, que, no geral, tem uma existência fugaz de horas ou de dias, e a da projecção que é mais ou menos longa conforme o acontecimento permanece ou não depois da morte da novidade. A projecção, quando se trata de um acontecimento bom, é que se torna a verdadeira notícia porque se parece com o Evangelho que, à distância de vinte séculos, ainda continua a ser a Boa Nova.No passado dia 24 de Maio, em Roma, na Basílica de Santo Eugénio, foram ordenados 36 novos sacerdotes da Prelatura do Opus Dei. Oriundos de quinze países (Argentina, Brasil, Costa Rica, Espanha, Filipinas, França, Guatemala, Itália, Quénia, Líbano, México, Peru, Polónia, Portugal e Venezuela), estes 36 novos sacerdotes foram enviados como mensageiros de Deus para o mundo. Ali morreu a notícia-novidade e começou a notícia-projecção que se vai repercutir nas diversas nações para onde estes sacerdotes forem enviados.
Tive a felicidade de participar com o meu colega Pe. Armando Soares, Redactor-Chefe da revista “BOA NOVA” nesta ordenação. Fui cumprir um voto feito, há anos, a D. Zilda Pires Santini, mãe do novo sacerdote, P. Marcos António Santini, quando lhe disse: se for vivo e tiver saúde, irei participar na ordenação sacerdotal do seu filho.Mas esta promessa tinha raízes mais profundas.
Em 1987, quando tive de tratar do visto de residência no Brasil, acompanhou-me a Curitiba, capital do Estado do Paraná, o saudoso amigo Paulo Santini cujo filho estudava num Colégio do Opus Dei e para quem ele, como era costume, levava algumas coisas. Visitei a casa, visitei a capela, onde encontrei três estudantes, em profunda meditação. Todo aquele ambiente de serena austeridade e de densa espiritualidade me impressionou. No regresso, disse a Paulo Santini: um dia o seu filho ainda vai ser sacerdote...
O Marcos aderiu ao Opus, formou-se em medicina, abriu clínica na cidade de Londrina (Brasil), foi professor universitário e... no passado dia 24 de Maio, foi ordenado sacerdote, em Roma.Pelo menos um dia na minha vida, ao regressar de uma viagem a Curitiba, fui profeta...
O rito da ordenação sacerdotal foi impressionante, decorreu em latim e em canto gregoriano, num clima de simplicidade e de espiritualidade profunda. Tudo estava programado e foi executado com a perfeição de uma orquestra que interpreta uma bela sinfonia.Segui atentamente o significado ritual da ordenação de olhos postos nos ordinandos e no altar que Portugal ofereceu àquela basílica nos tempos de Pio XII, que ficava mesmo em frente do local onde me encontrava. Lá estava, ao centro, uma escultura de Nossa Senhora de Fátima, tendo ao lado, pintados, os santos portugueses. Lembrei os meus tempos de seminarista quando se falava da igreja de Santo Eugénio e se pedia a colaboração de todos os portugueses para um altar dessa mesma igreja. Nessa altura, estava bem longe de sonhar que, um dia, o contemplaria longamente durante uma ordenação sacerdotal.
O Bispo Ordenante D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, na homilia, baseou as suas reflexões nos textos da liturgia. Nesse dia, em Roma, celebrava-se a solenidade litúrgica do Corpo de Deus. Quase no início afirmou:“Naturalmente, a minha gratidão dirige-se em primeiro lugar à Santíssima Trindade, fonte de todos os dons; mas dirige-se também às famílias dos novos presbíteros, pelo modo como cooperaram com a graça de Deus – colaboração que não deve cessar depois – para que a semente da vocação sacerdotal pudesse arraigar na alma destes homens. Continuemos a rezar por eles e por todos os ministros da Igreja...”
Dirigindo-se aos diáconos que iriam ser ordenados sacerdotes dentro de poucos minutos, ele recordou-lhes com São Josemaría, fundador do Opus Dei, que o sacerdote é juiz, médico, mestre, pai e pastor. Quase a terminar, afirmou: “Estai seguros de que todos os presentes, e muitas outras pessoas no mundo inteiro, vos acompanham com as suas orações.”
E concluiu: “Confiamos estes irmãos a Maria, Mãe dos cristãos e, de modo particular, Mãe dos sacerdotes: que Ela os acolha especialmente como filhos seus amadíssimos, do mesmo modo que acolheu S. João, o discípulo amado, junto à Cruz de Jesus. Assim seja.”Um momento desta Ordenação sacerdotal chamou particularmente a minha atenção: abraço da paz. Quando, depois da entrega da patena e do cálice, os novos sacerdotes se aproximaram, um a um, do Bispo Ordenante para o abraço e o beijo da paz, senti toda a amizade com que o Prelado os abraçava longamente, mostrando um extremo carinho paternal, para, no fim, num gesto quase brusco, contrastando com o carinho com que os tinha acolhido, lhes dar uma espécie de empurrão, como quem os enviava em missão para o mundo. Todos eles, que acabavam de ser ordenados, eram sacerdotes para o mundo. Para onde a obediência e as necessidades da Igreja os chamassem. Pelo menos, foi isso que deduzi no gesto final do terno abraço da paz do Prelado do Opus Dei.
In site do Opus Dei
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