Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!
A oração é e será sempre a primeira arma para conseguir o dom divino da união dos cristãos. Procurámos usá-la de modo particular nas últimas semanas, por ocasião do oitavário pela unidade, que, neste ano – dedicado a S. Paulo – teve uma especial relevância.
A oração é e será sempre a primeira arma para conseguir o dom divino da união dos cristãos. Procurámos usá-la de modo particular nas últimas semanas, por ocasião do oitavário pela unidade, que, neste ano – dedicado a S. Paulo – teve uma especial relevância.
Além disso, no Opus Dei, como S. Josemaria recomendava, todos os dias rezamos pro unitate apostolatus, pedindo a Deus que todos os que invocam o nome de Jesus Cristo e O reconhecem como Senhor cheguem a ser, quanto antes, um só rebanho sob um só pastor.
Quero agora recordar-vos que, juntamente com a oração, toda a tarefa apostólica – também, portanto, o trabalho a favor da unidade dos cristãos – deve ser acompanhada pela expiação alegre e generosa, que nos une estreitamente a Jesus Cristo. Não esqueçamos que, na Cruz, Nosso Senhor nos redimiu dos nossos pecados e nos abriu o caminho para nos identificarmos com Ele.
O nosso Padre costumava dizer que a mortificação é «a oração dos sentidos». Temos de amar Cristo na Cruz e partilhar com Ele as nossas pequenas e grandes contrariedades – para além da penitência pessoal e voluntária –, felizes por podermos colaborar no crescimento do Corpo Místico, como o Apóstolo nos ensina. Alegro-me agora nos sofrimentos por vós e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, pelo Seu Corpo, que é a Igreja.
Em muitos lugares não se compreende o valor de purificação e corredenção que tem a dor aceite e oferecida em união com Jesus Cristo. É extremamente actual a consideração de S. Josemaria numa das Estações da Via Sacra: «Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis queacontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural. Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!...
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et ressurrectio nostra, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição».
Convido-vos a aprofundar nestas palavras, especialmente nas próximas semanas, ao preparar-nos para celebrar o dia 14 de Fevereiro – dia de acção de graças no Opus Dei, por ser aniversário de duas datas fundacionais –, e também na última semana do mês, por ocasião do tempo da Quaresma.
Quero agora recordar-vos que, juntamente com a oração, toda a tarefa apostólica – também, portanto, o trabalho a favor da unidade dos cristãos – deve ser acompanhada pela expiação alegre e generosa, que nos une estreitamente a Jesus Cristo. Não esqueçamos que, na Cruz, Nosso Senhor nos redimiu dos nossos pecados e nos abriu o caminho para nos identificarmos com Ele.
O nosso Padre costumava dizer que a mortificação é «a oração dos sentidos». Temos de amar Cristo na Cruz e partilhar com Ele as nossas pequenas e grandes contrariedades – para além da penitência pessoal e voluntária –, felizes por podermos colaborar no crescimento do Corpo Místico, como o Apóstolo nos ensina. Alegro-me agora nos sofrimentos por vós e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, pelo Seu Corpo, que é a Igreja.
Em muitos lugares não se compreende o valor de purificação e corredenção que tem a dor aceite e oferecida em união com Jesus Cristo. É extremamente actual a consideração de S. Josemaria numa das Estações da Via Sacra: «Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis queacontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural. Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!...
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et ressurrectio nostra, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição».
Convido-vos a aprofundar nestas palavras, especialmente nas próximas semanas, ao preparar-nos para celebrar o dia 14 de Fevereiro – dia de acção de graças no Opus Dei, por ser aniversário de duas datas fundacionais –, e também na última semana do mês, por ocasião do tempo da Quaresma.
Ao referir-se a estes momentos fundacionais – o começo do trabalho apostólico da Obra com as mulheres, em 1930, e o da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, em 1943 –, o nosso Padre transbordava de agradecimento a Deus. No facto destes dois eventos da história da Obra terem coincidido na mesma data, se bem que em anos diferentes, S. Josemaria descobria uma particular demonstração da Providência divina.
Por um lado, via nessa coincidência uma manifestação da unidade essencial entre os diversos membros do Povo de Deus que compõem a Obra. Ao mesmo tempo, S. Josemaria compreendeu com nova clareza que Cristo na Cruz há-de presidir a todas e a cada uma das actividades dos membros do Opus Dei. Em Agosto de 1931, o Senhor tinha-lhe feito entender que desejava que os homens e as mulheres de Deus pusessem a Cruz no cume de todas as actividades humanas, mediante o seu trabalho profissional santificado e santificante. Este desejo divino ficava ratificado a 14 de Fevereiro de 1943, quando, como o nosso Fundador afirmava, «o Senhor quis coroar a Sua Obra com a Santa Cruz».
A profunda união teológica, espiritual e apostólica de leigos e sacerdotes, característica do Opus Dei desde o princípio, recebeu a sua configuração jurídica adequada ao ser erigido pelo Romano Pontífice João Paulo II em prelatura pessoal. Agradeçamos à Santíssima Trindade a eficácia desta cooperação orgânica dos presbíteros e dos leigos na missão da Igreja pro mundi vita, para a salvação do mundo.
A propósito destes aniversários, S. Josemaria comentava a dada altura: «pensava eu que no Opus Dei só haveria homens. Não é que não quisesse as mulheres – amo muito a Mãe de Deus; amo a minha mãe e as vossas; estimo todas as minhas filhas, que são uma bênção de Deus no mundo inteiro –, mas antes de 14 de Fevereiro de 1930, eu nada sabia da vossa existência no Opus Dei, embora tivesse gravado no meu coração o desejo de cumprir em tudo a Vontade de Deus. E quando acabei de celebrar nesse dia a Santa Missa, sabia já que o Senhor queria a Secção feminina. Depois, a 14 de Fevereiro de 1943, quis coroar o Seu edifício com a Cruz: a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz» .
E acrescentava, dirigindo-se especificamente às mulheres da Obra: «minhas filhas, tendes alma sacerdotal, repito-vos com S. Pedro: vos autem genus electum, regale sacerdotium, gens sancta, populus acquisitionis (1 Pe 2, 9). Sois linhagem escolhida, sacerdócio real, nação santa… e tendes, além disso, o privilégio de ter Deus escolhido uma mulher para Sua Mãe: a sempre Virgem, nossa Mãe Santa Maria, que permaneceu ao pé da Cruz, com valentia, com Amor. Dela aprendeis a ser corredentoras (…). Com as vossas ânsias de adorar a Deus, de reparar, de agradecer, de pedir, pondes o que falta, como diz S. Paulo, à Paixão de Cristo: et adimpleo ea quae desunt passionum Christi in carne mea pro corpore eius, quod est Ecclesia (Col 1, 24). E o Senhor, que é o Semeador Divino – lembrais a parábola – toma-vos nas Suas mãos ensanguentadas, aperta-vos como dois punhados de trigo e lança-vos ao ar para vos espalhar por toda a Terra. Sois bênção do Senhor. Sois fecundidade do Senhor e, com a Sua ajuda, podeis tudo».
A alma sacerdotal é característica de todos os cristãos, infundida em nós pelo Baptismo e pela Confirmação. Deus quer que ela esteja sempre activa em todos, assim como, de modo análogo, a alma humana informa os vários membros do corpo com a sua virtude, em todos os momentos. Mantenhamos sempre vivo este espírito sacerdotal que há-de ser como o bater do coração: um impulso espiritual que leva à união com Jesus crucificado e ressuscitado, com o desejo de nos fazermos inteiramente Seus instrumentos para a salvação das almas.
Por um lado, via nessa coincidência uma manifestação da unidade essencial entre os diversos membros do Povo de Deus que compõem a Obra. Ao mesmo tempo, S. Josemaria compreendeu com nova clareza que Cristo na Cruz há-de presidir a todas e a cada uma das actividades dos membros do Opus Dei. Em Agosto de 1931, o Senhor tinha-lhe feito entender que desejava que os homens e as mulheres de Deus pusessem a Cruz no cume de todas as actividades humanas, mediante o seu trabalho profissional santificado e santificante. Este desejo divino ficava ratificado a 14 de Fevereiro de 1943, quando, como o nosso Fundador afirmava, «o Senhor quis coroar a Sua Obra com a Santa Cruz».
A profunda união teológica, espiritual e apostólica de leigos e sacerdotes, característica do Opus Dei desde o princípio, recebeu a sua configuração jurídica adequada ao ser erigido pelo Romano Pontífice João Paulo II em prelatura pessoal. Agradeçamos à Santíssima Trindade a eficácia desta cooperação orgânica dos presbíteros e dos leigos na missão da Igreja pro mundi vita, para a salvação do mundo.
A propósito destes aniversários, S. Josemaria comentava a dada altura: «pensava eu que no Opus Dei só haveria homens. Não é que não quisesse as mulheres – amo muito a Mãe de Deus; amo a minha mãe e as vossas; estimo todas as minhas filhas, que são uma bênção de Deus no mundo inteiro –, mas antes de 14 de Fevereiro de 1930, eu nada sabia da vossa existência no Opus Dei, embora tivesse gravado no meu coração o desejo de cumprir em tudo a Vontade de Deus. E quando acabei de celebrar nesse dia a Santa Missa, sabia já que o Senhor queria a Secção feminina. Depois, a 14 de Fevereiro de 1943, quis coroar o Seu edifício com a Cruz: a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz» .
E acrescentava, dirigindo-se especificamente às mulheres da Obra: «minhas filhas, tendes alma sacerdotal, repito-vos com S. Pedro: vos autem genus electum, regale sacerdotium, gens sancta, populus acquisitionis (1 Pe 2, 9). Sois linhagem escolhida, sacerdócio real, nação santa… e tendes, além disso, o privilégio de ter Deus escolhido uma mulher para Sua Mãe: a sempre Virgem, nossa Mãe Santa Maria, que permaneceu ao pé da Cruz, com valentia, com Amor. Dela aprendeis a ser corredentoras (…). Com as vossas ânsias de adorar a Deus, de reparar, de agradecer, de pedir, pondes o que falta, como diz S. Paulo, à Paixão de Cristo: et adimpleo ea quae desunt passionum Christi in carne mea pro corpore eius, quod est Ecclesia (Col 1, 24). E o Senhor, que é o Semeador Divino – lembrais a parábola – toma-vos nas Suas mãos ensanguentadas, aperta-vos como dois punhados de trigo e lança-vos ao ar para vos espalhar por toda a Terra. Sois bênção do Senhor. Sois fecundidade do Senhor e, com a Sua ajuda, podeis tudo».
A alma sacerdotal é característica de todos os cristãos, infundida em nós pelo Baptismo e pela Confirmação. Deus quer que ela esteja sempre activa em todos, assim como, de modo análogo, a alma humana informa os vários membros do corpo com a sua virtude, em todos os momentos. Mantenhamos sempre vivo este espírito sacerdotal que há-de ser como o bater do coração: um impulso espiritual que leva à união com Jesus crucificado e ressuscitado, com o desejo de nos fazermos inteiramente Seus instrumentos para a salvação das almas.
Como influencia o Santo Sacrifício do altar o teu dia, o teu trabalho, a tua fraternidade, o teu apostolado? Cresce diariamente o teu amor à Paixão do Senhor? Fomentas na tua alma a necessidade da penitência?
Filhas e filhos meus, foi neste mês que o nosso Padre, num impulso invencível de afecto, dirigiu ao Senhor aquelas palavras, enquanto distribuía a Sagrada Comunhão às freiras na Igreja do Patronato de Santa Isabel: «amo-Te mais do que estas». E ouviu a forte censura divina – «obras é que são amores e não boas palavras» –, a petição de não desistir da oração e da expiação que já lhe consumiam a alma.
A experiência de S. Paulo, homem amante da Cruz e cheio de zelo pela salvação do mundo, há-de repetir-se em todos os fiéis. O Papa Bento XVI recordou-o com frequência durante este ano dedicado ao Apóstolo. «Para S. Paulo – dizia numa audiência – a Cruz tem um primado fundamental na história da humanidade; ela representa o ponto focal da sua teologia, porque dizer Cruz significa dizer salvação como graça concedida a cada criatura. O tema da Cruz torna-se um elemento essencial e primário da pregação do Apóstolo».
S. Paulo não renuncia a pregar a necessidade da Cruz em nenhum momento, nem sequer em cidades – como Corinto – onde reinava um acentuado hedonismo. Não passemos por alto este exemplo concreto de actuação, que todos devemos seguir, especialmente nestes tempos. Efectivamente, a mensagem da Cruz – anunciava o Apóstolo sem respeitos humanos – é uma loucura para os que se perdem, mas para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus (…). Quis Deus salvar os crentes por meio da loucura da pregação. Enquanto os Judeus exigem milagres e os Gregos buscam a sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os Judeus e loucura para os gentios .
Hoje como sempre, é grande a urgência de insistir com as almas para que ouçam estas verdades com essa linguagem clara e, ao mesmo tempo, optimista, estimulante, carregada de esperança. «O Apóstolo quer recordar, não apenas aos Coríntios ou aos Gálatas, mas a todos nós, que o Ressuscitado é sempre Aquele que foi crucificado. O “escândalo” e a “loucura” da Cruz encontram-se precisamente no facto de que, onde parece existir somente falência, dor e derrota, exactamente aí está todo o poder do Amor ilimitado de Deus, porque a Cruz é expressão de amor, e o Amor é o verdadeiro poder que se revela precisamente nesta aparente debilidade».
O amor a Cristo dá razão da extraordinária força de Saulo para espalhar a mensagem cristã por todo o mundo. «Paulo é apresentado por muitos como homem combativo que sabe manobrar a espada da palavra. De facto, no seu caminho de apóstolo não faltaram contendas. Não procurou uma harmonia superficial (…). A verdade era para ele demasiado grande para estar disposto a sacrificá-la em vista de um sucesso externo. Para ele a verdade que tinha experimentado no encontro com o Ressuscitado merecia bem a luta, a perseguição, o sofrimento. Mas o que o motivava no mais profundo do seu ser era ser amado por Jesus Cristo e o desejo de transmitir aos outros este amor. Paulo era uma pessoa capaz de amar, e todo o seu agir e sofrer só se explica a partir deste centro. Os conceitos fundamentais do seu anúncio compreendem-se unicamente com base nele».
Nestas linhas se descreve perfeitamente o motor da alma sacerdotal, apostólica, que todos havemos de fomentar. Trazem o eco de outras palavras do Apóstolo: caritas Christi urget nos, o Amor de Cristo nos urge. E daquelas outras: Porquanto, se eu evangelizar, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação. Ai de mim se não evangelizar! . O ardente anseio de ser fiel ao mandato de Cristo, o mesmo que recebemos todos os cristãos, impulsionou Paulo a viajar incansavelmente por todo o lado, dando a conhecer Jesus, sem ter em conta as penas e sacrifícios que o cumprimento da sua missão implicava. O mesmo desejo impulsionava os primeiros cristãos. «Lá vão todos – recordava S. Josemaria em momentos de grave perseguição religiosa –, com a sua pureza, decididos a limpar o charco sujo e verdoso do mundo pagão(...). A sociedade romana, atónita, começa a ver que homens jovens, com fortaleza de corpo e de alma, se convertem em apóstolos da nova fé. Não se segregaram do mundo e nada os distingue dos outros, a não ser, talvez, essa luz vibrante que lhes arde dentro do peito. Contempla também as virgens, pertencentes a famílias patrícias da Roma imperial e à plebe, que coroam a sua inocência com a penitência. E começam a notar-se os efeitos de um apostolado perseverante, sem intermitências, transbordante de generosidade e sacrifício. No meio do bulício das festas nos anfiteatros e no meio de banquetes monstruosos, a voz de Cristo soa cada vez mais fortemente».
Sim, filhas e filhos meus: só em Jesus Cristo encontramos a razão do nosso serviço às almas, que desejamos que cresça cada dia com mais intensidade e com um zelo profundo. Se nos enamoramos “loucamente” d’Ele, como S. Paulo, nenhum obstáculo ou dificuldade – nem externo nem interno – poderá travar o nosso apostolado. Meditemos noutras palavras de S. Josemaria, que, seguindo as pegadas do Apóstolo, se perguntava: «De onde tirava S. Paulo esta força? Omnia possum in eo qui me confortat! (Fil 4, 13). Tudo posso, porque só Deus me dá esta fé, esta esperança, esta caridade. Custa-me muito acreditar na eficácia sobrenatural de um apostolado que não esteja apoiado, solidamente centrado numa vida de contínua intimidade com o Senhor. E isto no meio do trabalho, dentro de casa ou no meio da rua, com todos os problemas mais ou menos importantes que surgem todos os dias. Aí, em qualquer sítio onde se esteja, não fora daí, mas com o coração em Deus. E então as nossas palavras e acções – até as nossas misérias – exalarão o bonus odor Christi (2 Cor 2, 15), o perfume de Cristo, que os outros forçosamente hão-de notar: eis um verdadeiro cristão».
Dentro de poucos dias, a 19 de Fevereiro, celebrava o queridíssimo D. Álvaro o seu santo. Sigamos também o exemplo deste Servo de Deus que tão profundamente imprimiu no seu coração o zelo pela salvação das almas. Rezemos para que o iter da sua causa de canonização decorra a bom ritmo. Sem antecipar de modo algum o juízo da Igreja, estamos certos de que o reconhecimento da heroicidade das suas virtudes será mais um impulso para que muitas pessoas se decidam a converter todos os momentos e circunstâncias da sua vida em ocasião de amar e de servir o Reino de Jesus Cristo .
Também no dia 21 terei a alegria de conferir o diaconado a dois irmãos vossos Agregados. Vem-me com força à memória o desejo de S. Josemaria de poder contar com este serviço dos seus filhos Agregados: não o viu feito realidade na Terra, mas a sua oração e a sua expiação chegaram ao Céu. E bem podeis aplicar-vos a ideia de que sois, somos todos, fruto desta oração, que continua no Céu, e daquela generosa e alegre expiação que praticou enquanto vivia connosco.
Ontem o Santo Padre Bento XVI recebeu-me em Audiência privada. Não resisto a acrescentar estas linhas à carta, para vos animar uma vez mais a agradecer o seu grande afecto e interesse, e a sua Bênção paternal para todas as pessoas e trabalhos apostólicos da Prelatura. Rezemos muito pela sua Pessoa, pelo seu trabalho e pelas suas intenções.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier
Filhas e filhos meus, foi neste mês que o nosso Padre, num impulso invencível de afecto, dirigiu ao Senhor aquelas palavras, enquanto distribuía a Sagrada Comunhão às freiras na Igreja do Patronato de Santa Isabel: «amo-Te mais do que estas». E ouviu a forte censura divina – «obras é que são amores e não boas palavras» –, a petição de não desistir da oração e da expiação que já lhe consumiam a alma.
A experiência de S. Paulo, homem amante da Cruz e cheio de zelo pela salvação do mundo, há-de repetir-se em todos os fiéis. O Papa Bento XVI recordou-o com frequência durante este ano dedicado ao Apóstolo. «Para S. Paulo – dizia numa audiência – a Cruz tem um primado fundamental na história da humanidade; ela representa o ponto focal da sua teologia, porque dizer Cruz significa dizer salvação como graça concedida a cada criatura. O tema da Cruz torna-se um elemento essencial e primário da pregação do Apóstolo».
S. Paulo não renuncia a pregar a necessidade da Cruz em nenhum momento, nem sequer em cidades – como Corinto – onde reinava um acentuado hedonismo. Não passemos por alto este exemplo concreto de actuação, que todos devemos seguir, especialmente nestes tempos. Efectivamente, a mensagem da Cruz – anunciava o Apóstolo sem respeitos humanos – é uma loucura para os que se perdem, mas para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus (…). Quis Deus salvar os crentes por meio da loucura da pregação. Enquanto os Judeus exigem milagres e os Gregos buscam a sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os Judeus e loucura para os gentios .
Hoje como sempre, é grande a urgência de insistir com as almas para que ouçam estas verdades com essa linguagem clara e, ao mesmo tempo, optimista, estimulante, carregada de esperança. «O Apóstolo quer recordar, não apenas aos Coríntios ou aos Gálatas, mas a todos nós, que o Ressuscitado é sempre Aquele que foi crucificado. O “escândalo” e a “loucura” da Cruz encontram-se precisamente no facto de que, onde parece existir somente falência, dor e derrota, exactamente aí está todo o poder do Amor ilimitado de Deus, porque a Cruz é expressão de amor, e o Amor é o verdadeiro poder que se revela precisamente nesta aparente debilidade».
O amor a Cristo dá razão da extraordinária força de Saulo para espalhar a mensagem cristã por todo o mundo. «Paulo é apresentado por muitos como homem combativo que sabe manobrar a espada da palavra. De facto, no seu caminho de apóstolo não faltaram contendas. Não procurou uma harmonia superficial (…). A verdade era para ele demasiado grande para estar disposto a sacrificá-la em vista de um sucesso externo. Para ele a verdade que tinha experimentado no encontro com o Ressuscitado merecia bem a luta, a perseguição, o sofrimento. Mas o que o motivava no mais profundo do seu ser era ser amado por Jesus Cristo e o desejo de transmitir aos outros este amor. Paulo era uma pessoa capaz de amar, e todo o seu agir e sofrer só se explica a partir deste centro. Os conceitos fundamentais do seu anúncio compreendem-se unicamente com base nele».
Nestas linhas se descreve perfeitamente o motor da alma sacerdotal, apostólica, que todos havemos de fomentar. Trazem o eco de outras palavras do Apóstolo: caritas Christi urget nos, o Amor de Cristo nos urge. E daquelas outras: Porquanto, se eu evangelizar, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação. Ai de mim se não evangelizar! . O ardente anseio de ser fiel ao mandato de Cristo, o mesmo que recebemos todos os cristãos, impulsionou Paulo a viajar incansavelmente por todo o lado, dando a conhecer Jesus, sem ter em conta as penas e sacrifícios que o cumprimento da sua missão implicava. O mesmo desejo impulsionava os primeiros cristãos. «Lá vão todos – recordava S. Josemaria em momentos de grave perseguição religiosa –, com a sua pureza, decididos a limpar o charco sujo e verdoso do mundo pagão(...). A sociedade romana, atónita, começa a ver que homens jovens, com fortaleza de corpo e de alma, se convertem em apóstolos da nova fé. Não se segregaram do mundo e nada os distingue dos outros, a não ser, talvez, essa luz vibrante que lhes arde dentro do peito. Contempla também as virgens, pertencentes a famílias patrícias da Roma imperial e à plebe, que coroam a sua inocência com a penitência. E começam a notar-se os efeitos de um apostolado perseverante, sem intermitências, transbordante de generosidade e sacrifício. No meio do bulício das festas nos anfiteatros e no meio de banquetes monstruosos, a voz de Cristo soa cada vez mais fortemente».
Sim, filhas e filhos meus: só em Jesus Cristo encontramos a razão do nosso serviço às almas, que desejamos que cresça cada dia com mais intensidade e com um zelo profundo. Se nos enamoramos “loucamente” d’Ele, como S. Paulo, nenhum obstáculo ou dificuldade – nem externo nem interno – poderá travar o nosso apostolado. Meditemos noutras palavras de S. Josemaria, que, seguindo as pegadas do Apóstolo, se perguntava: «De onde tirava S. Paulo esta força? Omnia possum in eo qui me confortat! (Fil 4, 13). Tudo posso, porque só Deus me dá esta fé, esta esperança, esta caridade. Custa-me muito acreditar na eficácia sobrenatural de um apostolado que não esteja apoiado, solidamente centrado numa vida de contínua intimidade com o Senhor. E isto no meio do trabalho, dentro de casa ou no meio da rua, com todos os problemas mais ou menos importantes que surgem todos os dias. Aí, em qualquer sítio onde se esteja, não fora daí, mas com o coração em Deus. E então as nossas palavras e acções – até as nossas misérias – exalarão o bonus odor Christi (2 Cor 2, 15), o perfume de Cristo, que os outros forçosamente hão-de notar: eis um verdadeiro cristão».
Dentro de poucos dias, a 19 de Fevereiro, celebrava o queridíssimo D. Álvaro o seu santo. Sigamos também o exemplo deste Servo de Deus que tão profundamente imprimiu no seu coração o zelo pela salvação das almas. Rezemos para que o iter da sua causa de canonização decorra a bom ritmo. Sem antecipar de modo algum o juízo da Igreja, estamos certos de que o reconhecimento da heroicidade das suas virtudes será mais um impulso para que muitas pessoas se decidam a converter todos os momentos e circunstâncias da sua vida em ocasião de amar e de servir o Reino de Jesus Cristo .
Também no dia 21 terei a alegria de conferir o diaconado a dois irmãos vossos Agregados. Vem-me com força à memória o desejo de S. Josemaria de poder contar com este serviço dos seus filhos Agregados: não o viu feito realidade na Terra, mas a sua oração e a sua expiação chegaram ao Céu. E bem podeis aplicar-vos a ideia de que sois, somos todos, fruto desta oração, que continua no Céu, e daquela generosa e alegre expiação que praticou enquanto vivia connosco.
Ontem o Santo Padre Bento XVI recebeu-me em Audiência privada. Não resisto a acrescentar estas linhas à carta, para vos animar uma vez mais a agradecer o seu grande afecto e interesse, e a sua Bênção paternal para todas as pessoas e trabalhos apostólicos da Prelatura. Rezemos muito pela sua Pessoa, pelo seu trabalho e pelas suas intenções.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier
Sem comentários:
Enviar um comentário