sábado, 14 de novembro de 2009

CAIM do dr Saramago

A publicidade feita em torno do novo livro do dr Saramago fez com que muitos, como eu, tivessem curiosidade na sua leitura. Aparentemente, e mesmo só na aparência, a publicidade resultante de um confronto com a Igreja Católica foi estratégica. Resultou.
Não tinha uma curiosidade (mórbida) em ler Saramago. Porém e face às escritas do Nobel, em sede de conferência de impresnsa, em que tinham criticado o facto de Caim ter sido cristicado sem prévia leitura, entendi que o deveria comprar para tecer, à posteriori, a crítica mais ajustada.
Porém, o Caim do dr Saramago mostrou-se um flop.
Não passei (note-se) da leitura do 2º capítulo.
O livro é infantil. Os dois primeiros capítulos levam-nos ao Antigo Testamento, à expulsão de Adão e Eva do Paraíso; porém, com contornos pseudo eróticos e diálogos excessivamente infantis. Não há conteúdo. O livro não edifica e como tal, já foi para o lixo.
O mais, são ofensas gratuitas.
Já fora do âmbito do Caim mas não menos importante, não deixo de me espantar com o estilo do dr Saramago.

Os diálogos das personagens são continuos, havendo por parte do leitor um sublime e enérgico esforço por entender quem é quem e quando começa o quê. Dizem: "é o estilo do Saramago".
A pergunta que fica é esta: e se um estudante escrevesse ao estilo de Saramago ou ao seu próprio estilo, sem preocupações acrescidas (acrescidas??) de pontuação e construção ou estruturação frásica num exame de português? Reprovaria (e bem). Então e isto dos estilos vale para uns e não para outros ? Enfim, creio não valer a pena tecer mais considerações sobre este aspecto. Não obstante, penso que o dr Saramago deveria ter a suprema preocupação de escrever correctamente; existem regras, não estilos. Fica apenas este menção de quem se ocupou, por instantes, da leitura de Caim do dr Saramago.

sábado, 3 de outubro de 2009

Novo site sobre S. Josemaria

O novo site dedicado ao fundador do Opus Dei permite conhecer melhor a sua vida e a sua mensagem de procurar Cristo nas actividades da vida quotidiana. Estão disponíveis 8 diferentes idiomas.O conteúdo do site josemariaescriva.info estrutura-se em seis secções principais: a vida e ensinamentos de S. Josemaría, testemunhos, iniciativas educativas e sociais nascidas sob o seu impulso e inspiradas pela sua pregação, documentação, multimédia e notícias de actualidade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

2 de Outubro de 2009

Há 81 anos que foi fundado o Opus Dei.
Em 1928, S. Josemaria Escrivá fundou o Opus Dei. Descrevia, do seguinte modo, aquilo que aconteceu naquele 2 de Outubro: “Recebi a iluminação sobre toda a Obra, enquanto lia aqueles papéis. Comovido, ajoelhei-me – estava sozinho no meu quarto, entre prática e prática – dei graças ao Senhor”.

domingo, 19 de julho de 2009

José Rafael Espírito Santo - Entrevista ao I em 13 de Junho de 2009

Foi uma conversa longa, entre duas pessoas que não se viam há 16 anos. Nessa altura, José Rafael Espírito Santo, o líder do Opus Dei em Portugal, era capelão de um colégio em Lisboa. O padre Espírito Santo era tido como uma figura "porreira" entre os alunos, todos rapazes - acessível, longe das personagens mais sombrias e disciplinadoras, bom de bola (tinha um pé direito temível). Ainda hoje o vigário regional do Opus Dei - a designação do cargo que ocupa na instituição católica ultraconservadora, que em Portugal conta com 1500 pessoas - é de uma simpatia desarmante. O contraste com a rigidez milimétrica da sua doutrina não podia por isso ser maior. A consciência do efeito dessa rigidez, a espaços, é revelada. "Veja lá, não faça aí um artigo em que me crucifiquem no dia seguinte", brinca. No final da entrevista passo a ser de novo um antigo aluno e a pergunta surge: "Então como vai essa vida?" Vai distante da Igreja, respondo. "Sim, mas sabe, nada disso é irreversível?" No Opus Dei, quando o assunto é Deus, está-se sempre a trabalhar.

Qual é a necessidade de ter um Opus Dei havendo a instituição Igreja?
O Opus Dei surgiu por iniciativa de Deus. A própria Igreja reconhece que há uma iniciativa de Deus que inspira o seu fundador, São José Maria. Quando vê este fenómeno que surge fazendo parte do seu depósito, a Igreja reconhece que é um elemento da sua missão para difundir a santidade nas circunstâncias correntes da vida.

Quando se entra no Opus Dei a relação é para a vida?
A pessoa que entra para o Opus Dei, Deus chama-a para que viva isto. Por ser vocação, a pessoa vê que a razão de ser da sua existência é esta.

É uma relação de amor com Deus?
Exacto, de amor com Deus.

Mas é possível sair do Opus Dei?
Sem dúvida. Aqui não está ninguém que não queira.

Há um paralelismo com o divórcio. Porque é que alguém que encara essa relação com Deus como um compromisso para a vida pode sair, mas a Igreja não aceita que duas pessoas casadas possam sair de um casamento?
Mas aí a questão é a seguinte: a relação de cada um com Deus é algo que tem um âmbito que permanece entre Deus e a pessoa. Quando alguém que se comprometeu a viver de uma determinada maneira com Deus quer mudar esse compromisso é entre ela e Deus, mas não há consequências para terceiros. Quando é o casamento entre um homem e uma mulher é um compromisso que os dois assumem - e que é também assumido por Deus. É um compromisso a três, entenda-se. As pessoas quando assumem esse vínculo querem que esteja para além das suas possibilidades. E como é uma relação com outras pessoas, mesmo com o comum acordo? quer dizer? isto a questão do divórcio tem muito que se lhe diga.

Como?
Quando as pessoas casam para sempre, a partir daí toda a sua vida, o modo como enfrentam as dificuldades que são normais no seu relacionamento é totalmente diferente de quando se casam "a ver se dá". E portanto é o casamento para toda a vida que permite que vá depois amadurecendo o verdadeiro amor.

Mas e se for um engano? Pode haver, certo? E se for pior, um comportamento extremo, por exemplo, de violência?
Por um lado, as pessoas têm que casar conscientes, saber bem o que estão a fazer. O problema é que as pessoas encaram a felicidade como sendo "para mim". O amor é possessivo. Tu para mim. Não é eu dou-me a ti - isso é que é o verdadeiro amor. Mas em situações muito difíceis está prevista a separação, não a dissolução do vínculo.

Mas isso significa que, teoricamente, quem se separa não pode reiniciar a sua vida com outras pessoas?
Teoricamente e na prática, se a pessoa quer viver bem a sua relação com Deus.
Como se pode aconselhar pessoas sobre uma vida a dois quando nunca se teve essa experiência?
Bom, eu tive uma experiência de vida a cinco: com os meus pais e os meus irmãos.

Sim, mas enquanto filho, não ao lado de alguém?
Está bem, mas aí uma pessoa aprende o que é o relacionamento entre as pessoas, o que significa perdoar, compreender, ajudar--se. E depois basta ter o conhecimento do que é o coração humano.

Viveu numa família feliz?
Eu? Graças a Deus sim. Ainda agora tivemos a comemoração dos 60 anos do casamento dos meus pais. Com dificuldades, claro, tivemos momentos muito difíceis.

Agora que está sobre a mesa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o Opus Dei vai adoptar algum combate para defender a sua posição?
O Opus Dei faz parte da Igreja e é um dos instrumentos pelos quais a Igreja leva a cabo a sua missão. Portanto não há uma posição que seja diferente - o que se faz é seguir o que dizem os bispos. Não há propriamente uma tomada de posição. O que se ensina é a doutrina da Igreja para que os cristãos, que são membros de uma sociedade, saibam depois defender os seus pontos de vista e ir ao encontro da boa vontade que está nas outras pessoas. Para que se abram à verdade no que diz respeito ao amor humano, por exemplo, nesse caso.

Porque é que duas pessoas do mesmo sexo não podem casar civilmente?
O que é o casamento? Temos que começar a ver isso - o que significa o casamento como instituição natural - e é a partir daí que têm de se tirar as conclusões. Não podemos identificar o direito com a moral, o direito não pode obrigar as pessoas a serem boas. Mas tem de regular as relações entre as pessoas na sociedade para defender o bem comum. Portanto, não se identificando com a moral, tem também de mostrar uma orientação do ponto de vista dos valores. É uma questão que tem de ser debatida na sociedade sem ir atrás de slogans muitas vezes superficiais, indo ao fundo da questão, sem ter preconceitos.

Parece irónico falar assim de preconceito... não é a Igreja que tem preconceitos nesta questão?
Não, é precisamente o contrário. Para olhar para esta questão de modo objectivo há que não ter preconceitos. Isso faz com que as pessoas saibam olhar para a pessoa humana, para a natureza, para ver como é o homem no seu ser natural, e não ter preconceitos. Repare: temos de ter essa capacidade de estar ao lado de quem tem problemas, e ajudar.

Estamos então a falar de um problema pessoal?
É uma situação com que a pessoa tem de saber lidar, tem de saber resolvê-la. E eu procurarei dar a ajuda que acho que é a melhor para essa pessoa.

Em Portugal, país em que a Constituição define um Estado laico, esta questão antes de ser religiosa não é de igualdade de direitos civis?
É uma questão de perspectiva da pessoa humana. Igualar direitos civis, tudo bem, mas o que significa essa igualdade? Estar a tratar de maneira igualitária situações que são diferentes é uma injustiça.

Que papel têm as mulheres no Opus Dei?
As mulheres têm o mesmo papel que os homens e têm mais um, que faz com que ainda sejam mais importantes no Opus Dei - é exactamente por serem mulheres que têm essa capacidade de cuidarem da casa. Toda a mulher tem uma vocação para mãe e dona de casa, mesmo que não seja mãe na prática. Têm uma sensibilidade especial para isso.

Mas um homem não pode fazer isso?
Bom, é uma constatação de facto. Isto a favor das mulheres, porque elas têm uma sensibilidade e uma capacidade de atenção ao pormenor que muitas vezes escapa ao homem. Evidentemente, repare, as mulheres não estão para servir os homens. Cuidam dos centros do Opus Dei dos homens e das mulheres. Aí é um ponto de honra, porque é viver o verdadeiro feminismo, com uma consciência do que significa a dignidade de ser mulher. E os homens não deixam nada por fazer que eles não possam fazer.

Por exemplo?
A cama. Deixar a roupa tratada, as coisas arrumadas, por exemplo.

O foco tão grande na castidade não põe a mulher sempre num papel negativo, de fonte de tentação?
Se olha só para essa perspectiva, sim, mas não estou a ver onde se focam as coisas nessa perspectiva. O que acontece é que na sociedade há um serviço da mulher como objecto e isso provoca depois um certo ambiente carregado de sensualidade. Isso é degradar a mulher.

A sensualidade é uma coisa má?
A sensualidade como uma desordem, algo que não leva a viver o amor com autenticidade, é uma coisa má. Mas a sexualidade é uma coisa boa, extraordinária, que permite viver o amor entre um homem e uma mulher, de realização pessoal. Não há nenhuma visão negativa da sexualidade, antes pelo contrário: é uma coisa santa. Como qualquer coisa santa é preciso respeitá-la.

O uso de métodos contraceptivos desrespeita essa santidade?
Aí não podemos esquecer que temos de olhar para Deus, para a vocação a que Deus nos chama ao amor à santidade. A entrega que se vive na relação sexual entre um marido e uma mulher é total, sem condições. O marido aceita uma mulher com uma capacidade de ser mãe e a mulher aceita o marido com a capacidade de ser pai. Isso é um elemento essencial para que aquele relacionamento seja expressão de amor autêntico.

Fala só de sexualidade dentro do casamento, mas na vida a sexualidade não é construída nesses termos. Quando o ouço falar - ou a Igreja -, vejo sempre que há uma diferença grande entre o que consideram ideal e a realidade. No caso em que há riscos para a saúde, a posição da Igreja contra o preservativo - como defendido pelo Papa na viagem recente a África -, não é irresponsável?
Leu as declarações do Papa? O que o Papa disse é que o modo de combater a sida é com uma mudança comportamental e que não se resolveria esse problema só com a distribuição de preservativos - isso só agravaria o problema. É uma constatação de facto; basta ver em África onde houve melhor resultado contra a sida - no Uganda, o país que implementou uma política "ABC": "abstinence", "be faithful" e "condom". Em primeiro lugar, a abstinência e a fidelidade, e depois em terceiro lugar o preservativo. E onde teve piores? Onde se recorreu à distribuição de preservativos em massa - a África do Sul. As pessoas muitas vezes distorcem o que diz o Papa?
Mas então não exclui o preservativo como instrumento de combate à sida?
Eu não estou a dizer que ali [Uganda] haja uma política que esteja completamente de acordo com a doutrina da Igreja. Faço apenas uma constatação de facto. A Igreja tem de mostrar que o ideal é possível e que vale a pena. Temos de ajudar as pessoas a conseguir esse ideal. Depois, que cada um faça o que entender, mas não faça mal a essas pessoas.

Há felicidade sem sofrimento?
É complexo. A felicidade não é um direito: é um dever. Nós estamos feitos para a felicidade, qualquer pessoa nota essa sede de felicidade no seu coração. Agora se a felicidade necessita da dor? Tenho a impressão que, vendo a vida, não é possível uma felicidade sem sofrimento. Mais: a ausência de sofrimento impossibilitaria a felicidade. A dor tem um sentido positivo.

Mas porquê? O sofrimento e a dor impelem à mudança?
Sim. Não é possível suprimir a dor do sofrimento. É uma constatação de facto - do ponto de vista pessoal e de sociedade. E por isso é que aquilo que nos dá verdadeira felicidade não é esse esforço para suprimir a dor, mas encontrar-lhe um sentido. É o que faz com que as pessoas encontrem a esperança e a alegria de viver. Uma sociedade que não saiba conviver com a dor e com quem sofre é cruel e desumana. Se eu não sou capaz de sofrer, não sou capaz de estar ao lado de quem sofre. Qual é a solução? Suprimir a pessoa que sofre. Tudo isto parece difícil de resolver, mas a resposta vem de Deus - não pode padecer, mas pode compadecer-se. Quando olhamos para Cristo na cruz, entra em todo o sofrimento humano essa compaixão. Já ninguém está só. Há a consolação.

Está a usar o cilício neste momento?
Não.

O sofrimento passa necessariamente por infligir dor física?
O valor do sofrimento está no amor, não na dor. Por isso, o caminho não é aumentar o nível da dor, mas o nível do amor. Jejuns, abstinência, esmola, penitência corporal (cilício incluído), é óbvio que pertencem ao património da Igreja. A Irmã Lúcia, o Santo Condestável, os pastorinhos praticaram todas essas formas. Não por masoquismo, mas como manifestação de amor. Cada um tem de encontrar o seu caminho, que não tem de passar necessariamente por aí. O dia-a-dia já tem suficientes canseiras e surpresas.

Esta crise financeira mostra desresponsabilização e falta de ética?
Sim. A crise que está a passar mostra o que acontece quando se põem de lado uma série de princípios éticos, quando se põe como finalidade da actividade económica meramente o lucro, que leva depois à especulação e a correr determinados processos nos quais se recorre à mentira. Esperemos que se consigam tirar ilações.

Falando de ética, como assistiu aos problemas no BCP, um banco privado associado ao Opus Dei?
Primeiro ponto: é correcta a associação?

O BCP não é um banco controlado pelo Opus Dei?
Não, quando muito era... [risos] Conhecendo bem o que é o Opus Dei e qual é a função vê-se que não fazia sentido essa associação. O Opus Dei dá formação, através de uma série de actividades ajuda a que as pessoas tenham a consciência do que significa viver a sua fé no trabalho e depois actuem livremente na família, na sociedade, na sua profissão. Ninguém em nome do Opus Dei toleraria qualquer intromissão naquilo que é o âmbito da sua liberdade de actuação. Há uns anos, numa reportagem feita sobre o Opus Dei na televisão, entrevistava-se um taxista que é do Opus Dei. Ele dizia "o táxi é meu, não é do Opus Dei, sou eu que o administro".

Ainda assim as figuras que controlavam o BCP [Jardim Gonçalves, Líbano Monteiro, mais tarde Paulo Teixeira Pinto] eram um referencial muito forte entre o Opus Dei e o que era o maior banco privado de Portugal. Ficou desiludido com o que aconteceu?
Seja com quem for, se uma pessoa que tem boa vontade tem um revés na sua vida, isso é uma coisa de que tenho pena. Se o Carlos Queiroz não levar a selecção nacional ao mundial tenho pena - é uma pessoa bem-intencionada.

Mas o Carlos Queiroz é do Opus Dei?
Não, não [risos]. Seja quem for, seja ou não do Opus Dei, as pessoas fazem o melhor que podem, mas aquilo corre mal. Agora com a crise há muita gente do Opus Dei que conta até ao último cêntimo e que se calhar passa fome. A maioria das pessoas do Opus Dei é de classe média, que vive remediada.

Isso que diz choca com a imagem de associação ao dinheiro que o Opus Dei tem?
Mas não é. Isso é uma visão superficial. Evidentemente há certas pessoas que chamam a atenção, mas não se repara nas outras, que não chamam a atenção e que são a maioria. São pessoas normais. Em Portugal podemos dizer que do ponto de vista sociológico corresponde à distribuição média da sociedade.

Ajuda essas pessoas em dificuldades?
Não, o Opus Dei não actua em grupo, muito menos procurando ajudar-nos uns aos outros. Procura-se ajudar as pessoas para que saibam enfrentar com esperança as dificuldades, que depois procurem soluções entre elas. Não faria sentido ajudar só porque são do Opus Dei. É ajudar os que estão na mesma situação.

De volta ao BCP. Consta que depois do Opus Dei é a Maçonaria que está agora a tomar conta do BCP?
O que sei é através dos jornais, não há nenhuma informação fora disso?

Não tem canais privilegiados de informação?
Não, o que sei pelos jornais é que havia um senhor que era presidente do banco que era do Opus Dei. E que depois deixou o banco - mais não sei.

Como se financia o Opus Dei?
O financiamento vem daquilo que as pessoas livremente dão de acordo com as suas capacidades. Todas as pessoas vivem do seu trabalho e dão dentro das suas possibilidades. As iniciativas que temos com uma finalidade apostólica são sempre deficitárias. E contam com a generosidade de cada um.

De quanto precisam para um ano?
Não faço a mínima ideia e é muito difícil saber.

Não há um orçamento?
Não, isto funciona tudo de maneira informal e descentralizada.

Tinham dinheiro no BPN ou no BPP?
O Opus Dei não tem dinheiro.

Não tem dinheiro?
O Opus Dei como instituição não tem dinheiro. As pessoas vivem do seu trabalho, as diversas iniciativas apostólicas têm uma estrutura dentro da sociedade civil, auto-sustentam-se.

As casas, como esta, são doações?
Sim, das pessoas. Podem constituir uma sociedade ou algo assim, mas isso depende. Funciona de modo muito autónomo.

Qual foi o último livro que leu?
Estou a ler "A Mulher Certa", de um autor húngaro, Sándor Márai. É a análise de um divórcio. Fala a mulher, depois fala o marido e depois aquela com quem o marido voltou a casar. E é ver como a vida de todos ficou completamente destroçada. Mas sou um fã de Dostoievsky.

E de Saramago?
Saramago? Francamente, eu uma vez comecei a ler um livro de Saramago e desisti à segunda página.

Qual?
"O Memorial do Convento". Ali há uma intenção desde a primeira página de transmitir determinados conceitos. Vê- -se como é uma distorção da realidade.

Desencorajam a leitura de livros que ponham em causa a fé católica?
Qualquer pessoa que lê um livro convém que antes se informe. Procura-se aconselhar as pessoas que se informem e vejam se precisam de ler um livro que possa pôr em causa as suas convicções. A fé não é uma questão de inteligência. Há pessoas muito inteligentes que não têm fé e outras menos que têm.

É como a bondade. Há muitas boas pessoas que não são religiosas....
Sim, mas se acreditassem em Deus seriam muito melhores.


por Bruno Faria Lopes, Publicado em 13 de Junho de 2009 no Jornal I

domingo, 12 de julho de 2009

"Com cadáveres não vou a lado nenhum"
São Josemaría

terça-feira, 7 de julho de 2009

Desligar o telemóvel antes de entrar na Igreja ? Não se atreva!

Não passa Domingo sem que, durante a celebração da eucaristia, ouça o som de um ou mais telemóveis.
A princípio, confesso, irritava-me.

Mas depois, vendo bem as coisas, penso que é a atitude certa.

Senão vejamos:

Deus pode sempre querer-nos falar. E que meio usa ? O telemóvel.
Tenho certeza que 95% das chamadas ocorridas na missa são provenientes do céu.
Por outro lado, quebra a melancolia da missa. Aborrecidas, as missas podem e devem ser quebradas pelo grunhido de um telemóvel. Fica sempre bem e alivia o stress dos paroquianos.
Ainda como factor decisivo na minha mudança de opinião é a sensação nítida de que é terapêutico. E é terapêutico por duas ordens de razão; a primeira porque a pessoa que recebe a chamada mostra-se solicitada perante os demais o que, de per si, lhe aumenta o ego, quiçá sofrido; por outro, pode revelar o seu bom gosto musical o que, de forma natural, partilha gostosamente com a comunidade.
Mas nem tudo são rosas. É que ainda existem pessoas com aqueles toques polifónicos fora de moda... mas boa parte já nos brinda com um bom "toque real". A esses, a minha ovação.
E agora, para os que parecem mais adormecidos, aqui vai uma dica... se o sacerdote se demorar na homilia, não hesitem: metam um polifónico ou um real. O sacerdote perceberá imediatamente que chegou a hora de findar aquela.
Por último, um pedido: se alguma vez verificarem, ao entrar na igreja, um placard igual ou semelhante àquele que anexo, ignorem-no. Façam-no com convicção ! Afinal,
"Eles não sabem o que fazem".

sábado, 23 de maio de 2009

São Nuno e o Vaticano II, por Padre Gonçalo Portocarrero

Jornal W, 17 Mai. 2009
Bento XVI, na solene canonização do Condestável, exaltou, segundo Massimo Introvigne, «a figura do cavaleiro cristão empenhado na militia Christi, ou seja, no testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo». Já na pastoral colectiva do episcopado português, de 1960, se reconhecia que «Nuno Álvares foi sempre igual a si mesmo: cavaleiro invencível na guerra, cristão exemplar no cumprimento das virtudes» e, por isso, «a emissão dos votos canónicos foi apenas consagração de uma vida já de há muito profundamente cristã».
Em termos semelhantes, o nosso Patriarca, no encerramento do processo diocesano, sublinhava: «Em D. Nuno Álvares Pereira foi impressionante esta síntese harmónica da vivência da sua fé e o desempenho das altas funções que a Nação lhe atribuiu». Se este foi o entendimento do Santo Padre e dos nossos Bispos, outro foi o parecer dos fiéis que manifestaram algum desconforto pela canonização de um guerreiro. Para estes, a glorificação do Condestável seria suportável só porque esse seu passado mais não seria do que uma etapa prévia à sua conversão, sobre a qual viria agora a incidir a bênção da canonização. Entendem portanto que só o monge foi elevado aos altares, permanecendo apeado o leigo cristão, o militar valeroso, o dadivoso milionário, o filho obediente, o marido fiel, o casto viúvo, o pai exemplar, o leal conselheiro do rei, o humilde conde e o invencível condestável.
Se a nobilitação de Camilo Castelo Branco inspirou uma divertida caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, em que o novo titular expulsava o genial escritor, dir-se-ia que a canonização de São Nuno deu azo a serôdios episódios de ultramontano clericalismo, na voz dos que insistem em ignorar a vida santa do santo leigo e teimosamente pretendem ainda, ao arrepio dos ensinamentos conciliares, que a santidade é um privilégio exclusivo da casta sacerdotal e da vida religiosa em geral.
Assim sendo, perdoa-se ao Santo Condestável o seu passado laical, em nome da consagração religiosa que coroou a sua vivência cristã, ignorando-se que a sua identificação com Cristo não ocorre apenas, nem principalmente, no último episódio da sua vida, mas é a realidade que vivifica toda a sua anterior existência, profunda e essencialmente secular. São Nuno não foi santo apesar do seu estado laical e da sua vida profissional, mas, pelo contrário, santificou-se em e através do fiel cumprimento dos seus deveres de estado, como filho, esposo e pai de uma família cristã, como competentíssimo profissional da guerra e como fidelíssimo cidadão. A sua tardia profissão religiosa não é a mais significativa expressão da sua santidade, mas apenas o seu último episódio. São Nuno, como afirmou D. José Policarpo na acção de graças pela sua canonização, «continua a dizer-nos que é possível viver com fé todas as realidades humanas, sociais, políticas, militares, familiares, religiosas; continua a dizer-nos que é possível ser santo em todas elas, que se pode viver toda a vida com Deus, que nos vai sugerindo, em cada momento e em cada circunstância, a maneira de acreditar e de amar».
Desculpem-me este meu anticlericalismo, à conta não só do que o Concílio Vaticano II ensina, mas também da multissecular tradição da Igreja, que atribuiu, desde tempos imemoriais, o título de santíssima a uma única criatura: Maria, a filha de Joaquim e de Ana, a esposa de José e mãe de Jesus, que nunca professou na vida religiosa e se santificou através dos seus deveres familiares, religiosos, sociais e profissionais. Não estranha, pois, que tenha sido esta santíssima mulher o exemplo de santa virtude que iluminou toda a vida santa de São Nuno de Santa Maria.

domingo, 10 de maio de 2009

José de Arimateia e Nicodemos visitam Jesus ocultamente, em tempo normal e na hora do triunfo.
Mas são valentes declarando, perante a autoridade, o seu amor a Cristo - "audacter" - com audácia, na hora da cobardia.

- Aprende


Caminho, 841

Carta do Prelado (Maio 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!Este mês de Maio decorre inteiramente dentro do Tempo Pascal. A alegria da Ressur­reição de Jesus Cristo enche a vida da Igreja, na Terra e no Céu. É esse gaudium cum pace que todas e todos nós já experimentamos.Como é natural, nestas semanas contemplamos Nossa Senhora, Mãe de Jesus e Mãe nossa, elevada ao Céu em corpo e alma, e vemo-lana alegria e na glória da Ressurreição. As lágrimas derramadas ao pé da Cruz transformaram-se num sorriso que nada mais apagará, embora permaneça intacta a sua compaixão materna por nós. Atesta-o a intervenção da Virgem Maria em nosso socorro ao longo da história e não cessa de suscitar por Ela, no povo de Deus, uma confiança inabalável: a oração Memorare (“Lembrai-Vos”) exprime muito bem este sentimento. Maria ama cada um dos seus filhos, concentrando a sua atenção de modo particular naqueles que, como o seu Filho na hora da Paixão, se acham mergulhados no sofrimento. Ama-os, simplesmente porque são seus filhos, por vontade de Cristo na Cruz [1].Meditemos nestas palavras do Papa para aprofundarmos sobre as razões da nossa devoção a Nossa Senhora e dar-lhe um novo esplendor. As razões são claras: Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe. Por isso, é necessário cultivar uma ardente e terna devoção mariana, solidamente fundamentada na Revelação divina exposta pelo Magistério da Igreja. O queridíssimo D. Álvaro recordava-o numa carta que escreveu em 1987. Dizia-nos ele, considerando que a missão maternal de Maria corresponde a um desígnio de Deus bem determinado: «é um facto inegável que naqueles lugares em que a Igreja se estabelece, pela graça de Cristo e pela correspondência tenaz e sacrificada dos evangelizadores, a Mãe da Igreja está presente (…). Como consequência, nasce e desenvolve-se a gratidão a Santa Maria, e assim surge a fecunda planta da devoção mariana. Os templos e santuários que, como estela luminosa, povoam a geografia dos países em que a fé se enraíza, são dela um claro testemunho que dá à existência dos cristãos uma dimensão de família que só a Santíssima Virgem é capaz de suscitar» [2].Grande verdade é esta! Os cristãos formamos uma família - a Santa Igreja - na qual Jesus Cristo é o primogénito entre muitos irmãos [3], e onde não falta a presença da Mãe, Maria Santíssima. Jesus indica-nos o caminho que é preciso percorrer para chegarmos à santidade, à plena identificação com Ele. E a Virgem Maria anima-nos, ao longo desta peregrinação, a alcançar a meta: a vida eterna com Deus e com todos os anjos e santos.A arte cristã mostra-o de forma gráfica quando oferece a imagem de Maria com o Menino nos braços à nossa veneração. Com a sua atitude, com o seu olhar, a nossa Mãe parece sugerir-nos: “olha para o meu Filho, o teu Irmão mais velho e segue, em tudo, o Seu exemplo; anda por onde Ele andou; fomenta no teu coração as ânsias Redentoras do Seu Coração; compadece-te dos teus irmãos e irmãs, como Ele se compadeceu de todos”.Nos próximos dias, milhares e milhares de pessoas irão em peregrinação aos mais variados lugares onde se venera a Santíssima Virgem, com o desejo de encontrar Jesus de novo, de se parecerem mais com Ele, seguindo o convite de S. Josemaria às suas filhas e filhos no Opus Dei, e a muitas outras pessoas. A Romaria de Maio aparece-nos já como uma alegre realidade em todas as latitudes, que vivemos sem ruído, seguindo os passos do nosso Fundador na sua primeira Romaria, em 1935. Respeito e amo essas outras manifestações públicas de piedade, mas pessoalmente prefiro tentar oferecer a Maria o mesmo afecto e o mesmo entusiasmo através de visitas pessoais ou em pequenos grupos, com sabor de intimidade [4].Muitas vezes, pomos como meta dessa peregrinação um lugar próximo da nossa casa, talvez na cidade onde vivemos ou nos arredores. Noutros casos - penso, por exemplo, nos doentes e em pessoas com outras dificuldades -, nem sequer será possível sair de casa, e, contudo, também estes podem realizar a Romaria de Maio a Nossa Senhora. Porque o importante não é a deslocação física de um sítio para outro, mas a viagem interior da alma, que nos leva a colocar-nos mais perto de Maria e, portanto, mais perto de Jesus.O Papa João Paulo II salientava que, nos locais marianos espalhados pelo mundo, se nota uma especial presença da Mãe. Sabemos que esses lugares são incontáveis e de uma enorme variedade: desde os oratórios em casas particulares e em nichos de ruas, em que a imagem da Mãe de Deus aparece luminosa, às capelas e igrejas construídas em sua honra. Todavia, saltam à vista os sítios em que os homens sentem especialmente viva a presença da nossa Mãe: os santuários marianos. «Em todos estes lugares se realiza de maneira admirável aquele testamento singular do Senhor Crucificado: aí, o homem sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com a própria Mãe. Abre-lhe o seu coração e fala-lhe de tudo: “recebe-a em sua casa”, dentro de todos os seus problemas» [5].Os fiéis recorrem a Maria naqueles lugares com o desejo de encontrarem o fortalecimento «da fé e os meios de a alimentar. Procuram os sacramentos da Igreja, sobretudo a reconciliação com Deus e o alimento eucarístico. E voltam revigorados e agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe» [6].Todos guardamos como um tesouro esta experiência. Quem não experimenta uma maior proximidade de Deus depois de ter visitado Nossa Senhora com o espírito de oração e de penitência que o nosso Padre nos ensinou? Quem não tocou já a eficácia deste recurso a Maria: para reavivar a fé de alguém que precisava, para o ajudar a estar mais perto de Deus, para abrir horizontes mais amplos a quem resistia a aceitar o chamamento do Senhor a uma entrega generosa? Jesus Cristo quer que a Sua graça nos chegue por meio de Maria. Por isso, não é indiferente deixar de ir aos santuários que o amor dos seus filhos lhe levantou. Não é indiferente passar diante de uma imagem sua sem lhe dirigir uma afectuosa saudação. Não é indiferente que deixemos passar o tempo, sem lhe cantarmos essa amorosa serenata do Santo Rosário, canção de fé, epitalâmio da alma que, por meio de Maria, encontra Jesus [7]. Comecemos já a perguntar-nos: em que posso melhorar ao olhar para as imagens da nossa Mãe? Como saborear cada Avé-Maria, a Salvé-Rainha, o Regina Coeli? A quem me proponho falar do amor de Maria e a Maria?Estas e outras devoções marianas podem dar relevo e cor ao mês de Maio. O essencial é aproximar-se cada vez mais de Jesus Cristo pela senda que a Sua Santíssima Mãe nos mostra. Cada encontro com Nossa Senhora é um convite a olhar para Cristo. Como dizia Bento XVI num santuário mariano: para o homem em busca, este convite transforma-se sempre de novo num pedido espontâneo, um pedido que se dirige em particular a Maria, que nos deu Cristo como seu Filho: “Mostra-nos Jesus!”. Assim rezamos hoje com todo o coração. E assim rezamos também, para além deste momento, interiormente, em busca do Rosto do Redentor. “Mostra-nos Jesus!”. Maria responde, apresentando-O diante de nós, antes de mais, como Menino. Deus fez-se pequenino para nós [8].Detenhamo-nos mais uma vez nas frases que S. Josemaria escreveu, pelos anos 30 do século passado, que ajudaram milhares de pessoas a meter-se por caminhos de contem­plação na vida corrente: se tens desejos de ser grande, faz-te pequeno (…). O princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima.- Queres amar a Virgem? - Pois então conversa com Ela! - Como? - Rezando bem o Rosário de Nossa Senhora [9].A meditação atenta, interiorizada, e o rezar dos mistérios do Terço fazem desfilar diante dos nossos olhos os momentos centrais da vida de Jesus e de Maria. Assim se torna mais fácil avançar pelo caminho que conduz ao Céu, rectificando o rumo, se necessário, mostrando aos que nos acompanham o atalho seguro que termina na felicidade eterna. Ao admirar estas cenas, compreendemos «que, a partir do “fiat” da humilde Serva do Senhor, a humanidade inicia o retorno a Deus e que, na glória da Toda Santa, vê a meta da sua caminhada» [10].Podemos ainda cuidar outros detalhes de afecto à Virgem Maria. Detenho-me de novo num hábito próprio de gente apaixonada, e que S. Josemaria difundiu por todo o lado: cumprimentar afectuosamente as imagens de Nossa Senhora que vemos em cada dia - numa rua ou praça, no interior de uma igreja, numa divisão da nossa casa… - fazendo acom­panhar esse olhar de alguma jaculatória, como expressão bem pessoal do nosso amor filial. O nosso Padre fazia isso e esforçava-se particularmente por saudar as imagens de Nossa Senhora dos sítios onde trabalhava ou vivia. Eram demonstrações do seu carinho filial em que reflectia o que lhe ia na alma: olhares dolorosos, agradecidos ou suplicantes - conforme as circunstâncias - mas sempre expressões de amor verdadeiro.Aconselhava também a usar na carteira ou no bolso uma imagem da Virgem Maria - como se usam fotografias das pessoas queridas - para a ter sempre muito presente e lhe dirigir expressões carinhosas. Sentia a alegria de ter contribuído para semear o mundo de representações marianas. No Opus Dei, dizia, mostrámos sempre o nosso amor a Nossa Senhora espalhando milhões de imagens suas por todo o mundo, promovendo práticas de piedade mariana em todos os Continentes: na Europa, na Ásia, na África, na América e na Oceânia: encaminhando por aí a juventude, com liberdade. Sem liberdade, não.Mas tudo isto é natural: como não havemos de amar a Mãe de Deus, que é nossa Mãe? Se precisamos dela, ainda por cima! Eu preciso dela. Tal como um miúdo pequeno, quando tem medo do escuro da noite, grita “Mamã!”, assim tenho eu que clamar muitas vezes com o coração, sem ruído de palavras: “Mãe, mamã, não me abandones!”A vida interior é assim: naturalidade, simplicidade. Eu não sei viver de outra maneira: tenho que viver como homem. E diante de Deus, que é eterno, sou uma pequena criatura que nada vale [11].Há umas palavras de um Salmo que a Liturgia aplica à Santíssima Virgem. O Salmista, vislumbrando de longe este vínculo materno que une a Mãe de Cristo e o povo crente, profetiza a respeito da Virgem Maria: “Os grandes do povo procurarão o teu sorriso” (Sl 44, 13). E assim, solicitados pela Palavra inspirada da Escritura, sempre os cristãos procuraram o sorriso de Nossa Senhora, aquele sorriso que os artistas, na Idade Média, tão prodigiosamente souberam representar e engrandecer. Este sorriso de Maria é para todos: no entanto, dirige-se de modo especial para os que sofrem, a fim de que nele possam encontrar conforto e alívio. Procurar o sorriso de Maria não é uma questão de sentimentalismo devoto ou antiquado, é antes a justa expressão da relação viva e profundamente humana que nos liga Àquela que Cristo nos deu por Mãe [12].Confiemos a Nossa Senhora todas as pessoas que sofrem, na alma ou no corpo: os doentes, os que se sentem abandonados, os que foram afectados por calamidades naturais, os que sofrem perseguição e violências de todo o tipo… Ninguém deve ficar fora da nossa oração.Rezemos especialmente - recordo-vo-lo todos os meses, porque é uma necessidade sempre actual - pela Pessoa e pelas intenções do Papa. Agora, pelos frutos da sua viagem à Terra Santa, de 8 a 15 deste mês. Rezai também pelos fiéis da Prelatura que vão receber a ordenação sacerdotal no dia 23, véspera da solenidade da Ascensão, que se celebra, em muitos países, no Domingo, dia 24. Peçamos ao Espírito Santo, por ocasião da próxima festa de Pentecostes, no último dia de Maio, que derrame copiosamente os seus dons sobre a Igreja e sobre o mundo, e que disponha os corações de todos para os receber.Regressei há dias de uma viagem ao Japão e a Taiwan, onde mais uma vez compro­vei como o espírito do Opus Dei se enraíza em pessoas de todas as raças e culturas. Nos dois países, para além de me saber acompanhado por todas e por todos, e de rezar convosco, filhas e filhos, tive duas alegrias muito especiais, entre muitas outras. Em Nagasaki, a visita a Oura, ao santuário onde se veneram os mártires daquela terra e se mantém viva a lembrança amorosa dos que conservaram a fé, apesar da dura perseguição. Em Taipé, pude assistir à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento com o templo cheio de fiéis: tínhamos entrado na igreja onde estava uma imagem da Virgem peregrina e encontrámo-nos com esse acto eucarístico. Num e noutro lugar surgia naturalmente a ideia de que temos de levar Jesus, com Maria, até ao último recanto do mundo. Dai comigo graças à Santíssima Trindade, fonte de todos os bens, e à nossa Mãe, a Virgem Maria: pela sua mediação, recebemos todas as graças. E também a S. Josemaria - no dia 17 é o aniversário da sua beatificação -, por ter sido instrumento fidelíssimo do Senhor para realizar tão abundante sementeira de santidade, de doutrina e de caridade em toda a Terra.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier

Igreja celebra Semana da Vida

A Igreja Católica em Portugal celebra, de 10 a 17 de Maio, a Semana da Vida, este ano subordinada ao tema “Vida com Valores formação na Família”. Esta iniciativa vem na sequência do apelo lançado em 1991 pelo Papa João Paulo II, na Encíclica “O Evangelho da Vida”, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.
A Semana da Vida vem focando, cada ano, aspectos a que a actualidade confere especial premência. Após o Referendo de Fevereiro de 2007, que abriu a porta à legalização da prática do aborto, a Igreja, não se eximindo ao dever de ajudar a descobrir as causas de tão grande vazio ético na sociedade portuguesa, propôs-se enfrentar com realismo as que mais directamente lhe digam respeito, designadamente, a preocupante fragilidade do processo evangelizador.
Numa situação de debate de civilização, as Semanas da Vida 2007 e 2008 incidiram sobre a evangelização em ordem à conversão pessoal e à transformação das consciências e das mentalidades.
Dando-lhes continuidade, a Semana da Vida 2009 acolhe a mensagem do mais recente Encontro Internacional das Famílias, sobre “A Família, Formadora nos Valores humanos e cristãos”.
A família, santuário da vida, é também “uma escola de humanidade e de vida cristã para todos os seus membros, com consequências benéficas para as pessoas, para a Igreja e para a sociedade” (Bento XVI, Mensagem ao VI Encontro Mundial das Famílias). Por essa razão, uma evangelização cuidada que responda ao vazio de valores éticos na sociedade não pode esquecer a família como destinatária e como sujeito activo dessa evangelização.
Esta Semana da Vida 2009 será, talvez ainda mais que as anteriores, a afirmação clara de que a defesa da vida está intimamente ligada à defesa da família, hoje tantas vezes desvalorizada, depreciada e mesmo atacada.
Defender e apoiar as famílias a fim de que os seus membros sejam pessoas livres e ricas de valores humanos e evangélicos é o caminho mais directo e eficaz para garantir a dignificação da vida e o melhor serviço que se pode oferecer à sociedade.
Do site Ecclesia

Papa destaca coragem dos cristãos da Terra Santa

Bento XVI presidiu este Domingo a uma Missa no Estádio Internacional de Amã, o maior evento da sua viagem à Jordânia, iniciada no passado dia 8. O Papa deixou uma palavra de encorajamento à comunidade cristã da Terra Santa, que desafiou a “construir novas pontes com pessoas de diferentes religiões e culturas”, e destacou o carisma particular das mulheres na Igreja.
"Quanto deve a Igreja nestas terras ao testemunho de fé e de amor de inúmeras mães cristãs, freiras, educadoras e enfermeiras, de todas aquelas mulheres que, de diferentes maneiras, dedicaram sua vida à construção da paz e à promoção do amor”, indicou, na homilia da celebração.
Diante de 50 mil pessoas oriundas da Jordânia e de comunidades cristãs dos países vizinhos, inclusive do Iraque, o Papa admitiu que esta dignidade e esta missão das mulheres nem sempre foram inteiramente “compreendidas e estimadas”.
Apesar disso, acrescentou, “é com o testemunho público de respeito pelas mulheres que a Igreja na Terra Santa pode dar uma importante contribuição ao desenvolvimento de uma cultura de verdadeira humanidade e à construção da civilização do amor”.
Aos presentes, Bento XVI disse que “a comunidade católica está aqui profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afligem todos os habitantes do Médio Oriente. Nunca se esqueçam da grande dignidade que deriva da sua herança cristã".
O Papa falou da rica diversidade da Igreja Católica na Terra Santa e lembrando a sua visita ao Monte Nebo, disse que rezou para que a Igreja nestas terras “possa ser confirmada na esperança e fortificada no seu testemunho ao Cristo Ressuscitado, o Salvador da humanidade”.
A homilia levou em conta duas celebrações: o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se assinala este Domingo, na Jordânia, e o Ano da Família, celebrado em toda a Terra Santa.
"Possa cada família cristã crescer na fidelidade a esta nobre vocação de ser uma verdadeira escola de oração, onde as crianças aprendem o sincero amor de Deus, onde amadurecem na autodisciplina e na atenção às necessidades dos outros e onde contribuem para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e fraterna", desejou.
Na Terra Santa, concluiu o pontífice, os cristãos devem ter uma coragem "especial", a “coragem da convicção que nasce de uma fé pessoal, não simplesmente de uma convicção social ou de uma tradição familiar”.
O Papa pediu ainda “a coragem para empenhar-se no diálogo e trabalhar lado a lado com os outros cristãos ao serviço do Evangelho e na solidariedade para com o pobre, o desalojado e as vítimas de profundas tragédias humanas”.
Após a Missa e antes da oração do Regina Caeli, Bento XVI falou novamente do carisma profético das mulheres, apresentando como exemplo das virtudes femininas a Virgem Maria: "Invoquemos a sua materna intercessão para todas as famílias destas terras, para que possam ser realmente escolas de oração e escolas de amor”.
Para esta tarde está prevista a visita à localidade de Betânia da transjordânia, local que a tradição identifica como aquele em que Jesus foi baptizado, por João Baptista, para a cerimónia para a bênção das primeiras pedras da Igreja dos$ católicos de rito latino e da Igreja greco-melquita.
Do site Ecclesia

sábado, 11 de abril de 2009

Carta do Prelado (Abril 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

No próximo domingo, com a comemoração da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, começa a Semana Santa, que culminará no Tríduo pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. O Sacrifício do nosso Redentor, que se torna presente cada vez que se celebra a Santa Missa, manifesta-se-nos com esplendor nas solenes celebrações litúrgicas de Quinta e Sexta-feira santas e na Vigília pascal. Preparemo-nos desde já com maior intensidade para esses momentos. Vamos ao encontro da graça que com tanta abundância se nos oferece. Temos de acompanhar o Senhor muito de perto.Encontrando-nos no pórtico da Semana Santa, recordemos que, como S. Josemaria escreve, tudo o que as diversas manifestações de piedade nos trazem à memória nestes dias se encaminha decerto para a Ressurreição, que é o fundamento da nossa fé, como escreve S. Paulo (cfr. 1 Cor 15, 14), mas não percorramos este caminho demasiado depressa. Não deixemos cair no esquecimento uma coisa muito simples, que por vezes parece escapar-se-nos: não poderemos participar da Ressurreição do Senhor se não nos unirmos à Sua Paixão e à Sua Morte (cfr. Rm 8, 17). Para acompanhar Cristo na Sua Glória, no final da Semana Santa, é necessário que penetremos antes no Seu holocausto, e que nos sintamos uma só coisa com Ele, morto no Calvário. Com que exigência, com que fervor te preparaste nestas cinco semanas da Quaresma? Ainda nos restam alguns dias para melhorar, para reparar se for preciso!Os ensinamentos de S. Paulo são muito claros. Convido-vos a meditá-los e a pô-los em prática com esforço renovado. Neste ano dedicado ao Apóstolo das gentes, peçamos a sua intercessão para que, seguindo o seu exemplo, todos nós, os cristãos, nos conven­çamos bem de que, para nos identificarmos com Cristo, como é o nosso maior desejo, não há outro caminho senão o de O acompanharmos pela senda do Calvário. Dizemo-lo todos os dias ao rezar a oração final do Angelus: per passionem eius et crucem, ad ressurrectionis gloriam perducamur. Que, imitando-O na generosa entrega que a Semana Santa nos põe diante dos olhos, sejamos também participantes da glória da Sua Ressurreição.Bento XVI, numa das alocuções do ano paulino, explicava que Saulo, enquanto que, no início fora um perseguidor e recorrera à violência contra os cristãos, a partir do momento da sua conversão no caminho de Damasco passou-se para o lado de Cristo crucificado, fazendo d’Ele a sua razão de vida e o motivo da sua pregação. A sua existência foi inteiramente consumida pelas almas (cfr. 2 Cor 12, 15), nada tranquila nem protegida contra ameaças e dificuldades. No encontro com Jesus, tornou-se-lhe claro o significado central da Cruz: compreendera que Jesus tinha morrido e ressuscitado por todos e por ele mesmo. Ambas as realidades eram importantes: a universalidade – Jesus morreu realmente por todos – e a subjectividade: Ele morreu também por mim. Portanto, na Cruz manifestou-se o amor gratuito e misericordioso de Deus.

Agora que estamos quase a entrar na Semana Santa, detenhamo-nos nestas palavras, porque elas indicam a razão última do Sacrifício de Cristo. Foi o amor que levou Jesus ao Calvário. E, já na Cruz – explica o nosso Padre – todos os Seus gestos e todas as Suas palavras são de amor, de amor sereno e forte. Aprofundemos no facto de a segunda Pessoa da Trindade se ter feito homem sem deixar de ser Deus, para assumir livremente o peso de todos os pecados cometidos e dos que se irão cometer ao longo dos séculos, oferecendo ao Criador, por nós, uma reparação de valor infinito. Porque tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o Seu Filho unigénito, para que todo o que acredita n’Ele não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele.Quantas graças temos que dar a Nosso Senhor pelo amor imenso que nos manifestou e nos continua a manifestar! Que gratidão havemos também de mostrar à Virgem Maria, Sua Mãe, que cooperou com o seu fiat no desígnio redentor! Mas não esqueçamos que amor com amor se paga. O nosso afecto, mesmo que seja grande, é nada comparado com o amor infinito de Deus. Isso é verdade, mas o Senhor contenta-se com esse pouco se Lho oferecemos totalmente. O resto é Ele que o põe, porque o Amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado.

Decidamo-nos pois, nesta Semana Santa, a deixar com inteira generosidade – uma vez mais – o nosso ser e a nossa vida nas mãos de Deus. Descobriremos assim com mais profundidade o sentido da renovação das promessas do Baptismo que fazemos na Vigília Pascal. A maior parte de nós unimo-nos a Cristo e à Igreja quando ainda éramos muito pequenos, porque os nossos pais procuraram em nosso nome as águas regeneradoras do Baptismo. Agora apresenta-se-nos a oportunidade litúrgica de ratificar esses compro­mis­sos adquiridos. Façamo-lo com gratidão e alegria, conscientes do imenso presente que Deus nos ofereceu, e com o desejo de colaborar com Cristo para levar a salvação a todas as criaturas. Ao vermos o mundo nos mapas, ao ler ou ouvir as notícias nos meios de comunicação, desejamos que Ele chegue às almas?S. Paulo renunciou à própria vida entregando-se totalmente a si mesmo pelo ministério da reconciliação, da Cruz, que é salvação para todos nós. E também nós devemos saber fazer isto. Podemos encontrar a nossa força precisamente na humildade do amor, e a nossa sabedoria na debilidade de renunciar [a nós mesmos], para entrar assim na força de Deus. Todos nós devemos formar a nossa vida sobre esta verdadeira sabedoria: não viver para nós mesmos, mas viver na fé naquele Deus de Quem todos nós podemos dizer: “Amou-me e entregou-se a Si mesmo por mim”.

Difundamos esta certeza entre todas as pessoas com quem nos encontrarmos, mesmo que, humanamente falando, as circunstâncias se apresentem difíceis, também as que agora surgem da crise económica que afecta os países de um modo ou de outro, nos diferentes estratos da sociedade. Usando os recursos humanos nobres que estejam ao vosso alcance para superar as dificuldades e para ajudar outras pessoas, descobri a Providência de Deus em tudo o que vos acontece.Perguntemo-nos: como é a minha reacção perante o que não gosto ou perante uma contrariedade? Luto para rectificar e elevar cada questão ao plano sobrenatural? Depois de um momento de vacilação – muito compreensível porque somos humanos – respondamos logo e com determinação: Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero! . Não devemos contudo perder de vista que, depois da Cruz veio a Ressurreição e a gloriosa Ascensão ao Céu. O Senhor chama-nos a acompanhá-Lo no Seu triunfo, ao qual se chega sempre pela abnegação. A morte de Cristo no Calvário não foi a última palavra. A última palavra manifesta-se-nos com a Sua glorificação em corpo e alma para a glória do Pai . Isto ensinava S. Paulo aos fiéis de Corinto quando lhes escrevia: se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e é vã também a vossa fé (…), ainda estais nos vossos pecados [9]. Com esta grande certeza, que nós, os cristãos, havemos de ter sempre presente, Santo Agostinho escrevia: «Não é coisa grande acreditar que Cristo morreu. Nisso também acreditam os pagãos, os judeus e todos os perversos. Todos acreditam que Cristo morreu. A fé dos cristãos consiste na Ressurreição de Cristo. O que consideramos grandioso é acreditar que Cristo ressuscitou». A morte do Senhor – explica Bento XVI – demonstra o amor imenso com que nos amou até ao sacrifício por nós. Mas só a Sua ressurreição é “prova certa”, é certeza de que quanto Ele afirma é verdade, que vale também para nós, para todos os tempos (…). É importante reafirmar esta verdade fundamental da nossa fé, cuja verdade histórica é amplamente documentada, mesmo se hoje, como no passado, não falta quem, de modos diversos, a põe em dúvida ou até a nega. O enfraquecimento da fé na ressurreição de Jesus torna débil, consequentemente, o testemunho dos crentes. Os sofrimentos humanos e a própria morte, se não se separam da fé no Filho de Deus, adquirem o seu verdadeiro sentido. Gosto de vos recordar aquela exortação do nosso Padre: tende esta fé sobrenatural, sabei que moveremos montanhas, que ressus­citaremos os mortos, que daremos voz a muitos que não sabem falar…, e eficácia de obras ao corpo paralisado! Saber isto e acreditar nisto, estar seguros do Senhor em cada momento concreto não é fanatismo, é acreditar em Cristo ressuscitado, sem cuja Ressurreição inanis est et fides vestra (1 Cor 15, 14), é vã a nossa fé . Porque “a teologia da Cruz não é uma teoria, é a realidade da vida cristã (…). O cristianismo não é o caminho do conforto, é antes uma escalada exigente, mas iluminada pela luz de Cristo e pela grande esperança que nasce d’Ele (…). Só experimentando assim o sofrimento, conhecemos a vida na sua profundidade, na sua beleza, na grande esperança suscitada por Cristo crucificado e ressuscitado” .

Por isso o crente, associado voluntariamente a Jesus Cristo no Seu mistério pascal, participa na missão de Cristo e colabora com Ele para levar ao seu cumprimento – também no mundo material – a vitória completa do Senhor sobre o demónio, o pecado e a morte. Esta foi a grande revolução cristã: converter a dor em sofrimento fecundo, de um mal, tirar um bem. Despojámos o diabo dessa arma … e, com ela, conquistamos a eternidade. Projectando-se sobre cada um dos nossos dias, a luz desta doutrina ajuda-nos a viver intensamente a Páscoa, em íntima união com o Senhor. Unamos à nossa resposta diária o conselho que S. Josemaria dava, numa altura em que lhe perguntaram como tratar melhor Jesus na Semana Santa: lê a Paixão do Senhor, e medita-a, sendo tu mais um personagem. Pensa – e podes fazê-lo perfeitamente porque a isso nos convida S. Paulo – que aquilo está a acontecer agora, não há dois mil anos: Jesus Christus heri et hodie, ipse et in saecula (Heb 13, 8). O Senhor é o mesmo ontem, hoje e sê‑lo‑á sempre. Podes meter-te entre os discípulos, entre os amigos do Senhor, e até entre os inimigos, a ver o que se passa. Reage com a cabeça e com o coração, como terias reagido ao ver como O tratavam. Assim estarás a viver muito bem a Semana Santa. Permito-me acrescentar: propõe-te não O deixar só. Para o conseguires recorre a Maria.No final de Março, fiz uma viagem a Bilbau, convidado pelo Bispo da Diocese, para dar uma conferência num Congresso sobre os católicos e a vida pública. Aproveitei para ir também a Pamplona e a Saragoça. Nesta cidade, rezei diante de Nossa Senhora do Pilar, invocação tão ligada aos primeiros tempos da evangelização em Espanha. Recor­dando os longos tempos de oração de S. Josemaria na Basílica de Saragoça, supliquei, com todos vós, à nossa Mãe, pelo Papa e pelas suas intenções, pela Igreja universal e por esta partezinha da Igreja, a Obra.Continuemos a invocar o Senhor, bem unidos na oração. As próximas semanas oferecem-nos muitas oportunidades. O dia 16 traz-nos o aniversário do nascimento do Papa, e o dia 19 o quarto aniversário da sua eleição para a Sé de Pedro: duas datas muito oportunas para nos unirmos mais à sua Pessoa e às suas intenções. Pouco depois, a 20 de Abril, completam-se quinze anos da minha nomeação como Prelado do Opus Dei: rezai por mim, porque preciso. A 23, é um novo aniversário da Confirmação e da Primeira Comunhão do nosso Padre. E no fim do mês, a 29, celebra-se a festa litúrgica de Santa Catarina de Sena, grande apaixonada da Igreja e defensora do Romano Pontífice, interces­sora da Obra no apostolado da opinião pública. Desde já me alegro muito ao pensar nas orações que subirão da Terra ao Céu, por ocasião destas efemérides.

Com todo o afecto, abençoa-vos

o vosso Padre

+ Javier

Roma, 1 de Abril de 2009

O autor do blogue Sulco deseja a todos Santa Páscoa


Na noite, em que Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração. Na verdade, a Vigília pascal foi sempre considerada a mãe de todas a vigílias e o coração do Ano litúrgico. A sensibilidade popular poderia pensar que a grande noite fosse a noite de Natal, mas a teologia e a liturgia da Igreja adverte que é a noite da Páscoa, «na qual a Igreja espera em vigília a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico, 20). No texto do Precónio pascal, chamado o hino “Exsultet” e que se canta nesta celebração, diz-se que esta noite é «bendita», porque é a «única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do sepulcro! Esta é a noite, da qual está escrito: a noite brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Por isso, desde o início a Igreja celebrou a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com um vigília nocturna.
A celebração da Vigília pascal articula-se em quatro partes: 1) a liturgia da luz ou “lucernário”; 2) a liturgia da Palavra; 3) a liturgia baptismal; 4) a liturgia eucarística.
1) A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal. O lume novo e o círio pascal simbolizam a luz da Páscoa, que é Cristo, luz do mundo. O texto do precónio evidencia-o quando afirma que «a luz de Cristo (...) dissipa as trevas de todo o mundo» e convida a «celebrar o esplendor admirável desta luz (...) na noite ditosa, em que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!».
2) A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam as maravilhas de Deus na história da salvação e duas do Novo Testamento, ou seja, o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos, e a leitura apostólica sobre o Baptismo cristão como sacramento da Páscoa de Cristo. Assim, a Igreja, «começando por Moisés e seguindo pelos Profetas» (Lc 24,27), interpreta o mistério pascal de Cristo. Toda a escuta da Palavra é feita à luz do acontecimento-Cristo, simbolizado no círio colocado no candelabro junto ao Ambão ou perto do Altar.
3) A liturgia baptismal é parte integrante da celebração. Quando não há Baptismo, faz-se a bênção da fonte baptismal e a renovação das promessas do Baptismo. Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal. A Igreja antiga baptizava os catecúmenos nesta noite e hoje permanece a liturgia baptismal, mesmo sem a celebração do Baptismo.
4) A liturgia eucaristica é o momento culminante da Vigília, qual sacramento pleno da Páscoa, isto é, a memória do sacrifício da Cruz, a presença de Cristo Ressuscitado, o ápice da Iniciação cristã e o antegozo da Páscoa eterna.
Estes quatro momentos celebrativos têm como fio condutor a unidade do plano de salvação de Deus em favor dos homens, que se realiza plenamente na Páscoa de Cristo por nós. Por consequência, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da fé e da esperança da Igreja.
Gostaria de destacar dois elementos expressivos desta solene vigília: a luz e a água.
A Vigília na noite santa abre com a liturgia da luz, evocando a ressurreição de Cristo e a peregrinação de Israel guiado pela coluna de fogo. A liturgia salienta a potência da luz, como o símbolo de Cristo Ressuscitado, no círio pascal e nas velas que se acendem do mesmo, na iluminação progressiva das luzes da igreja, ao acender das velas do altar e com as velas acesas na mão para a renovação das promessas baptismais. O símbolo mais iluminador é o círio, que deve ser de cera, novo cada ano e relativamente grande, para poder evocar que Cristo é a luz dos povos. Ao acender o círio pascal do lume novo, o sacerdote diz: «A luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito» e depois apresenta o círio como «lumen Christi=a luz de Cristo». Quando alguém nasce, costuma-se dizer que «veio à luz» ou que «a mãe deu à luz». Podemos, por isso dizer que a Igreja veio à luz na Páscoa de Cristo. De facto, toda a vida da Igreja encontra a sua fonte no mistério da Páscoa de Cristo.
A água na liturgia é, igualmente, um símbolo muito significativo. «A água é rica de mistério» (R. Guardini). Ela é simples, pura, limpa e desinteressada. Símbolo perfeito da vida, que Deus preparou, ao longos dos tempos, para manifestar melhor o sentido do Baptismo. A oração da bênção da água faz memória da acção salvífica de Deus na história através da água. Com efeito, a água é benzida, para que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, «no sacramento do Baptismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo». Na tradição eclesial, a fonte baptismal é comparada ao seio materno e a Igreja à mãe que dá à luz
O simbolismo fundamental da celebração litúrgica da Vigília é o de ser uma “noite clara”, ou melhor «a noite que brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Esta noite inaugura o “Hodie=Hoje” da liturgia, como se tratasse de um único dia de festa sem ocaso (o dia da celebração festiva da Igreja que se prolonga pela oitava pascal e pelos cinquenta dias do Tempo pascal), no qual se diz «eis o dia que fez o Senhor, nele exultemos e nos alegremos» (Sl 118).
P. José Cordeiro
Reitor do Pontifício Colégio Português
Retirado do site Ecclesia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Missa no 15º aniversário da morte de D.Álvaro del Portillo

A 23 de Março de 2004, falecia D.Álvaro del Portillo.
Horas antes regressara de uma peregrinação à Terra Santa onde tinha percorrido com piedade intensa os passos terrenos de Jesus de Nazaré ao Santo Sepulcro, o Senhor chamou a Si este servo bom e fiel.
Na manhã precedente tinha celebrado a sua última Missa no Cenáculo de Jerusalém.

Quinze anos volvidos, o oratório S.Josemaria celebra uma missa de sufrágio pela alma do primeiro sucessor de S.Josemaria como prelado do Opus Dei.

Será na próxima segunda-feira, dia 23 de Março, às 19h.

Do site do Opus Dei


Imagem: João Paulo II rezando diante dos restos mortais de D.Álvaro del Portillo na Igreja Prelatícia da Santa Cruz (Roma).

quarta-feira, 18 de março de 2009

Disseste-me: - Padre, estou a passar um mau bocado.
E respondi-te ao ouvido: leva sobre os teus ombros uma partezinha dessa cruz, só uma parte pequena. E, se nem sequer assim aguentares com ela, ... deixa-a toda inteira sobre os ombros fortes de Cristo.
E a partir de agora, repete comigo: Senhor, meu Deus: nas Tuas mãos abandono o passado e o presente e o futuro, o pequeno e o grande, o pouco e o muito, o temporal e o eterno.

E fica tranquilo.

Via Sacra, São Josemaría

domingo, 15 de março de 2009

Santos desta semana

16 de Março
Santa Eusébia [Virgem e abadessa)
Santo Heriberto [Bispo]
Santo Abraão, solitário
17 de Março
São Patrício [Bispo]
São José de Arimateia
Santo Ambrósio de Alexandria [Diácono]
18 de Março
São Cirilo de Jerusalém [Bispo, Doutor da Igreja]
Santo Alexandre de Jerusalém [Bispo]
Santo Eduardo [Rei, mártir]
Beata Marta Amada Le Bouteiller [Religiosa]
19 de Março
São José
Beato Marcello Callo
20 de Março
Santa Eufémia
Beato Remígio de Estrasburgo [Bispo e confessor]
Beato Francisco Palau y Quer [Fundador]
Beata Maria Josefa do Coração de Jesus [Fundadora]
21 de Março
Morte de São Bento
São Nicolau de Flue [Confessor]
Mártires de Alexandria
Beata Benedita Cambiagio Frassinello [Fundadora]
22 de Março
São Deográcias [Bispo]
Santa leia [Viuva]
São Zacarias [Papa]

domingo, 8 de março de 2009

Santos desta semana

09 de Março
São Domingos Sávio
Santa Francisca Romana [Viúva]
São Gragório Nisseno [Bispo]
10 de Março
Os Santos Mártires de Sebaste
São Macário de Jerusalém [Bispo]
Beata Maria Eugénia Milleret [Fundadora]
11 de Março
Santo Eulógio [Mártir]
São Vicente Abade, São Ramiro e Companheiros [Mártires]
12 de Março
Beato Luís Orione [Fundador]
Santa Josefina (ou Fina) [Penitente]
Inocêncio I [Papa]
Beata Ângela Salawa [Virgem]
13 de Março
Santos Rodrigo e Salomão [Mártires]
Santa Eufrásia [Virgem]
São Nicéforo [Mártir]
14 de Março
Santa Matilde [Rainha]
Santa Florentina [Religiosa]
Beato Giácomo Cusmano [Fundador]
15 de Março
São Raimundo de Calatrava [Religioso]
São Clemente Maria Hofbauer [Confessor]
Santa Luísa de Marillac [Viúva]
Santa Lucrécia [Mártir]
Beato Plácido Riccardi, O.S.B. [Religioso]

sábado, 7 de março de 2009

Carta do Prelado (Março 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!
Começámos a Quaresma e é necessário que percorramos este tempo com verdadeira ânsia de conversão. A Igreja recomenda que cuidemos de modo especial a oração, o espírito de penitência e as obras de caridade, como preparação para a Páscoa, com a determinação de que não seja apenas mais uma Quaresma. Por isso, procuremos viver profundamente estas semanas, correspondendo às abundantes graças do Espírito Santo com exigência pessoal.
O Santo Padre, como sabeis, interrompe nesta altura as suas actividades habituais, durante uns dias, com o seu retiro espiritual, para se dedicar mais à oração. Este costume da Cúria romana ajuda-nos a intensificar a nossa oração pelo Papa que, além disso, celebra a 19 de Março o seu onomástico. E vamos acompanhá-lo também espiritualmente na sua viagem aos Camarões e a Angola, de 17 a 23 deste mês. Responderemos assim à expressa petição que fez aos católicos há dias, por ocasião da festa da Cátedra de S. Pedro. Esta festa, dizia, oferece-me a ocasião para vos pedir que me acompanheis com as vossas orações, a fim de que eu possa realizar fielmente a nobre tarefa que a Providência divina me confiou como Sucessor do Apóstolo Pedro. Por isso invocamos a Virgem Maria, que ontem aqui em Roma, celebrámos com o formoso título de Nossa Senhora da Confiança. Pedimos-lhe também que nos ajude a entrar com as devidas disposições de ânimo no tempo da Quaresma (…). Maria nos abra o coração à conversão e à escuta dócil da Palavra de Deus [1].
Comoveu-me esta petição do Pai comum a todos os seus filhos e filhas, continuação da que já nos tinha sugerido nos dias da sua eleição à cátedra de S. Pedro, há quase quatro anos. A solenidade de S. José, Patrono da Igreja universal [2], oferece-nos mais uma razão para rezarmos pela Igreja e pelo Papa. Efectivamente, como João Paulo II dizia há uns anos, «os Padres da Igreja, inspirando-se no Evangelho, frisaram que S. José, tal como cuidou amorosamente de Maria e se dedicou com alegre empenho à educação de Jesus Cristo, (cfr. Santo Ireneu, Adversus haereses, IV, 23, 1), também guarda e protege o Seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santa é figura e modelo» [3].
Recordemos a promessa do Senhor: Digo-vos ainda que se dois de entre vós se unirem, na Terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la de meu Pai que está no Céu [4]. Permaneçamos portanto bem unidos na petição, cerrando fileiras como um poderoso exército, disposto em ordem de batalha [5], uma batalha de paz e de alegria.
Comentando aquelas palavras do Evangelho, que acima transcrevo, Bento XVI explica que o verbo que o evangelista usa para dizer “se unirem” (…) contém a referência a uma “sinfonia” de corações. É isto que atrai o coração de Deus. Por conseguinte, a sintonia na oração manifesta-se importante para que a acolha o Pai celeste [6]. Continuemos muito unidos ao Papa e às suas intenções, pois desse modo estaremos muito unidos a Cristo e, com Ele, pelo Espírito Santo, a nossa prece chegará eficazmente a Deus Pai.
A união com a Cabeça visível do Corpo místico é essencial na Igreja. É bem significativo lermos, nos Actos dos Apóstolos, que quando o rei Herodes encarcerou S. Pedro, com a intenção de o matar, a Igreja rogava incessantemente por ele a Deus [7]. O resultado foi a libertação do Apóstolo pelo ministério de um anjo.
Também S. Paulo nos oferece um maravilhoso exemplo de união com a cabeça. Vem muito a propósito recordá-lo neste ano paulino, como o Santo Padre comentava na solenidade litúrgica dos dois Santos Apóstolos. Referindo-se a uma imagem típica da iconografia cristã que os representa a dar um abraço, quis salientar que nos escritos do Novo Testamento podemos, por assim dizer, seguir o desenvolvimento do seu abraço, a realização da unidade no testemunho e na missão. Tudo começa quando Paulo, três anos depois da sua conversão, vai a Jerusalém “para conhecer Cefas” (Gl 1, 18). E volta a Jerusalém, 14 anos depois, para expor “às pessoas mais notáveis” o Evangelho que ele anuncia (…). No final deste encontro, Tiago, Cefas e João estenderam a mão, confirmando deste modo a comunhão que os congrega no único Evangelho de Jesus Cristo (cfr. Gl 2, 9).
Encontro um bonito sinal deste abraço interior em crescimento, que se desenvolve, apesar da diversidade dos temperamentos e das funções, no facto de que os colaboradores mencionados no final da Primeira Carta de São Pedro, Silvano e Marcos, são colaboradores igualmente estreitos de São Paulo. Na união dos colaboradores torna-se visível de modo muito concreto a comunhão da única Igreja, o abraço dos grandes Apóstolos [8].
Os dois Apóstolos ofereceram em Roma o supremo testemunho de Cristo, com o seu martírio. O desejo de S. Paulo de ir a Roma sublinha como vimos entre as caracterís­ticas da Igreja sobretudo a palavra catholica. O caminho de são Pedro para Roma, como representante dos povos do mundo, insere-se sobretudo sob a palavra una: a sua tarefa consiste em criar a unidade da catholica, da Igreja formada por judeus e pagãos, da Igreja de todos os povos.
E esta é a missão permanente de S. Pedro: fazer com que a Igreja nunca se identifique com uma só nação, com uma única cultura nem com um só Estado. Que seja sempre a Igreja de todos. Que reuna a humanidade para além de todas as fronteiras e, no meio das divisões deste mundo, torne presente a paz de Deus e a força reconciliadora do seu amor [9].
Nos últimos anos da sua vida terrena, S. Josemaria insistia em que era tempo de rezar e de reparar. E tempo de dar graças, porque a ajuda de Deus não falta. Assim temos que continuar a fazer: cheios de optimismo e de confiança porque, como o nosso Padre graficamente assegurava, non est abbreviata manus Domini, a mão de Deus não diminuiu (Is 59, 1). Deus não é menos poderoso hoje do que noutras épocas, nem é menos verdadeiro o Seu amor pelos homens [10]. Nós, os cristãos, devemos colaborar com a nossa oração e a nossa expiação, com o nosso trabalho realizado com perfeição humana, em união com o Sacrifício do Altar.Se convivemos com o Senhor na oração, caminharemos com o olhar limpo, que nos permita distinguir a acção do Espírito Santo, também nos acontecimentos que às vezes não entendemos ou que nos causam pranto ou dor [11].
Que belo dia é o 19 de Março para que nós, os cristãos, reafirmemos o nossa vontade de caminhar muito perto de Jesus Cristo, de renovar a nossa entrega ao Senhor, de estarmos pendentes d’Ele, como S. José, que gastou os seus anos junto de Jesus, em Nazaré! A meditação de outros conselhos de S. Josemaria, neste contexto de oração pela Igreja e pelo Romano Pontífice, há-de ajudar-nos a celebrar melhor esta grande festa.
Em 1964, o nosso Padre pregava assim: Para defender a Igreja, para fazer bem às almas, para corredimir com Cristo, para sermos bons filhos do Papa, não tenho outra receita senão esta: santidade. Dir-me-eis que é difícil. Sim, mas também é fácil, é acessível. Todos nós, as almas redimidas por Jesus Cristo, temos, com a receita, o remédio: basta querermos [12].
Depois do mês de Março começa em breve a Semana Santa: a comemoração litúrgica do triunfo de Nosso Senhor sobre a morte, o demónio e o pecado. Não percamos nunca de vista esta realidade, sobretudo quando nos afectarem mais de perto as dificuldades externas ou interiores, que Deus às vezes permite. Porque Cristo vive. Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus, que morreu na cruz, ressuscitou, triunfou da morte, do poder das trevas, da dor e da angústia (…).
Cristo vive. Não é Cristo uma figura que passou, que existiu num tempo e que se retirou, deixando-nos uma lembrança e um exemplo maravilhosos.
Não. Cristo vive. Jesus é o Emanuel: Deus connosco. A sua Ressurreição revela­‑nos que Deus não abandona os seus. Pode a mulher esquecer-se do fruto do seu ventre, não se compadecer do filho de suas entranhas? Pois ainda que ela se esquecesse, eu não me esquecerei de ti (Is 49, 14-15), tinha Ele prometido. E cumpriu a sua promessa. Deus continua a achar as suas delícias entre os filhos dos homens (cfr. Pr 8, 31) [13].
Recorramos sempre à intercessão de S. Josemaria, também no dia 28, aniversário da sua ordenação sacerdotal. Peçamos-lhe que nos faça participar do seu optimismo sobre­natural, do seu amor ao mundo, para sabermos levar por todo o lado, com a segurança dos filhos de Deus, esta formosíssima batalha de amor e de paza que o Senhor nos convocou. Recordemos que o nosso Padre, que teve de sofrer não poucas contradições pelo seu amor incondicionado ao Senhor e à Sua Igreja santa, repetia que a alegria incomparável da filiação divina o confirmava, dia após dia, na ideia clara e firme de que Cristo é o vencedor, e de que a mensagem cristã há-de abrir passagem em todos os homens de boa vontade: enchamo-nos de confiança, quia Deus nobiscum est!, porque Deus está connosco [14]. E contamos coma intercessão do queridíssimo D. Álvaro, que se nos foi para o Céu, com a sua paz característica, a 23 de Março de 1994.
Regressei ontem de uma rápida viagem a Budapeste. Lá, como em tantos outros lugares, o espírito da Obra vai abrindo caminho, levando consigo o amor à Igreja, ao Romano Pontífice e a todas as almas, que lhe é próprio. Demos muitas graças a Deus! E esta noite vou começar o meu retiro: ajudai-me, como eu procuro em cada dia ajudar a todos vós.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier
Roma, 1 de Março de 2009

Do site do Opus Dei

domingo, 1 de março de 2009

Ordenações em Roma, 21 de Fevereiro de 2009

O Prelado do Opus Dei ordenou, no passado sábado, dois fiéis da Prelatura: José Ramón Alba e Diego Pérez. A cerimónia teve lugar na paróquia de São Josemaria, em Roma.

Queridíssimos Filhos que estais para ser ordenados diáconos: Temos bem vivas na mente as palavras do Salmo responsorial: "Como são amáveis as vossas moradas, Senhor!" (Sal 84, 2). Também sabemos que a presença de Deus não está ligada a um lugar determinado; encontramo-nos nos tempos que Jesus predice à samaritana: "Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque é destes adoradores que o Pai deseja" (Jo 4, 23).
Site do Opus Dei

Santos desta semana

02 de Março
Mártires dos Lombardos
Santa Inês de Praga [Virgem]
Santa Inês da Boémia [Religiosa]
Beata Ângela da Cruz Guerrero González [Fundadora]
03 de Março
Santos Marino e Astério [Mártires]
Beato Frederico de Hallum [Abade]
Beatos Liberato, Samuel e Miguel Pio [Mártires]
Beata Catarina Maria Drexel [Fundadora]
04 de Março
São Lúcio I [Papa, mártir]
São Casimiro [Confessor]
Beato Humberto III de Sabóia [Confessor]
05 de Março
São João José da Cruz [Confessor]
São Teófilo [Bispo]
Santo Adriano [Mártir]
06 de Março
São Conon, o jardineiro [Mártir]
Santo Olegário [Bispo]
07 de Março
Santas Perpétua e Felicidade [Mártires]
São Paulo, o Simples [Ermitão]
08 de Março
São João de Deus [Fundador]

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Bento XVI pede orações para cumprir «fielmente» a sua missão

Bento XVI pediu este Domingo as orações dos fiéis para o bom desempenho da sua missão, como Papa, frisando que ele é “chamado a desempenhar um serviço peculiar em relação a todo o Povo de Deus”.
O Papa falava na recitação do Angelus, perante os fiéis reunidos no Vaticano, no dia em que a Igreja celebra a festa da Cátedra de São Pedro, que “simboliza a autoridade do Bispo de Roma”.
“Esta festa oferece-me a ocasião para vos pedir que me acompanheis com as vossas orações, para que possa desempenhar fielmente a alta responsabilidade que a Providência divina me confiou como Sucessor do Apóstolo Pedro”, disse.
A festa da Cadeira de São Pedro era já celebrada neste dia em Roma no século IV, para significar a unidade da Igreja.
Bento XVI afirmou que logo depois dos martírio de São Pedro e São Paulo (Séc. I), foi reconhecido à Igreja de Roma o papel primacial em toda a comunidade católica, papel já atestado no século II por Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lyon. Este ministério específico do Bispo de Roma foi reafirmado pelo Concílio Ecuménico Vaticano II.
Mais tarde, o Papa recordou o iminente início da Quaresma, na próxima Quarta-feira, “com o sugestivo rito das Cinzas. Que Maria nos abra o coração à conversão e à escuta dócil da Palavra de Deus”.
Na sua catequese, Bento XVI começara por evocar o Evangelho do dia, o episódio do paralítico perdoado e curado: “Esta passagem evangélica mostra que Jesus tem o poder não só de sanar o corpo doente, mas também de perdoar os pecados”.
“Mais ainda: a cura física é sinal da cura espiritual que produz o perdão. Na verdade, o pecado é uma espécie de paralisia do espírito, da qual só o poder do amor misericordioso de Deus nos pode libertar, permitindo-nos levantar de novo, para retomar o caminho do bem”, acrescentou.
Ecclesia

Santos desta semana

23 de Fevereiro
São Policarpo [Bispo, mártir]
Beata Rafaela Ibarra [Fundadora do Instituto dos Santos Anjos da Guarda]
24 de Fevereiro
São Sérgio [Mártir]
São Lázaro, pintor de imagens [Monge]
Beata Josefa Naval Girbés [Virgem]
25 de Fevereiro
Santo Avertano e Beato Romeu [Confessores]
Beato Sebastião de Aparício [Confessor]
Beatos Luís Versiglia e Calisto Caravário [Mártires]
26 de Fevereiro
São Porfírio de Gaza [Bispo]
São Nestor [Bispo, mártir]
São Vítor de Arcis [Confessor]
27 de Fevereiro
São Gabriel das Dores [Confessor]
São Leandro [Bispo]
Beata Maria Deluil-Martiny [Fundadora das Filhas do Coração de Jesus]
Beata Francisca ana das Dores de Maria [Religiosa]
28 de Fevereiro
São Torcato [Bispo]
Santos Romão e Lupicino, franceses [Religiosos]
Beato Daniel Brottier [Religioso]
Beato Augusto Chapdelaine [Religioso]
01 de Março
São Rosendo [Bispo]
Santo Albino [Bispo]
Santa Eudóxia [Mártir]

Canonização a 26 de Abril

A cerimónia de canonização do Beato Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, terá lugar no próximo dia 26 de Abril. O anúncio foi feito pela Santa Sé, no final do Consistório deste Sábado, presidido pelo Papa.
O Consistório Público Ordinário representou o passo final do processo para a canonização do Santo Condestável. Juntamente com o novo santo português serão canonizados Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Gertrude (Caterina) Comensoli e Caterina Volpicelli.
Outras cinco canonizações terã lugar a 11 de Outubro.
O homem que conduziu este processo no Vaticano, Cardeal José Saraiva Martins, referiu à Agência ECCLESIA que "depois de tanto tempo e tantos anos chegou ao seu termo a causa de canonização desta grande figura da hagiografia portuguesa”, frisando que “a canonização vai ser um dia histórico”.
O prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos revela “um sentimento de gratidão a Deus pelo privilégio que me deu por poder concluir praticamente o processo de canonização do Beato Nuno Alvares Pereira”.
“É um dom de Deus à Igreja portuguesa, que todos os portugueses devemos agradecer”, assegura.
Quanto ao local, o Cardeal Saraiva Martins lembra que “o princípio é que as canonizações sejam feitas em Roma” e as beatificações nas igrejas locais. “Se não houve nenhum pedido por parte de Portugal, é natural que seja em Roma”, sublinha.
O Cardeal português diz que “todos os santos são modelos para serem imitados” e no caso do Beato Nuno: destaca “a caridade para com os pobres”.
Hoje, com os pobres a aumentar, a mensagem do Nuno Álvares Pereira é “extremamente actual”.
“É um modelo muito interessante”, assinala D. José Saraiva Martins, que lembra ainda a devoção do Santo Condestável a Nossa Senhora.
O Beato Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV e nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, no dia 6 de Novembro.
O processo de canonização foi reaberto no dia 13 de Julho de 2003, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa.
A cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano foi relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe.
A cura de Guilhermina de Jesus, depois de ter pedido a intervenção do Santo Condestável, foi observada por diversos médicos em Portugal e foi analisada por uma equipa de cinco médicos e teólogos em Roma, que a consideraram miraculosa.
A história deste processo já poderia ter conhecido o seu epílogo quando, em 1947, o papa Pio XII se manifestou interessado em canonizar o Beato português por decreto. O estado de uma Europa destruída pela II Guerra Mundial fez, porém, com que a Igreja portuguesa recusasse este motivo de festa.
Trabalhos levados a cabo pelos Cardeais Patriarcas de Lisboa D. José III (1883-1907) e D. António I (1907-1929), secundados pela Ordem do Carmo, culminaram com o Decreto da Congregação dos Ritos “Clementissimus Deus” de 15 de Janeiro de 1918, ratificado e aprovado pelo Papa Bento XV em 23 do mesmo mês e ano. Esses trabalhos, retomados pelo Episcopado Português, culminaram com a já referida permissão de Pio XII para que o processo da canonização prosseguisse.

Agência Ecclesia