Paulo de Tarso, o "apóstolo das gentes", é uma figura absolutamente incontornável da história do cristianismo. Com ele, o cristianismo saltou os limites estreitos das fronteiras religiosas e étnicas do mundo judaico, atingindo o coração do mundo helénico. Humanamente falando, foi Paulo quem fez com que o movimento de Jesus de Nazaré ultrapassasse o simples estatuto de uma seita desgarrada da ortodoxia judaica de Jerusalém, para se tornar uma proposta verdadeiramente universal, capaz de interessar e de cativar todos os homens e mulheres, de todas as raças e culturas.
Missionário por vocação
No ponto de partida dessa espantosa aventura missionária que vai levar o Evangelho à conquista do mundo greco-romano, está o encontro de Paulo com Cristo, na estrada de Damasco (cf. Act 9,1-18; 22,5-11; 26,12-18).
O próprio Paulo sugere que esse encontro foi um acontecimento repentino, inesperado, que resultou da acção livre, gratuita e soberana de Deus (cf. Gal 1,13-17; 1 Cor 9,1; 15,8; Flp 3,12), na linha das histórias proféticas de vocação. Em qualquer caso, esse encontro com Jesus de Nazaré, vivo e ressuscitado, levou Paulo a alterar a sua existência, fêlo repensar o seu caminho e tomar consciência da sua vocação. Ao encontrar Jesus Cristo, Paulo apaixona-se por ele; ao apaixonar-se por ele, descobre a força libertadora do seu projecto; e a descoberta do projecto salvador de Deus apresentado em Jesus, gera em Paulo a urgência de uma missão evangelizadora que é imprescindível concretizar: "ai de mim, se eu não evangelizar!" (1 Cor 9,16).
Este "ai" - que lembra os "ais" proféticos - traduz o sentimento de um homem que tem a consciência absoluta de que não pode demitir-se de testemunhar Jesus ressuscitado, porque senão toda a sua vida, tudo aquilo que ele é, tudo aquilo que dá sentido e forma à sua existência, se desmorona completamente. A sua vocação fundamental é "anunciar o Evangelho de Deus" (Rom 1,1; cf. 1 Cor 1,1): só dessa forma a sua vida fará sentido.
Missionário por vocação
No ponto de partida dessa espantosa aventura missionária que vai levar o Evangelho à conquista do mundo greco-romano, está o encontro de Paulo com Cristo, na estrada de Damasco (cf. Act 9,1-18; 22,5-11; 26,12-18).
O próprio Paulo sugere que esse encontro foi um acontecimento repentino, inesperado, que resultou da acção livre, gratuita e soberana de Deus (cf. Gal 1,13-17; 1 Cor 9,1; 15,8; Flp 3,12), na linha das histórias proféticas de vocação. Em qualquer caso, esse encontro com Jesus de Nazaré, vivo e ressuscitado, levou Paulo a alterar a sua existência, fêlo repensar o seu caminho e tomar consciência da sua vocação. Ao encontrar Jesus Cristo, Paulo apaixona-se por ele; ao apaixonar-se por ele, descobre a força libertadora do seu projecto; e a descoberta do projecto salvador de Deus apresentado em Jesus, gera em Paulo a urgência de uma missão evangelizadora que é imprescindível concretizar: "ai de mim, se eu não evangelizar!" (1 Cor 9,16).
Este "ai" - que lembra os "ais" proféticos - traduz o sentimento de um homem que tem a consciência absoluta de que não pode demitir-se de testemunhar Jesus ressuscitado, porque senão toda a sua vida, tudo aquilo que ele é, tudo aquilo que dá sentido e forma à sua existência, se desmorona completamente. A sua vocação fundamental é "anunciar o Evangelho de Deus" (Rom 1,1; cf. 1 Cor 1,1): só dessa forma a sua vida fará sentido.
Os caminhos do anúncio do Evangelho
O imperativo da evangelização traduz-se, para Paulo, em sucessivas viagens missionárias, que o levam a percorrer, ao serviço de Cristo e do Evangelho, toda a Ásia Menor e Grécia, ao longo de mais de uma dezena de anos. Logo no ano 45, Paulo parte de Antioquia da Síria para uma primeira grande viagem missionária, que se prolonga até ao ano 48 e que o vai levar, por Chipre, até ao sul da Ásia Menor.
Acompanhado de Barnabé, Paulo prega nas sinagogas de Antioquia da Pisídia, Icónio, Listra e Derbe (cf. Act 13,3- 14,28); mas rapidamente a Boa Nova levada pelos dois missionários salta os muros da sinagoga e desafia os homens e as mulheres de cultura helénica. O Evangelho começa, então, a ser uma proposta com dimensão universal. Entre os anos 49 e 52, Paulo - acompanhado por Silas - percorre toda a Ásia Menor (Cilícia, Frígia, Galácia, Mísia), passando depois para a Macedónia e descendo para o sul da Grécia, até Atenas e Corinto, antes de regressar a Antioquia da Síria (cf. Act 15,35-18,22). É durante esta viagem que o Evangelho de Jesus se instala, decididamente, no mundo grego e aí cria raízes fortes e definitivas em cidades como Filipos, Tessalónica ou Corinto.
De 53 a 58, Paulo volta a percorrer a Galácia, a Frígia, a Macedónia e a Grécia (cf. Act 18,23-21,26), numa viagem que não é tanto de criação de novas comunidades, mas que é, sobretudo, de confirmação na fé e de consolidação das Igrejas já existentes. Éfeso tornar-se-á, durante este período, a "base de acção" de Paulo.
Ao olharmos para o mapa físico das viagens missionárias de Paulo ficamos, naturalmente, impressionados pela imensidão dos espaços percorridos, numa época e num contexto em que as deslocações não tinham a facilidade, a comodidade e a tranquilidade que os viajantes do nosso tempo encontram e conhecem. Paulo percorreu, ao serviço do Evangelho, muitos milhares de quilómetros (há quem fale em cerca de 20 000 km), em viagens longas, incómodas e arriscadas…
No entanto, para além da frieza dos números que nos são dados pelos mapas, no que diz respeito a distâncias percorridas, somos naturalmente levados a pensar num "caminho" muito mais complexo, marcado por fadigas sem conta, sofrimentos indizíveis e riscos de toda a espécie. Na segunda carta aos Coiríntios (cf. 2 Cor 11,24-28), respondendo àqueles que punham em causa o seu direito a usar o título de apóstolo, Paulo recorda os trabalhos, as prisões, todos os perigos e riscos que teve de enfrentar por causa do Evangelho.
A descrição que Paulo aí apresenta não desenha, nem de perto nem de longe, o quadro completo de tudo o que ele viveu, sofreu e arriscou; mas tem, em pano de fundo, a convicção profunda, a decisão irrevogável e a força impressionante de um homem que deu toda a sua vida à missão que recebeu e que não hesitou diante de nenhum risco a fim de levar Jesus ao encontro do mundo.
Um tesouro transportado em vasos de argila
O que move o "apóstolo das gentes" em todo este afã missionário, não são interesses humanos ou projectos pessoais (cf. 2 Cor 10,2), mas um mandato recebido de Deus. Paulo não se prega a si mesmo, mas a Cristo Jesus. É para levar Cristo Jesus ao encontro dos homens e mulheres de todas as raças que Paulo se fez servo de todos (cf. 2 Cor 4,5). Diante daqueles que põem em causa a validade do seu ministério, Paulo reconhece que é um homem frágil, marcado pela debilidade da condição humana; mas isso não impede que ele tenha sido escolhido para "embaixador" de Deus (2 Cor 5,20) ou "ministro da Nova Aliança" (2 Cor 3,6).
"Trazemos - diz ele - este tesouro em vasos de argila, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso" (2 Cor 4,7). Assim, aconteça o que acontecer e sejam quais foram as oposições que tiver de enfrentar, ele não pode desistir do seu ministério.
As tribulações, as fadigas, as incompreensões, os sofrimentos físicos suportados pelo caminho não são, para Paulo, um obstáculo intransponível; mas são, até, um modo de ele se identificar, cada vez mais, com esse Cristo cujo projecto se concretizou na "loucura da cruz", no dom total de si, e que Paulo, apesar dos seus limites bem humanos, foi chamado a levar a todas as gentes.
Pe. Joaquim Garrido Mendes, SCJ
In Ecclesia
O que move o "apóstolo das gentes" em todo este afã missionário, não são interesses humanos ou projectos pessoais (cf. 2 Cor 10,2), mas um mandato recebido de Deus. Paulo não se prega a si mesmo, mas a Cristo Jesus. É para levar Cristo Jesus ao encontro dos homens e mulheres de todas as raças que Paulo se fez servo de todos (cf. 2 Cor 4,5). Diante daqueles que põem em causa a validade do seu ministério, Paulo reconhece que é um homem frágil, marcado pela debilidade da condição humana; mas isso não impede que ele tenha sido escolhido para "embaixador" de Deus (2 Cor 5,20) ou "ministro da Nova Aliança" (2 Cor 3,6).
"Trazemos - diz ele - este tesouro em vasos de argila, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso" (2 Cor 4,7). Assim, aconteça o que acontecer e sejam quais foram as oposições que tiver de enfrentar, ele não pode desistir do seu ministério.
As tribulações, as fadigas, as incompreensões, os sofrimentos físicos suportados pelo caminho não são, para Paulo, um obstáculo intransponível; mas são, até, um modo de ele se identificar, cada vez mais, com esse Cristo cujo projecto se concretizou na "loucura da cruz", no dom total de si, e que Paulo, apesar dos seus limites bem humanos, foi chamado a levar a todas as gentes.
Pe. Joaquim Garrido Mendes, SCJ
In Ecclesia
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