sábado, 23 de maio de 2009

São Nuno e o Vaticano II, por Padre Gonçalo Portocarrero

Jornal W, 17 Mai. 2009
Bento XVI, na solene canonização do Condestável, exaltou, segundo Massimo Introvigne, «a figura do cavaleiro cristão empenhado na militia Christi, ou seja, no testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo». Já na pastoral colectiva do episcopado português, de 1960, se reconhecia que «Nuno Álvares foi sempre igual a si mesmo: cavaleiro invencível na guerra, cristão exemplar no cumprimento das virtudes» e, por isso, «a emissão dos votos canónicos foi apenas consagração de uma vida já de há muito profundamente cristã».
Em termos semelhantes, o nosso Patriarca, no encerramento do processo diocesano, sublinhava: «Em D. Nuno Álvares Pereira foi impressionante esta síntese harmónica da vivência da sua fé e o desempenho das altas funções que a Nação lhe atribuiu». Se este foi o entendimento do Santo Padre e dos nossos Bispos, outro foi o parecer dos fiéis que manifestaram algum desconforto pela canonização de um guerreiro. Para estes, a glorificação do Condestável seria suportável só porque esse seu passado mais não seria do que uma etapa prévia à sua conversão, sobre a qual viria agora a incidir a bênção da canonização. Entendem portanto que só o monge foi elevado aos altares, permanecendo apeado o leigo cristão, o militar valeroso, o dadivoso milionário, o filho obediente, o marido fiel, o casto viúvo, o pai exemplar, o leal conselheiro do rei, o humilde conde e o invencível condestável.
Se a nobilitação de Camilo Castelo Branco inspirou uma divertida caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, em que o novo titular expulsava o genial escritor, dir-se-ia que a canonização de São Nuno deu azo a serôdios episódios de ultramontano clericalismo, na voz dos que insistem em ignorar a vida santa do santo leigo e teimosamente pretendem ainda, ao arrepio dos ensinamentos conciliares, que a santidade é um privilégio exclusivo da casta sacerdotal e da vida religiosa em geral.
Assim sendo, perdoa-se ao Santo Condestável o seu passado laical, em nome da consagração religiosa que coroou a sua vivência cristã, ignorando-se que a sua identificação com Cristo não ocorre apenas, nem principalmente, no último episódio da sua vida, mas é a realidade que vivifica toda a sua anterior existência, profunda e essencialmente secular. São Nuno não foi santo apesar do seu estado laical e da sua vida profissional, mas, pelo contrário, santificou-se em e através do fiel cumprimento dos seus deveres de estado, como filho, esposo e pai de uma família cristã, como competentíssimo profissional da guerra e como fidelíssimo cidadão. A sua tardia profissão religiosa não é a mais significativa expressão da sua santidade, mas apenas o seu último episódio. São Nuno, como afirmou D. José Policarpo na acção de graças pela sua canonização, «continua a dizer-nos que é possível viver com fé todas as realidades humanas, sociais, políticas, militares, familiares, religiosas; continua a dizer-nos que é possível ser santo em todas elas, que se pode viver toda a vida com Deus, que nos vai sugerindo, em cada momento e em cada circunstância, a maneira de acreditar e de amar».
Desculpem-me este meu anticlericalismo, à conta não só do que o Concílio Vaticano II ensina, mas também da multissecular tradição da Igreja, que atribuiu, desde tempos imemoriais, o título de santíssima a uma única criatura: Maria, a filha de Joaquim e de Ana, a esposa de José e mãe de Jesus, que nunca professou na vida religiosa e se santificou através dos seus deveres familiares, religiosos, sociais e profissionais. Não estranha, pois, que tenha sido esta santíssima mulher o exemplo de santa virtude que iluminou toda a vida santa de São Nuno de Santa Maria.

domingo, 10 de maio de 2009

José de Arimateia e Nicodemos visitam Jesus ocultamente, em tempo normal e na hora do triunfo.
Mas são valentes declarando, perante a autoridade, o seu amor a Cristo - "audacter" - com audácia, na hora da cobardia.

- Aprende


Caminho, 841

Carta do Prelado (Maio 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!Este mês de Maio decorre inteiramente dentro do Tempo Pascal. A alegria da Ressur­reição de Jesus Cristo enche a vida da Igreja, na Terra e no Céu. É esse gaudium cum pace que todas e todos nós já experimentamos.Como é natural, nestas semanas contemplamos Nossa Senhora, Mãe de Jesus e Mãe nossa, elevada ao Céu em corpo e alma, e vemo-lana alegria e na glória da Ressurreição. As lágrimas derramadas ao pé da Cruz transformaram-se num sorriso que nada mais apagará, embora permaneça intacta a sua compaixão materna por nós. Atesta-o a intervenção da Virgem Maria em nosso socorro ao longo da história e não cessa de suscitar por Ela, no povo de Deus, uma confiança inabalável: a oração Memorare (“Lembrai-Vos”) exprime muito bem este sentimento. Maria ama cada um dos seus filhos, concentrando a sua atenção de modo particular naqueles que, como o seu Filho na hora da Paixão, se acham mergulhados no sofrimento. Ama-os, simplesmente porque são seus filhos, por vontade de Cristo na Cruz [1].Meditemos nestas palavras do Papa para aprofundarmos sobre as razões da nossa devoção a Nossa Senhora e dar-lhe um novo esplendor. As razões são claras: Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe. Por isso, é necessário cultivar uma ardente e terna devoção mariana, solidamente fundamentada na Revelação divina exposta pelo Magistério da Igreja. O queridíssimo D. Álvaro recordava-o numa carta que escreveu em 1987. Dizia-nos ele, considerando que a missão maternal de Maria corresponde a um desígnio de Deus bem determinado: «é um facto inegável que naqueles lugares em que a Igreja se estabelece, pela graça de Cristo e pela correspondência tenaz e sacrificada dos evangelizadores, a Mãe da Igreja está presente (…). Como consequência, nasce e desenvolve-se a gratidão a Santa Maria, e assim surge a fecunda planta da devoção mariana. Os templos e santuários que, como estela luminosa, povoam a geografia dos países em que a fé se enraíza, são dela um claro testemunho que dá à existência dos cristãos uma dimensão de família que só a Santíssima Virgem é capaz de suscitar» [2].Grande verdade é esta! Os cristãos formamos uma família - a Santa Igreja - na qual Jesus Cristo é o primogénito entre muitos irmãos [3], e onde não falta a presença da Mãe, Maria Santíssima. Jesus indica-nos o caminho que é preciso percorrer para chegarmos à santidade, à plena identificação com Ele. E a Virgem Maria anima-nos, ao longo desta peregrinação, a alcançar a meta: a vida eterna com Deus e com todos os anjos e santos.A arte cristã mostra-o de forma gráfica quando oferece a imagem de Maria com o Menino nos braços à nossa veneração. Com a sua atitude, com o seu olhar, a nossa Mãe parece sugerir-nos: “olha para o meu Filho, o teu Irmão mais velho e segue, em tudo, o Seu exemplo; anda por onde Ele andou; fomenta no teu coração as ânsias Redentoras do Seu Coração; compadece-te dos teus irmãos e irmãs, como Ele se compadeceu de todos”.Nos próximos dias, milhares e milhares de pessoas irão em peregrinação aos mais variados lugares onde se venera a Santíssima Virgem, com o desejo de encontrar Jesus de novo, de se parecerem mais com Ele, seguindo o convite de S. Josemaria às suas filhas e filhos no Opus Dei, e a muitas outras pessoas. A Romaria de Maio aparece-nos já como uma alegre realidade em todas as latitudes, que vivemos sem ruído, seguindo os passos do nosso Fundador na sua primeira Romaria, em 1935. Respeito e amo essas outras manifestações públicas de piedade, mas pessoalmente prefiro tentar oferecer a Maria o mesmo afecto e o mesmo entusiasmo através de visitas pessoais ou em pequenos grupos, com sabor de intimidade [4].Muitas vezes, pomos como meta dessa peregrinação um lugar próximo da nossa casa, talvez na cidade onde vivemos ou nos arredores. Noutros casos - penso, por exemplo, nos doentes e em pessoas com outras dificuldades -, nem sequer será possível sair de casa, e, contudo, também estes podem realizar a Romaria de Maio a Nossa Senhora. Porque o importante não é a deslocação física de um sítio para outro, mas a viagem interior da alma, que nos leva a colocar-nos mais perto de Maria e, portanto, mais perto de Jesus.O Papa João Paulo II salientava que, nos locais marianos espalhados pelo mundo, se nota uma especial presença da Mãe. Sabemos que esses lugares são incontáveis e de uma enorme variedade: desde os oratórios em casas particulares e em nichos de ruas, em que a imagem da Mãe de Deus aparece luminosa, às capelas e igrejas construídas em sua honra. Todavia, saltam à vista os sítios em que os homens sentem especialmente viva a presença da nossa Mãe: os santuários marianos. «Em todos estes lugares se realiza de maneira admirável aquele testamento singular do Senhor Crucificado: aí, o homem sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com a própria Mãe. Abre-lhe o seu coração e fala-lhe de tudo: “recebe-a em sua casa”, dentro de todos os seus problemas» [5].Os fiéis recorrem a Maria naqueles lugares com o desejo de encontrarem o fortalecimento «da fé e os meios de a alimentar. Procuram os sacramentos da Igreja, sobretudo a reconciliação com Deus e o alimento eucarístico. E voltam revigorados e agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe» [6].Todos guardamos como um tesouro esta experiência. Quem não experimenta uma maior proximidade de Deus depois de ter visitado Nossa Senhora com o espírito de oração e de penitência que o nosso Padre nos ensinou? Quem não tocou já a eficácia deste recurso a Maria: para reavivar a fé de alguém que precisava, para o ajudar a estar mais perto de Deus, para abrir horizontes mais amplos a quem resistia a aceitar o chamamento do Senhor a uma entrega generosa? Jesus Cristo quer que a Sua graça nos chegue por meio de Maria. Por isso, não é indiferente deixar de ir aos santuários que o amor dos seus filhos lhe levantou. Não é indiferente passar diante de uma imagem sua sem lhe dirigir uma afectuosa saudação. Não é indiferente que deixemos passar o tempo, sem lhe cantarmos essa amorosa serenata do Santo Rosário, canção de fé, epitalâmio da alma que, por meio de Maria, encontra Jesus [7]. Comecemos já a perguntar-nos: em que posso melhorar ao olhar para as imagens da nossa Mãe? Como saborear cada Avé-Maria, a Salvé-Rainha, o Regina Coeli? A quem me proponho falar do amor de Maria e a Maria?Estas e outras devoções marianas podem dar relevo e cor ao mês de Maio. O essencial é aproximar-se cada vez mais de Jesus Cristo pela senda que a Sua Santíssima Mãe nos mostra. Cada encontro com Nossa Senhora é um convite a olhar para Cristo. Como dizia Bento XVI num santuário mariano: para o homem em busca, este convite transforma-se sempre de novo num pedido espontâneo, um pedido que se dirige em particular a Maria, que nos deu Cristo como seu Filho: “Mostra-nos Jesus!”. Assim rezamos hoje com todo o coração. E assim rezamos também, para além deste momento, interiormente, em busca do Rosto do Redentor. “Mostra-nos Jesus!”. Maria responde, apresentando-O diante de nós, antes de mais, como Menino. Deus fez-se pequenino para nós [8].Detenhamo-nos mais uma vez nas frases que S. Josemaria escreveu, pelos anos 30 do século passado, que ajudaram milhares de pessoas a meter-se por caminhos de contem­plação na vida corrente: se tens desejos de ser grande, faz-te pequeno (…). O princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima.- Queres amar a Virgem? - Pois então conversa com Ela! - Como? - Rezando bem o Rosário de Nossa Senhora [9].A meditação atenta, interiorizada, e o rezar dos mistérios do Terço fazem desfilar diante dos nossos olhos os momentos centrais da vida de Jesus e de Maria. Assim se torna mais fácil avançar pelo caminho que conduz ao Céu, rectificando o rumo, se necessário, mostrando aos que nos acompanham o atalho seguro que termina na felicidade eterna. Ao admirar estas cenas, compreendemos «que, a partir do “fiat” da humilde Serva do Senhor, a humanidade inicia o retorno a Deus e que, na glória da Toda Santa, vê a meta da sua caminhada» [10].Podemos ainda cuidar outros detalhes de afecto à Virgem Maria. Detenho-me de novo num hábito próprio de gente apaixonada, e que S. Josemaria difundiu por todo o lado: cumprimentar afectuosamente as imagens de Nossa Senhora que vemos em cada dia - numa rua ou praça, no interior de uma igreja, numa divisão da nossa casa… - fazendo acom­panhar esse olhar de alguma jaculatória, como expressão bem pessoal do nosso amor filial. O nosso Padre fazia isso e esforçava-se particularmente por saudar as imagens de Nossa Senhora dos sítios onde trabalhava ou vivia. Eram demonstrações do seu carinho filial em que reflectia o que lhe ia na alma: olhares dolorosos, agradecidos ou suplicantes - conforme as circunstâncias - mas sempre expressões de amor verdadeiro.Aconselhava também a usar na carteira ou no bolso uma imagem da Virgem Maria - como se usam fotografias das pessoas queridas - para a ter sempre muito presente e lhe dirigir expressões carinhosas. Sentia a alegria de ter contribuído para semear o mundo de representações marianas. No Opus Dei, dizia, mostrámos sempre o nosso amor a Nossa Senhora espalhando milhões de imagens suas por todo o mundo, promovendo práticas de piedade mariana em todos os Continentes: na Europa, na Ásia, na África, na América e na Oceânia: encaminhando por aí a juventude, com liberdade. Sem liberdade, não.Mas tudo isto é natural: como não havemos de amar a Mãe de Deus, que é nossa Mãe? Se precisamos dela, ainda por cima! Eu preciso dela. Tal como um miúdo pequeno, quando tem medo do escuro da noite, grita “Mamã!”, assim tenho eu que clamar muitas vezes com o coração, sem ruído de palavras: “Mãe, mamã, não me abandones!”A vida interior é assim: naturalidade, simplicidade. Eu não sei viver de outra maneira: tenho que viver como homem. E diante de Deus, que é eterno, sou uma pequena criatura que nada vale [11].Há umas palavras de um Salmo que a Liturgia aplica à Santíssima Virgem. O Salmista, vislumbrando de longe este vínculo materno que une a Mãe de Cristo e o povo crente, profetiza a respeito da Virgem Maria: “Os grandes do povo procurarão o teu sorriso” (Sl 44, 13). E assim, solicitados pela Palavra inspirada da Escritura, sempre os cristãos procuraram o sorriso de Nossa Senhora, aquele sorriso que os artistas, na Idade Média, tão prodigiosamente souberam representar e engrandecer. Este sorriso de Maria é para todos: no entanto, dirige-se de modo especial para os que sofrem, a fim de que nele possam encontrar conforto e alívio. Procurar o sorriso de Maria não é uma questão de sentimentalismo devoto ou antiquado, é antes a justa expressão da relação viva e profundamente humana que nos liga Àquela que Cristo nos deu por Mãe [12].Confiemos a Nossa Senhora todas as pessoas que sofrem, na alma ou no corpo: os doentes, os que se sentem abandonados, os que foram afectados por calamidades naturais, os que sofrem perseguição e violências de todo o tipo… Ninguém deve ficar fora da nossa oração.Rezemos especialmente - recordo-vo-lo todos os meses, porque é uma necessidade sempre actual - pela Pessoa e pelas intenções do Papa. Agora, pelos frutos da sua viagem à Terra Santa, de 8 a 15 deste mês. Rezai também pelos fiéis da Prelatura que vão receber a ordenação sacerdotal no dia 23, véspera da solenidade da Ascensão, que se celebra, em muitos países, no Domingo, dia 24. Peçamos ao Espírito Santo, por ocasião da próxima festa de Pentecostes, no último dia de Maio, que derrame copiosamente os seus dons sobre a Igreja e sobre o mundo, e que disponha os corações de todos para os receber.Regressei há dias de uma viagem ao Japão e a Taiwan, onde mais uma vez compro­vei como o espírito do Opus Dei se enraíza em pessoas de todas as raças e culturas. Nos dois países, para além de me saber acompanhado por todas e por todos, e de rezar convosco, filhas e filhos, tive duas alegrias muito especiais, entre muitas outras. Em Nagasaki, a visita a Oura, ao santuário onde se veneram os mártires daquela terra e se mantém viva a lembrança amorosa dos que conservaram a fé, apesar da dura perseguição. Em Taipé, pude assistir à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento com o templo cheio de fiéis: tínhamos entrado na igreja onde estava uma imagem da Virgem peregrina e encontrámo-nos com esse acto eucarístico. Num e noutro lugar surgia naturalmente a ideia de que temos de levar Jesus, com Maria, até ao último recanto do mundo. Dai comigo graças à Santíssima Trindade, fonte de todos os bens, e à nossa Mãe, a Virgem Maria: pela sua mediação, recebemos todas as graças. E também a S. Josemaria - no dia 17 é o aniversário da sua beatificação -, por ter sido instrumento fidelíssimo do Senhor para realizar tão abundante sementeira de santidade, de doutrina e de caridade em toda a Terra.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier

Igreja celebra Semana da Vida

A Igreja Católica em Portugal celebra, de 10 a 17 de Maio, a Semana da Vida, este ano subordinada ao tema “Vida com Valores formação na Família”. Esta iniciativa vem na sequência do apelo lançado em 1991 pelo Papa João Paulo II, na Encíclica “O Evangelho da Vida”, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.
A Semana da Vida vem focando, cada ano, aspectos a que a actualidade confere especial premência. Após o Referendo de Fevereiro de 2007, que abriu a porta à legalização da prática do aborto, a Igreja, não se eximindo ao dever de ajudar a descobrir as causas de tão grande vazio ético na sociedade portuguesa, propôs-se enfrentar com realismo as que mais directamente lhe digam respeito, designadamente, a preocupante fragilidade do processo evangelizador.
Numa situação de debate de civilização, as Semanas da Vida 2007 e 2008 incidiram sobre a evangelização em ordem à conversão pessoal e à transformação das consciências e das mentalidades.
Dando-lhes continuidade, a Semana da Vida 2009 acolhe a mensagem do mais recente Encontro Internacional das Famílias, sobre “A Família, Formadora nos Valores humanos e cristãos”.
A família, santuário da vida, é também “uma escola de humanidade e de vida cristã para todos os seus membros, com consequências benéficas para as pessoas, para a Igreja e para a sociedade” (Bento XVI, Mensagem ao VI Encontro Mundial das Famílias). Por essa razão, uma evangelização cuidada que responda ao vazio de valores éticos na sociedade não pode esquecer a família como destinatária e como sujeito activo dessa evangelização.
Esta Semana da Vida 2009 será, talvez ainda mais que as anteriores, a afirmação clara de que a defesa da vida está intimamente ligada à defesa da família, hoje tantas vezes desvalorizada, depreciada e mesmo atacada.
Defender e apoiar as famílias a fim de que os seus membros sejam pessoas livres e ricas de valores humanos e evangélicos é o caminho mais directo e eficaz para garantir a dignificação da vida e o melhor serviço que se pode oferecer à sociedade.
Do site Ecclesia

Papa destaca coragem dos cristãos da Terra Santa

Bento XVI presidiu este Domingo a uma Missa no Estádio Internacional de Amã, o maior evento da sua viagem à Jordânia, iniciada no passado dia 8. O Papa deixou uma palavra de encorajamento à comunidade cristã da Terra Santa, que desafiou a “construir novas pontes com pessoas de diferentes religiões e culturas”, e destacou o carisma particular das mulheres na Igreja.
"Quanto deve a Igreja nestas terras ao testemunho de fé e de amor de inúmeras mães cristãs, freiras, educadoras e enfermeiras, de todas aquelas mulheres que, de diferentes maneiras, dedicaram sua vida à construção da paz e à promoção do amor”, indicou, na homilia da celebração.
Diante de 50 mil pessoas oriundas da Jordânia e de comunidades cristãs dos países vizinhos, inclusive do Iraque, o Papa admitiu que esta dignidade e esta missão das mulheres nem sempre foram inteiramente “compreendidas e estimadas”.
Apesar disso, acrescentou, “é com o testemunho público de respeito pelas mulheres que a Igreja na Terra Santa pode dar uma importante contribuição ao desenvolvimento de uma cultura de verdadeira humanidade e à construção da civilização do amor”.
Aos presentes, Bento XVI disse que “a comunidade católica está aqui profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afligem todos os habitantes do Médio Oriente. Nunca se esqueçam da grande dignidade que deriva da sua herança cristã".
O Papa falou da rica diversidade da Igreja Católica na Terra Santa e lembrando a sua visita ao Monte Nebo, disse que rezou para que a Igreja nestas terras “possa ser confirmada na esperança e fortificada no seu testemunho ao Cristo Ressuscitado, o Salvador da humanidade”.
A homilia levou em conta duas celebrações: o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se assinala este Domingo, na Jordânia, e o Ano da Família, celebrado em toda a Terra Santa.
"Possa cada família cristã crescer na fidelidade a esta nobre vocação de ser uma verdadeira escola de oração, onde as crianças aprendem o sincero amor de Deus, onde amadurecem na autodisciplina e na atenção às necessidades dos outros e onde contribuem para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e fraterna", desejou.
Na Terra Santa, concluiu o pontífice, os cristãos devem ter uma coragem "especial", a “coragem da convicção que nasce de uma fé pessoal, não simplesmente de uma convicção social ou de uma tradição familiar”.
O Papa pediu ainda “a coragem para empenhar-se no diálogo e trabalhar lado a lado com os outros cristãos ao serviço do Evangelho e na solidariedade para com o pobre, o desalojado e as vítimas de profundas tragédias humanas”.
Após a Missa e antes da oração do Regina Caeli, Bento XVI falou novamente do carisma profético das mulheres, apresentando como exemplo das virtudes femininas a Virgem Maria: "Invoquemos a sua materna intercessão para todas as famílias destas terras, para que possam ser realmente escolas de oração e escolas de amor”.
Para esta tarde está prevista a visita à localidade de Betânia da transjordânia, local que a tradição identifica como aquele em que Jesus foi baptizado, por João Baptista, para a cerimónia para a bênção das primeiras pedras da Igreja dos$ católicos de rito latino e da Igreja greco-melquita.
Do site Ecclesia