Não o tinha lido antes da Eucaristia. E confesso que, ao ouvi-lo da boca do Sacerdote, muito me afectou.
É duro. Aliás, duríssimo. Forte, muito forte.
Há uns meses atrás ouvi uma homilia de um Sacerdote, o Padre Francisco. Ao ouvir este Evangelho, a minha memória como que automaticamente se direccionou para essa homilia. Recordo muito bem que o Padre Francisco disse. Disse, entre outras coisas, que por vezes os cristãos são confrontados com imagens de Jesus Cristo em que aparece o Senhor com um "ar" doce, meloso, quase a pedir "por favor" que o Homem o reconheça como Deus. E é verdade. Quantas imagens se nos aparecem assim. Mas pior que isso: pior que a imagem que vemos é aquela que fazemos.
Disse o Padre Francisco que Jesus é doce mas também muito duro. E bastará ler os Evangelhos para o concluirmos. Lembremos Jesus expulsando os comerciantes no Templo; ou meditemos no Evangelho de hoje; ou ainda em Lucas XII, 49 quando Jesus diz ter vindo trazer fogo e separação à terra.
Por feitio, sou pouco dado a imagens melosas. Prefiro uma imagem que me transmita algo mais que a doçura. A doçura de Deus, sei-a de cor. Ele amou-me primeiro.
Uma imagem tem de me transmitir muito mais. Tem de me transmitir paz e luta. Tem de ser mais agreste, rude. Tenho de olhá-la e perceber que o reino dos céus e a almejada santidade não se consegue do nada ou pela inércia. O caminho passa pela oração, pelo jejum e abstinência, pelo apostolado, pelo Amor (que não vejo como sentimento), pela caridade, pela pureza de coração, pela castidade, pelo cumprimento dos horários, pela santificação do trabalho, pelo "minuto heróico", pelo oferecimento do trabalho, do dia e das acções, pelos Sacramentos, epal negação das muitas paixões que se nos aparecem. Não esqueçamos a nossa comunidade cristã e o trabalho que nela podemos e devemos realizar. Há tanto caminho pela frente...
Jesus convida-nos à conversão. E muitas das vezes como que nos alerta de forma duríssima. Neste dia, através de uma parábola.
Meditemos no Evangelho de hoje e coloquemos em cima da balança a nossa vida corrente, as nossas atitudes, o nosso desenvolvimento espiritual, a nossa relação com o próximo. Jesus Cristo, nosso Deus, é doce e meigo. Perfeito e Amor. Mas não O confundamos com um Deus apático, inerte, que se contenta com "uma esmola nossa de quando em vez... só para O agradarmos". Nada disso. Jesus é duro e exigente para connosco. Jesus pede rebeldia. Dizia São Josemaría, confrontado por um garoto que se dizia rebelde, que rebelde era ele. Ser cristão a sério é ser rebelde, é lutar, é mortificar, é corrigir erros, é dar tudo. Enquanto escrevo reparo que me falta muito caminho. Porventura a ti também.
Findo. No post que coloco o Evangelho, coloco igualmente um comentário de Santo Agostinho. Meditemos igualmente nesse comentário.
Jesus Cristo é tão real e presente quanto eu estar neste momento a escrever no Sulco. E pede-me rebeldia. Diz-te o mesmo, já reparaste ?
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