domingo, 6 de julho de 2008

Peregrino de Jerusalém chega dia 9 a Portugal

Depois de oito mil quilómetros a pé - de Braga a Jerusalém -, Amaro Franco cumpriu o sonho e voltará a Portugal na próxima Quarta – Feira. Em declarações à Agência ECCLESIA o peregrino sublinha que “Jerusalém nunca foi a meta porque a peregrinação está para além deste lado físico”. Nove meses depois da partida, Amaro Franco dormiu esta noite (de 4 para 5 de Julho) naquela cidade da Terra Santa. “Consegui aquilo que ansiava” – disse.
Quando colocou os pés em Jerusalém, “os sentimentos atropelam-se” e “não sei o que pensei”. Amaro Franco, 38 anos, português, natural da freguesia de Subportela (Viana do Castelo/ Portugal), cumpre assim nove meses da peregrinação que o levou de Braga à Terra Santa.
Depois de muitos milhares de quilómetros, este peregrino português “sentia-me muito cansado e com muita confusão”. Só depois de algumas horas “é que me apercebi onde estava” – realçou à Agência ECCLESIA. Totalmente a pé, atravessou doze países, visitou inúmeros santuários, dos quais os mais importantes do Cristianismo (Santiago de Compostela, Roma e agora, Jerusalém), numa peregrinação inédita.
A iniciativa intitulada «Peregrinos a Jerusalém» mobilizou e cativou gente de todas as idades e de todo o mundo, como o demonstra a grande e surpreendente vitalidade do "Diário de Viagem" que Amaro Franco escreve diariamente na Internet (em www.amarofranco.wordpress.com)”.
Com Jerusalém à vista, Amaro Franco contou que “me vieram as lágrimas aos olhos”. E acrescenta: “Não foi apenas o Amaro que chegou, mas um conjunto grande de pessoas”.
Na próxima Segunda – Feira (dia 7 de Julho) irá a Belém e dia 8 deste mês “voarei para Paris (França)”. Uma Rádio portuguesa de Paris ofereceu-lhe o bilhete de voo para a capital de França. No dia seguinte “estarei na cidade do Porto”.
Em declarações recentes à Agência ECCLESIA, Amaro Franco confessa que não é um homem com grande fé, pois teve de deixar tudo para ir em busca da fé, é um homem feliz, mas sobretudo “exausto” pelo grande e continuo esforço diário que representa caminhar, estar atento e aberto ao outro e ainda escrever as suas crónicas.
Em entrevista telefónica, Amaro Franco confessou o “cansaço”. “Estou bastante exausto: fisicamente, mentalmente, psicologicamente e emocionalmente” que deriva desta longa caminhada, que já passou por Santiago de Compostela (túmulo de S. Tiago Apostolo), Oviedo (Camara Santa), Lourdes, Montpellier (relíquias de S. Roque), Saint-Gilles (túmulo de S. Gilles), Aix-en-Provence (túmulo de Nostradamus), S. Maximin (túmulo de Santa Maria Magdalena), Roma (S. Pedro e S. Paulo), Assis (túmulo de S. Francisco), Padova (túmulo de Santo António)... e ultimamente na Terra Santa (correspondente ao Reino de David), Ma'aloula (túmulo de Santa Tecla), Saydnaya (a Chahoura), Damasco (túmulo de S. João Baptista e lugares paulinos) e Israel. “Passei nos locais emblemáticos do cristianismo” – frisou Amaro. E acentua: “passo a ter referências visuais quando leio a Bíblia”.

Fotografia polémica
Recorde-se que Amaro Franco esteve ilegalmente preso, durante 28 horas, pelas forças militares sírias, experiência que o peregrino atribuiu a um mal-entendido por causa de uma “fotografia” a uma colina que, afinal, era também uma “base militar”. Algo que esteve para se repetir na Jordânia por causa da “mochila” do peregrino. “Pensaram que poderia ser um possível bombista” – realçou.
Na Síria não sentiu a vida em risco porque “levei aquilo na brincadeira” – afirmou. E relata: “disse às autoridades que se o problema é a fotografia apaga-se a fotografia”. No entanto, “eles não entenderam ou quiseram entender”.
Apesar destes acontecimentos, Amaro Franco guarda também pontos positivos da caminhada. “O sorriso das pessoas e os contactos estabelecidos”. Durante o percurso “não me limitei a olhar apenas para a frente, gosto de observar tudo o que me rodeia”.
Nestes meses de caminho, Amaro Franco afirma que chegou a desanimar e “pensei em desistir”. No início de muitas tardes - “quando o cansaço apertava” -, o peregrino sentia-se só. “Cheguei a perder-me e, muitas vezes, não percebia as pessoas” – reconhece.

Dados biográficos de Amaro Franco
O «peregrino de Jerusalém» nasceu a 10 de Janeiro de 1971, em França, e tem nacionalidade portuguesa, residindo em Braga. Amaro Franco realizou a sua primeira peregrinação a Santiago de Compostela na Semana Santa de 1992, efectuando-a em bicicleta. Volta ao mesmo santuário, também em bicicleta, na Semana Santa de 1993 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo). Nesse ano percorre ainda o Caminho do Norte de Santiago até Oviedo e Covadonga, o Caminho Astur-Leonês de Oviedo até Léon e, o Caminho Francês de Léon até Santiago de Compostela.
Volta a Santiago de Compostela em 1999 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo), saindo, a pé, de Viana do Castelo. Realiza esta peregrinação com um micro fractura no pé direito, a qual o impossibilitava de andar normalmente desde de há meses. Chega ao túmulo do Apóstolo após oito dias de marcha.
Desde do ano de 2004 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo), peregrina diversas vezes, a pé, ao santuário compostelano, saindo de Braga, Viana do Castelo e Valença do Minho.
Realizou, a pé, a peregrinação a Roma no ano de 2001: Foram cerca de 3000 quilómetros percorridos em 126 dias. Amaro Franco é, desde 1999, membro da “Archicofradia Universal del Apóstol Santiago”.

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