domingo, 3 de agosto de 2008

Agora és meu [aos mais novitos]

- “Jesus veio à minha alma como vem o amor sicut fur”, como um ladrão, comentava Josemaria, no momento mais inesperado e enchendo de doçura a minha vida… disse: Agora és meu.
Estava-se nos dias do Natal de 1917.
Josemaria tinha 15 anos. Como todos os anos as luzes do presépio iluminavam a sala. Uma noite, enquanto dormia, os flocos de neve caíam silenciosamente na cidade de Logronho. Nevou tanto que o facto foi notícia no jornal. Bem sabia o Relojoeirinho não ser em vão que Deus cobrira de branco a
cidade… a alma de Josemaria estava preparada para um chamamento decisivo do Céu.
-Vale a pena, vale a pena!, cantou logo de manhãzinha o Relojoeirinho.
Durante a noite, tinha rezado sem parar; sabia que Deus revelaria a Josemaria qualquer coisa de
muito importante nesse dia e tinha de estar alerta contra o demónio, pois desde há um tempo via-o a rondar o rapazinho. A luz da sua fronte não lhe tinha passado despercebida e era claro como água que Josemaria era cada vez mais de Deus.
Como todos os dias, Josemaria levantou-se à hora fixa e rezou as suas orações.
“Todos os meus pensamentos, todas as minhas palavras e as obras todas do meu dia, eu tas ofereço, Senhor, e a minha inteira por amor.”
- E a vida inteira por amor, sugeria ao seu ouvido o Relojoeirinho.
E preparou-se para sair para a rua. Nessa manhã, o frio penetrava até aos ossos: muito
agasalhado e com grossas botas tentava abrir caminho na neve. Ia com cautela, olhando por onde pisava; não queria escorregar e cair na neve fria e húmida. De repente viu uma coisa que o deixou paralisado:
Umas pegadas… Pegadas de um frade descalço… E descalço na neve!!
Efectivamente, um carmelita tinha passado por ali há pouco tempo, pelo mesmo caminho, para
celebrar missa nalgum convento próximo. O facto fê-lo estremecer no seu interior. E olhando
fixamente aquelas pegadas, reflectiu:
-E eu…? Que faço eu pelo meu Deus? Se outros fazem tantos sacrifícios por amor de Deus, não
serei eu capaz de lhe oferecer nada?
O seu Anjo rezava sem parar por ele. Josemaria começou desde então a perguntar-se a si próprio:
-Deus quer “alguma coisa” de mim… mas o que será?

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