sábado, 9 de janeiro de 2010

"Nasceu" o site do GASJ

Neste 9 de Janeiro de 2010, data do aniversário do nascimento de São Josemaría, "nasceu" o site do Grupo de Amigos de São Josemaría.
Para aceder basta ir a http://www.gasj.org/
O Grupo de Amigos de São Josemaria – GASJ - será, muito em breve, uma associação que se propõe divulgar a vida, obra e mensagem de São Josemaria, através de um leque de actividades muito diversificadas como: conferências, projecção de filmes e peregrinações.
O objectivo último do GASJ será a proclamação de São Josemaria como “Padroeiro dos Fiéis Leigos”, o que será solicitado junto das Autoridades eclesiásticas competentes, no momento em que o Grupo tiver suficiente implantação na sociedade civil.
O GASJ é uma iniciativa de cidadãos, tem natureza civil, e enquanto associação não tem relações institucionais com a Prelatura do Opus Dei.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

COMUNICADO PLATAFORMA CIDADANIA E CASAMENTO

APÓS O DEBATE DE HOJE (2009-01-08) NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lamentamos que uma maioria circunstancial no parlamento tenha chumbado o pedido de referendo. Configura um grave desrespeito do parlamento pelos cidadãos que o subscreveram e revela uma aflitiva falta de cultura democrática, quando não de uma pretensão totalitária que a todos nos deve fazer pensar. Nestes termos e porque (pela identificação dos que o chumbaram com os que defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo) nos parece que a rejeição do referendo está associada ao medo de o perder, não podemos deixar de observar que aconteceu o que é clássico: a falta de coragem com facilidade resvala para o uso violento da força.

No entanto o resultado da votação de hoje não anula um facto: a sociedade portuguesa deseja este referendo. Prova-o as 92 mil assinaturas angariadas em três semanas “de rua”, todas as sondagens e estudos de opinião (que foi pena não tivesse havido em maior quantidade), a maioria da opinião publicada e, até, a expressiva votação em seu favor hoje havida.
Demonstra-o também o facto de nos continuarem a chegar assinaturas de todo o país e cujas, por respeito pelo empenho cívico dos que as angariaram e subscreveram, não deixaremos de entregar na Assembleia da República, no momento que considerarmos oportuno.

Apelamos nesse sentido a todos os que ainda tem assinaturas na sua posse a que no-las façam chegar.
Com a votação de hoje, que não fecha o processo legislativo, não se encerra por isso nem o pedido de referendo nem o debate que a sociedade portuguesa reclama.
A Plataforma Cidadania e Casamento continuará a fazer-se eco deste clamor popular não apenas pelo país inteiro como junto de todas as instâncias políticas e jurídicas. Não pararemos até que em Portugal se realize o referendo que esta petição tão expressivamente pediu. Quer as leis hoje aprovadas venham, após a passagem de todos os crivos legais, a efectivamente vigorar, quer não.
Porque se o casamento é um contrato, o referendo é um direito!

Lisboa, 8 de Janeiro de 2010
Plataforma Cidadania e Casamento

08 de Janeiro de 2010




sábado, 14 de novembro de 2009

CAIM do dr Saramago

A publicidade feita em torno do novo livro do dr Saramago fez com que muitos, como eu, tivessem curiosidade na sua leitura. Aparentemente, e mesmo só na aparência, a publicidade resultante de um confronto com a Igreja Católica foi estratégica. Resultou.
Não tinha uma curiosidade (mórbida) em ler Saramago. Porém e face às escritas do Nobel, em sede de conferência de impresnsa, em que tinham criticado o facto de Caim ter sido cristicado sem prévia leitura, entendi que o deveria comprar para tecer, à posteriori, a crítica mais ajustada.
Porém, o Caim do dr Saramago mostrou-se um flop.
Não passei (note-se) da leitura do 2º capítulo.
O livro é infantil. Os dois primeiros capítulos levam-nos ao Antigo Testamento, à expulsão de Adão e Eva do Paraíso; porém, com contornos pseudo eróticos e diálogos excessivamente infantis. Não há conteúdo. O livro não edifica e como tal, já foi para o lixo.
O mais, são ofensas gratuitas.
Já fora do âmbito do Caim mas não menos importante, não deixo de me espantar com o estilo do dr Saramago.

Os diálogos das personagens são continuos, havendo por parte do leitor um sublime e enérgico esforço por entender quem é quem e quando começa o quê. Dizem: "é o estilo do Saramago".
A pergunta que fica é esta: e se um estudante escrevesse ao estilo de Saramago ou ao seu próprio estilo, sem preocupações acrescidas (acrescidas??) de pontuação e construção ou estruturação frásica num exame de português? Reprovaria (e bem). Então e isto dos estilos vale para uns e não para outros ? Enfim, creio não valer a pena tecer mais considerações sobre este aspecto. Não obstante, penso que o dr Saramago deveria ter a suprema preocupação de escrever correctamente; existem regras, não estilos. Fica apenas este menção de quem se ocupou, por instantes, da leitura de Caim do dr Saramago.

sábado, 3 de outubro de 2009

Novo site sobre S. Josemaria

O novo site dedicado ao fundador do Opus Dei permite conhecer melhor a sua vida e a sua mensagem de procurar Cristo nas actividades da vida quotidiana. Estão disponíveis 8 diferentes idiomas.O conteúdo do site josemariaescriva.info estrutura-se em seis secções principais: a vida e ensinamentos de S. Josemaría, testemunhos, iniciativas educativas e sociais nascidas sob o seu impulso e inspiradas pela sua pregação, documentação, multimédia e notícias de actualidade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

2 de Outubro de 2009

Há 81 anos que foi fundado o Opus Dei.
Em 1928, S. Josemaria Escrivá fundou o Opus Dei. Descrevia, do seguinte modo, aquilo que aconteceu naquele 2 de Outubro: “Recebi a iluminação sobre toda a Obra, enquanto lia aqueles papéis. Comovido, ajoelhei-me – estava sozinho no meu quarto, entre prática e prática – dei graças ao Senhor”.

domingo, 19 de julho de 2009

José Rafael Espírito Santo - Entrevista ao I em 13 de Junho de 2009

Foi uma conversa longa, entre duas pessoas que não se viam há 16 anos. Nessa altura, José Rafael Espírito Santo, o líder do Opus Dei em Portugal, era capelão de um colégio em Lisboa. O padre Espírito Santo era tido como uma figura "porreira" entre os alunos, todos rapazes - acessível, longe das personagens mais sombrias e disciplinadoras, bom de bola (tinha um pé direito temível). Ainda hoje o vigário regional do Opus Dei - a designação do cargo que ocupa na instituição católica ultraconservadora, que em Portugal conta com 1500 pessoas - é de uma simpatia desarmante. O contraste com a rigidez milimétrica da sua doutrina não podia por isso ser maior. A consciência do efeito dessa rigidez, a espaços, é revelada. "Veja lá, não faça aí um artigo em que me crucifiquem no dia seguinte", brinca. No final da entrevista passo a ser de novo um antigo aluno e a pergunta surge: "Então como vai essa vida?" Vai distante da Igreja, respondo. "Sim, mas sabe, nada disso é irreversível?" No Opus Dei, quando o assunto é Deus, está-se sempre a trabalhar.

Qual é a necessidade de ter um Opus Dei havendo a instituição Igreja?
O Opus Dei surgiu por iniciativa de Deus. A própria Igreja reconhece que há uma iniciativa de Deus que inspira o seu fundador, São José Maria. Quando vê este fenómeno que surge fazendo parte do seu depósito, a Igreja reconhece que é um elemento da sua missão para difundir a santidade nas circunstâncias correntes da vida.

Quando se entra no Opus Dei a relação é para a vida?
A pessoa que entra para o Opus Dei, Deus chama-a para que viva isto. Por ser vocação, a pessoa vê que a razão de ser da sua existência é esta.

É uma relação de amor com Deus?
Exacto, de amor com Deus.

Mas é possível sair do Opus Dei?
Sem dúvida. Aqui não está ninguém que não queira.

Há um paralelismo com o divórcio. Porque é que alguém que encara essa relação com Deus como um compromisso para a vida pode sair, mas a Igreja não aceita que duas pessoas casadas possam sair de um casamento?
Mas aí a questão é a seguinte: a relação de cada um com Deus é algo que tem um âmbito que permanece entre Deus e a pessoa. Quando alguém que se comprometeu a viver de uma determinada maneira com Deus quer mudar esse compromisso é entre ela e Deus, mas não há consequências para terceiros. Quando é o casamento entre um homem e uma mulher é um compromisso que os dois assumem - e que é também assumido por Deus. É um compromisso a três, entenda-se. As pessoas quando assumem esse vínculo querem que esteja para além das suas possibilidades. E como é uma relação com outras pessoas, mesmo com o comum acordo? quer dizer? isto a questão do divórcio tem muito que se lhe diga.

Como?
Quando as pessoas casam para sempre, a partir daí toda a sua vida, o modo como enfrentam as dificuldades que são normais no seu relacionamento é totalmente diferente de quando se casam "a ver se dá". E portanto é o casamento para toda a vida que permite que vá depois amadurecendo o verdadeiro amor.

Mas e se for um engano? Pode haver, certo? E se for pior, um comportamento extremo, por exemplo, de violência?
Por um lado, as pessoas têm que casar conscientes, saber bem o que estão a fazer. O problema é que as pessoas encaram a felicidade como sendo "para mim". O amor é possessivo. Tu para mim. Não é eu dou-me a ti - isso é que é o verdadeiro amor. Mas em situações muito difíceis está prevista a separação, não a dissolução do vínculo.

Mas isso significa que, teoricamente, quem se separa não pode reiniciar a sua vida com outras pessoas?
Teoricamente e na prática, se a pessoa quer viver bem a sua relação com Deus.
Como se pode aconselhar pessoas sobre uma vida a dois quando nunca se teve essa experiência?
Bom, eu tive uma experiência de vida a cinco: com os meus pais e os meus irmãos.

Sim, mas enquanto filho, não ao lado de alguém?
Está bem, mas aí uma pessoa aprende o que é o relacionamento entre as pessoas, o que significa perdoar, compreender, ajudar--se. E depois basta ter o conhecimento do que é o coração humano.

Viveu numa família feliz?
Eu? Graças a Deus sim. Ainda agora tivemos a comemoração dos 60 anos do casamento dos meus pais. Com dificuldades, claro, tivemos momentos muito difíceis.

Agora que está sobre a mesa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o Opus Dei vai adoptar algum combate para defender a sua posição?
O Opus Dei faz parte da Igreja e é um dos instrumentos pelos quais a Igreja leva a cabo a sua missão. Portanto não há uma posição que seja diferente - o que se faz é seguir o que dizem os bispos. Não há propriamente uma tomada de posição. O que se ensina é a doutrina da Igreja para que os cristãos, que são membros de uma sociedade, saibam depois defender os seus pontos de vista e ir ao encontro da boa vontade que está nas outras pessoas. Para que se abram à verdade no que diz respeito ao amor humano, por exemplo, nesse caso.

Porque é que duas pessoas do mesmo sexo não podem casar civilmente?
O que é o casamento? Temos que começar a ver isso - o que significa o casamento como instituição natural - e é a partir daí que têm de se tirar as conclusões. Não podemos identificar o direito com a moral, o direito não pode obrigar as pessoas a serem boas. Mas tem de regular as relações entre as pessoas na sociedade para defender o bem comum. Portanto, não se identificando com a moral, tem também de mostrar uma orientação do ponto de vista dos valores. É uma questão que tem de ser debatida na sociedade sem ir atrás de slogans muitas vezes superficiais, indo ao fundo da questão, sem ter preconceitos.

Parece irónico falar assim de preconceito... não é a Igreja que tem preconceitos nesta questão?
Não, é precisamente o contrário. Para olhar para esta questão de modo objectivo há que não ter preconceitos. Isso faz com que as pessoas saibam olhar para a pessoa humana, para a natureza, para ver como é o homem no seu ser natural, e não ter preconceitos. Repare: temos de ter essa capacidade de estar ao lado de quem tem problemas, e ajudar.

Estamos então a falar de um problema pessoal?
É uma situação com que a pessoa tem de saber lidar, tem de saber resolvê-la. E eu procurarei dar a ajuda que acho que é a melhor para essa pessoa.

Em Portugal, país em que a Constituição define um Estado laico, esta questão antes de ser religiosa não é de igualdade de direitos civis?
É uma questão de perspectiva da pessoa humana. Igualar direitos civis, tudo bem, mas o que significa essa igualdade? Estar a tratar de maneira igualitária situações que são diferentes é uma injustiça.

Que papel têm as mulheres no Opus Dei?
As mulheres têm o mesmo papel que os homens e têm mais um, que faz com que ainda sejam mais importantes no Opus Dei - é exactamente por serem mulheres que têm essa capacidade de cuidarem da casa. Toda a mulher tem uma vocação para mãe e dona de casa, mesmo que não seja mãe na prática. Têm uma sensibilidade especial para isso.

Mas um homem não pode fazer isso?
Bom, é uma constatação de facto. Isto a favor das mulheres, porque elas têm uma sensibilidade e uma capacidade de atenção ao pormenor que muitas vezes escapa ao homem. Evidentemente, repare, as mulheres não estão para servir os homens. Cuidam dos centros do Opus Dei dos homens e das mulheres. Aí é um ponto de honra, porque é viver o verdadeiro feminismo, com uma consciência do que significa a dignidade de ser mulher. E os homens não deixam nada por fazer que eles não possam fazer.

Por exemplo?
A cama. Deixar a roupa tratada, as coisas arrumadas, por exemplo.

O foco tão grande na castidade não põe a mulher sempre num papel negativo, de fonte de tentação?
Se olha só para essa perspectiva, sim, mas não estou a ver onde se focam as coisas nessa perspectiva. O que acontece é que na sociedade há um serviço da mulher como objecto e isso provoca depois um certo ambiente carregado de sensualidade. Isso é degradar a mulher.

A sensualidade é uma coisa má?
A sensualidade como uma desordem, algo que não leva a viver o amor com autenticidade, é uma coisa má. Mas a sexualidade é uma coisa boa, extraordinária, que permite viver o amor entre um homem e uma mulher, de realização pessoal. Não há nenhuma visão negativa da sexualidade, antes pelo contrário: é uma coisa santa. Como qualquer coisa santa é preciso respeitá-la.

O uso de métodos contraceptivos desrespeita essa santidade?
Aí não podemos esquecer que temos de olhar para Deus, para a vocação a que Deus nos chama ao amor à santidade. A entrega que se vive na relação sexual entre um marido e uma mulher é total, sem condições. O marido aceita uma mulher com uma capacidade de ser mãe e a mulher aceita o marido com a capacidade de ser pai. Isso é um elemento essencial para que aquele relacionamento seja expressão de amor autêntico.

Fala só de sexualidade dentro do casamento, mas na vida a sexualidade não é construída nesses termos. Quando o ouço falar - ou a Igreja -, vejo sempre que há uma diferença grande entre o que consideram ideal e a realidade. No caso em que há riscos para a saúde, a posição da Igreja contra o preservativo - como defendido pelo Papa na viagem recente a África -, não é irresponsável?
Leu as declarações do Papa? O que o Papa disse é que o modo de combater a sida é com uma mudança comportamental e que não se resolveria esse problema só com a distribuição de preservativos - isso só agravaria o problema. É uma constatação de facto; basta ver em África onde houve melhor resultado contra a sida - no Uganda, o país que implementou uma política "ABC": "abstinence", "be faithful" e "condom". Em primeiro lugar, a abstinência e a fidelidade, e depois em terceiro lugar o preservativo. E onde teve piores? Onde se recorreu à distribuição de preservativos em massa - a África do Sul. As pessoas muitas vezes distorcem o que diz o Papa?
Mas então não exclui o preservativo como instrumento de combate à sida?
Eu não estou a dizer que ali [Uganda] haja uma política que esteja completamente de acordo com a doutrina da Igreja. Faço apenas uma constatação de facto. A Igreja tem de mostrar que o ideal é possível e que vale a pena. Temos de ajudar as pessoas a conseguir esse ideal. Depois, que cada um faça o que entender, mas não faça mal a essas pessoas.

Há felicidade sem sofrimento?
É complexo. A felicidade não é um direito: é um dever. Nós estamos feitos para a felicidade, qualquer pessoa nota essa sede de felicidade no seu coração. Agora se a felicidade necessita da dor? Tenho a impressão que, vendo a vida, não é possível uma felicidade sem sofrimento. Mais: a ausência de sofrimento impossibilitaria a felicidade. A dor tem um sentido positivo.

Mas porquê? O sofrimento e a dor impelem à mudança?
Sim. Não é possível suprimir a dor do sofrimento. É uma constatação de facto - do ponto de vista pessoal e de sociedade. E por isso é que aquilo que nos dá verdadeira felicidade não é esse esforço para suprimir a dor, mas encontrar-lhe um sentido. É o que faz com que as pessoas encontrem a esperança e a alegria de viver. Uma sociedade que não saiba conviver com a dor e com quem sofre é cruel e desumana. Se eu não sou capaz de sofrer, não sou capaz de estar ao lado de quem sofre. Qual é a solução? Suprimir a pessoa que sofre. Tudo isto parece difícil de resolver, mas a resposta vem de Deus - não pode padecer, mas pode compadecer-se. Quando olhamos para Cristo na cruz, entra em todo o sofrimento humano essa compaixão. Já ninguém está só. Há a consolação.

Está a usar o cilício neste momento?
Não.

O sofrimento passa necessariamente por infligir dor física?
O valor do sofrimento está no amor, não na dor. Por isso, o caminho não é aumentar o nível da dor, mas o nível do amor. Jejuns, abstinência, esmola, penitência corporal (cilício incluído), é óbvio que pertencem ao património da Igreja. A Irmã Lúcia, o Santo Condestável, os pastorinhos praticaram todas essas formas. Não por masoquismo, mas como manifestação de amor. Cada um tem de encontrar o seu caminho, que não tem de passar necessariamente por aí. O dia-a-dia já tem suficientes canseiras e surpresas.

Esta crise financeira mostra desresponsabilização e falta de ética?
Sim. A crise que está a passar mostra o que acontece quando se põem de lado uma série de princípios éticos, quando se põe como finalidade da actividade económica meramente o lucro, que leva depois à especulação e a correr determinados processos nos quais se recorre à mentira. Esperemos que se consigam tirar ilações.

Falando de ética, como assistiu aos problemas no BCP, um banco privado associado ao Opus Dei?
Primeiro ponto: é correcta a associação?

O BCP não é um banco controlado pelo Opus Dei?
Não, quando muito era... [risos] Conhecendo bem o que é o Opus Dei e qual é a função vê-se que não fazia sentido essa associação. O Opus Dei dá formação, através de uma série de actividades ajuda a que as pessoas tenham a consciência do que significa viver a sua fé no trabalho e depois actuem livremente na família, na sociedade, na sua profissão. Ninguém em nome do Opus Dei toleraria qualquer intromissão naquilo que é o âmbito da sua liberdade de actuação. Há uns anos, numa reportagem feita sobre o Opus Dei na televisão, entrevistava-se um taxista que é do Opus Dei. Ele dizia "o táxi é meu, não é do Opus Dei, sou eu que o administro".

Ainda assim as figuras que controlavam o BCP [Jardim Gonçalves, Líbano Monteiro, mais tarde Paulo Teixeira Pinto] eram um referencial muito forte entre o Opus Dei e o que era o maior banco privado de Portugal. Ficou desiludido com o que aconteceu?
Seja com quem for, se uma pessoa que tem boa vontade tem um revés na sua vida, isso é uma coisa de que tenho pena. Se o Carlos Queiroz não levar a selecção nacional ao mundial tenho pena - é uma pessoa bem-intencionada.

Mas o Carlos Queiroz é do Opus Dei?
Não, não [risos]. Seja quem for, seja ou não do Opus Dei, as pessoas fazem o melhor que podem, mas aquilo corre mal. Agora com a crise há muita gente do Opus Dei que conta até ao último cêntimo e que se calhar passa fome. A maioria das pessoas do Opus Dei é de classe média, que vive remediada.

Isso que diz choca com a imagem de associação ao dinheiro que o Opus Dei tem?
Mas não é. Isso é uma visão superficial. Evidentemente há certas pessoas que chamam a atenção, mas não se repara nas outras, que não chamam a atenção e que são a maioria. São pessoas normais. Em Portugal podemos dizer que do ponto de vista sociológico corresponde à distribuição média da sociedade.

Ajuda essas pessoas em dificuldades?
Não, o Opus Dei não actua em grupo, muito menos procurando ajudar-nos uns aos outros. Procura-se ajudar as pessoas para que saibam enfrentar com esperança as dificuldades, que depois procurem soluções entre elas. Não faria sentido ajudar só porque são do Opus Dei. É ajudar os que estão na mesma situação.

De volta ao BCP. Consta que depois do Opus Dei é a Maçonaria que está agora a tomar conta do BCP?
O que sei é através dos jornais, não há nenhuma informação fora disso?

Não tem canais privilegiados de informação?
Não, o que sei pelos jornais é que havia um senhor que era presidente do banco que era do Opus Dei. E que depois deixou o banco - mais não sei.

Como se financia o Opus Dei?
O financiamento vem daquilo que as pessoas livremente dão de acordo com as suas capacidades. Todas as pessoas vivem do seu trabalho e dão dentro das suas possibilidades. As iniciativas que temos com uma finalidade apostólica são sempre deficitárias. E contam com a generosidade de cada um.

De quanto precisam para um ano?
Não faço a mínima ideia e é muito difícil saber.

Não há um orçamento?
Não, isto funciona tudo de maneira informal e descentralizada.

Tinham dinheiro no BPN ou no BPP?
O Opus Dei não tem dinheiro.

Não tem dinheiro?
O Opus Dei como instituição não tem dinheiro. As pessoas vivem do seu trabalho, as diversas iniciativas apostólicas têm uma estrutura dentro da sociedade civil, auto-sustentam-se.

As casas, como esta, são doações?
Sim, das pessoas. Podem constituir uma sociedade ou algo assim, mas isso depende. Funciona de modo muito autónomo.

Qual foi o último livro que leu?
Estou a ler "A Mulher Certa", de um autor húngaro, Sándor Márai. É a análise de um divórcio. Fala a mulher, depois fala o marido e depois aquela com quem o marido voltou a casar. E é ver como a vida de todos ficou completamente destroçada. Mas sou um fã de Dostoievsky.

E de Saramago?
Saramago? Francamente, eu uma vez comecei a ler um livro de Saramago e desisti à segunda página.

Qual?
"O Memorial do Convento". Ali há uma intenção desde a primeira página de transmitir determinados conceitos. Vê- -se como é uma distorção da realidade.

Desencorajam a leitura de livros que ponham em causa a fé católica?
Qualquer pessoa que lê um livro convém que antes se informe. Procura-se aconselhar as pessoas que se informem e vejam se precisam de ler um livro que possa pôr em causa as suas convicções. A fé não é uma questão de inteligência. Há pessoas muito inteligentes que não têm fé e outras menos que têm.

É como a bondade. Há muitas boas pessoas que não são religiosas....
Sim, mas se acreditassem em Deus seriam muito melhores.


por Bruno Faria Lopes, Publicado em 13 de Junho de 2009 no Jornal I

domingo, 12 de julho de 2009

"Com cadáveres não vou a lado nenhum"
São Josemaría

terça-feira, 7 de julho de 2009

Desligar o telemóvel antes de entrar na Igreja ? Não se atreva!

Não passa Domingo sem que, durante a celebração da eucaristia, ouça o som de um ou mais telemóveis.
A princípio, confesso, irritava-me.

Mas depois, vendo bem as coisas, penso que é a atitude certa.

Senão vejamos:

Deus pode sempre querer-nos falar. E que meio usa ? O telemóvel.
Tenho certeza que 95% das chamadas ocorridas na missa são provenientes do céu.
Por outro lado, quebra a melancolia da missa. Aborrecidas, as missas podem e devem ser quebradas pelo grunhido de um telemóvel. Fica sempre bem e alivia o stress dos paroquianos.
Ainda como factor decisivo na minha mudança de opinião é a sensação nítida de que é terapêutico. E é terapêutico por duas ordens de razão; a primeira porque a pessoa que recebe a chamada mostra-se solicitada perante os demais o que, de per si, lhe aumenta o ego, quiçá sofrido; por outro, pode revelar o seu bom gosto musical o que, de forma natural, partilha gostosamente com a comunidade.
Mas nem tudo são rosas. É que ainda existem pessoas com aqueles toques polifónicos fora de moda... mas boa parte já nos brinda com um bom "toque real". A esses, a minha ovação.
E agora, para os que parecem mais adormecidos, aqui vai uma dica... se o sacerdote se demorar na homilia, não hesitem: metam um polifónico ou um real. O sacerdote perceberá imediatamente que chegou a hora de findar aquela.
Por último, um pedido: se alguma vez verificarem, ao entrar na igreja, um placard igual ou semelhante àquele que anexo, ignorem-no. Façam-no com convicção ! Afinal,
"Eles não sabem o que fazem".

sábado, 23 de maio de 2009

São Nuno e o Vaticano II, por Padre Gonçalo Portocarrero

Jornal W, 17 Mai. 2009
Bento XVI, na solene canonização do Condestável, exaltou, segundo Massimo Introvigne, «a figura do cavaleiro cristão empenhado na militia Christi, ou seja, no testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo». Já na pastoral colectiva do episcopado português, de 1960, se reconhecia que «Nuno Álvares foi sempre igual a si mesmo: cavaleiro invencível na guerra, cristão exemplar no cumprimento das virtudes» e, por isso, «a emissão dos votos canónicos foi apenas consagração de uma vida já de há muito profundamente cristã».
Em termos semelhantes, o nosso Patriarca, no encerramento do processo diocesano, sublinhava: «Em D. Nuno Álvares Pereira foi impressionante esta síntese harmónica da vivência da sua fé e o desempenho das altas funções que a Nação lhe atribuiu». Se este foi o entendimento do Santo Padre e dos nossos Bispos, outro foi o parecer dos fiéis que manifestaram algum desconforto pela canonização de um guerreiro. Para estes, a glorificação do Condestável seria suportável só porque esse seu passado mais não seria do que uma etapa prévia à sua conversão, sobre a qual viria agora a incidir a bênção da canonização. Entendem portanto que só o monge foi elevado aos altares, permanecendo apeado o leigo cristão, o militar valeroso, o dadivoso milionário, o filho obediente, o marido fiel, o casto viúvo, o pai exemplar, o leal conselheiro do rei, o humilde conde e o invencível condestável.
Se a nobilitação de Camilo Castelo Branco inspirou uma divertida caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, em que o novo titular expulsava o genial escritor, dir-se-ia que a canonização de São Nuno deu azo a serôdios episódios de ultramontano clericalismo, na voz dos que insistem em ignorar a vida santa do santo leigo e teimosamente pretendem ainda, ao arrepio dos ensinamentos conciliares, que a santidade é um privilégio exclusivo da casta sacerdotal e da vida religiosa em geral.
Assim sendo, perdoa-se ao Santo Condestável o seu passado laical, em nome da consagração religiosa que coroou a sua vivência cristã, ignorando-se que a sua identificação com Cristo não ocorre apenas, nem principalmente, no último episódio da sua vida, mas é a realidade que vivifica toda a sua anterior existência, profunda e essencialmente secular. São Nuno não foi santo apesar do seu estado laical e da sua vida profissional, mas, pelo contrário, santificou-se em e através do fiel cumprimento dos seus deveres de estado, como filho, esposo e pai de uma família cristã, como competentíssimo profissional da guerra e como fidelíssimo cidadão. A sua tardia profissão religiosa não é a mais significativa expressão da sua santidade, mas apenas o seu último episódio. São Nuno, como afirmou D. José Policarpo na acção de graças pela sua canonização, «continua a dizer-nos que é possível viver com fé todas as realidades humanas, sociais, políticas, militares, familiares, religiosas; continua a dizer-nos que é possível ser santo em todas elas, que se pode viver toda a vida com Deus, que nos vai sugerindo, em cada momento e em cada circunstância, a maneira de acreditar e de amar».
Desculpem-me este meu anticlericalismo, à conta não só do que o Concílio Vaticano II ensina, mas também da multissecular tradição da Igreja, que atribuiu, desde tempos imemoriais, o título de santíssima a uma única criatura: Maria, a filha de Joaquim e de Ana, a esposa de José e mãe de Jesus, que nunca professou na vida religiosa e se santificou através dos seus deveres familiares, religiosos, sociais e profissionais. Não estranha, pois, que tenha sido esta santíssima mulher o exemplo de santa virtude que iluminou toda a vida santa de São Nuno de Santa Maria.

domingo, 10 de maio de 2009

José de Arimateia e Nicodemos visitam Jesus ocultamente, em tempo normal e na hora do triunfo.
Mas são valentes declarando, perante a autoridade, o seu amor a Cristo - "audacter" - com audácia, na hora da cobardia.

- Aprende


Caminho, 841

Carta do Prelado (Maio 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!Este mês de Maio decorre inteiramente dentro do Tempo Pascal. A alegria da Ressur­reição de Jesus Cristo enche a vida da Igreja, na Terra e no Céu. É esse gaudium cum pace que todas e todos nós já experimentamos.Como é natural, nestas semanas contemplamos Nossa Senhora, Mãe de Jesus e Mãe nossa, elevada ao Céu em corpo e alma, e vemo-lana alegria e na glória da Ressurreição. As lágrimas derramadas ao pé da Cruz transformaram-se num sorriso que nada mais apagará, embora permaneça intacta a sua compaixão materna por nós. Atesta-o a intervenção da Virgem Maria em nosso socorro ao longo da história e não cessa de suscitar por Ela, no povo de Deus, uma confiança inabalável: a oração Memorare (“Lembrai-Vos”) exprime muito bem este sentimento. Maria ama cada um dos seus filhos, concentrando a sua atenção de modo particular naqueles que, como o seu Filho na hora da Paixão, se acham mergulhados no sofrimento. Ama-os, simplesmente porque são seus filhos, por vontade de Cristo na Cruz [1].Meditemos nestas palavras do Papa para aprofundarmos sobre as razões da nossa devoção a Nossa Senhora e dar-lhe um novo esplendor. As razões são claras: Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe. Por isso, é necessário cultivar uma ardente e terna devoção mariana, solidamente fundamentada na Revelação divina exposta pelo Magistério da Igreja. O queridíssimo D. Álvaro recordava-o numa carta que escreveu em 1987. Dizia-nos ele, considerando que a missão maternal de Maria corresponde a um desígnio de Deus bem determinado: «é um facto inegável que naqueles lugares em que a Igreja se estabelece, pela graça de Cristo e pela correspondência tenaz e sacrificada dos evangelizadores, a Mãe da Igreja está presente (…). Como consequência, nasce e desenvolve-se a gratidão a Santa Maria, e assim surge a fecunda planta da devoção mariana. Os templos e santuários que, como estela luminosa, povoam a geografia dos países em que a fé se enraíza, são dela um claro testemunho que dá à existência dos cristãos uma dimensão de família que só a Santíssima Virgem é capaz de suscitar» [2].Grande verdade é esta! Os cristãos formamos uma família - a Santa Igreja - na qual Jesus Cristo é o primogénito entre muitos irmãos [3], e onde não falta a presença da Mãe, Maria Santíssima. Jesus indica-nos o caminho que é preciso percorrer para chegarmos à santidade, à plena identificação com Ele. E a Virgem Maria anima-nos, ao longo desta peregrinação, a alcançar a meta: a vida eterna com Deus e com todos os anjos e santos.A arte cristã mostra-o de forma gráfica quando oferece a imagem de Maria com o Menino nos braços à nossa veneração. Com a sua atitude, com o seu olhar, a nossa Mãe parece sugerir-nos: “olha para o meu Filho, o teu Irmão mais velho e segue, em tudo, o Seu exemplo; anda por onde Ele andou; fomenta no teu coração as ânsias Redentoras do Seu Coração; compadece-te dos teus irmãos e irmãs, como Ele se compadeceu de todos”.Nos próximos dias, milhares e milhares de pessoas irão em peregrinação aos mais variados lugares onde se venera a Santíssima Virgem, com o desejo de encontrar Jesus de novo, de se parecerem mais com Ele, seguindo o convite de S. Josemaria às suas filhas e filhos no Opus Dei, e a muitas outras pessoas. A Romaria de Maio aparece-nos já como uma alegre realidade em todas as latitudes, que vivemos sem ruído, seguindo os passos do nosso Fundador na sua primeira Romaria, em 1935. Respeito e amo essas outras manifestações públicas de piedade, mas pessoalmente prefiro tentar oferecer a Maria o mesmo afecto e o mesmo entusiasmo através de visitas pessoais ou em pequenos grupos, com sabor de intimidade [4].Muitas vezes, pomos como meta dessa peregrinação um lugar próximo da nossa casa, talvez na cidade onde vivemos ou nos arredores. Noutros casos - penso, por exemplo, nos doentes e em pessoas com outras dificuldades -, nem sequer será possível sair de casa, e, contudo, também estes podem realizar a Romaria de Maio a Nossa Senhora. Porque o importante não é a deslocação física de um sítio para outro, mas a viagem interior da alma, que nos leva a colocar-nos mais perto de Maria e, portanto, mais perto de Jesus.O Papa João Paulo II salientava que, nos locais marianos espalhados pelo mundo, se nota uma especial presença da Mãe. Sabemos que esses lugares são incontáveis e de uma enorme variedade: desde os oratórios em casas particulares e em nichos de ruas, em que a imagem da Mãe de Deus aparece luminosa, às capelas e igrejas construídas em sua honra. Todavia, saltam à vista os sítios em que os homens sentem especialmente viva a presença da nossa Mãe: os santuários marianos. «Em todos estes lugares se realiza de maneira admirável aquele testamento singular do Senhor Crucificado: aí, o homem sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com a própria Mãe. Abre-lhe o seu coração e fala-lhe de tudo: “recebe-a em sua casa”, dentro de todos os seus problemas» [5].Os fiéis recorrem a Maria naqueles lugares com o desejo de encontrarem o fortalecimento «da fé e os meios de a alimentar. Procuram os sacramentos da Igreja, sobretudo a reconciliação com Deus e o alimento eucarístico. E voltam revigorados e agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe» [6].Todos guardamos como um tesouro esta experiência. Quem não experimenta uma maior proximidade de Deus depois de ter visitado Nossa Senhora com o espírito de oração e de penitência que o nosso Padre nos ensinou? Quem não tocou já a eficácia deste recurso a Maria: para reavivar a fé de alguém que precisava, para o ajudar a estar mais perto de Deus, para abrir horizontes mais amplos a quem resistia a aceitar o chamamento do Senhor a uma entrega generosa? Jesus Cristo quer que a Sua graça nos chegue por meio de Maria. Por isso, não é indiferente deixar de ir aos santuários que o amor dos seus filhos lhe levantou. Não é indiferente passar diante de uma imagem sua sem lhe dirigir uma afectuosa saudação. Não é indiferente que deixemos passar o tempo, sem lhe cantarmos essa amorosa serenata do Santo Rosário, canção de fé, epitalâmio da alma que, por meio de Maria, encontra Jesus [7]. Comecemos já a perguntar-nos: em que posso melhorar ao olhar para as imagens da nossa Mãe? Como saborear cada Avé-Maria, a Salvé-Rainha, o Regina Coeli? A quem me proponho falar do amor de Maria e a Maria?Estas e outras devoções marianas podem dar relevo e cor ao mês de Maio. O essencial é aproximar-se cada vez mais de Jesus Cristo pela senda que a Sua Santíssima Mãe nos mostra. Cada encontro com Nossa Senhora é um convite a olhar para Cristo. Como dizia Bento XVI num santuário mariano: para o homem em busca, este convite transforma-se sempre de novo num pedido espontâneo, um pedido que se dirige em particular a Maria, que nos deu Cristo como seu Filho: “Mostra-nos Jesus!”. Assim rezamos hoje com todo o coração. E assim rezamos também, para além deste momento, interiormente, em busca do Rosto do Redentor. “Mostra-nos Jesus!”. Maria responde, apresentando-O diante de nós, antes de mais, como Menino. Deus fez-se pequenino para nós [8].Detenhamo-nos mais uma vez nas frases que S. Josemaria escreveu, pelos anos 30 do século passado, que ajudaram milhares de pessoas a meter-se por caminhos de contem­plação na vida corrente: se tens desejos de ser grande, faz-te pequeno (…). O princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima.- Queres amar a Virgem? - Pois então conversa com Ela! - Como? - Rezando bem o Rosário de Nossa Senhora [9].A meditação atenta, interiorizada, e o rezar dos mistérios do Terço fazem desfilar diante dos nossos olhos os momentos centrais da vida de Jesus e de Maria. Assim se torna mais fácil avançar pelo caminho que conduz ao Céu, rectificando o rumo, se necessário, mostrando aos que nos acompanham o atalho seguro que termina na felicidade eterna. Ao admirar estas cenas, compreendemos «que, a partir do “fiat” da humilde Serva do Senhor, a humanidade inicia o retorno a Deus e que, na glória da Toda Santa, vê a meta da sua caminhada» [10].Podemos ainda cuidar outros detalhes de afecto à Virgem Maria. Detenho-me de novo num hábito próprio de gente apaixonada, e que S. Josemaria difundiu por todo o lado: cumprimentar afectuosamente as imagens de Nossa Senhora que vemos em cada dia - numa rua ou praça, no interior de uma igreja, numa divisão da nossa casa… - fazendo acom­panhar esse olhar de alguma jaculatória, como expressão bem pessoal do nosso amor filial. O nosso Padre fazia isso e esforçava-se particularmente por saudar as imagens de Nossa Senhora dos sítios onde trabalhava ou vivia. Eram demonstrações do seu carinho filial em que reflectia o que lhe ia na alma: olhares dolorosos, agradecidos ou suplicantes - conforme as circunstâncias - mas sempre expressões de amor verdadeiro.Aconselhava também a usar na carteira ou no bolso uma imagem da Virgem Maria - como se usam fotografias das pessoas queridas - para a ter sempre muito presente e lhe dirigir expressões carinhosas. Sentia a alegria de ter contribuído para semear o mundo de representações marianas. No Opus Dei, dizia, mostrámos sempre o nosso amor a Nossa Senhora espalhando milhões de imagens suas por todo o mundo, promovendo práticas de piedade mariana em todos os Continentes: na Europa, na Ásia, na África, na América e na Oceânia: encaminhando por aí a juventude, com liberdade. Sem liberdade, não.Mas tudo isto é natural: como não havemos de amar a Mãe de Deus, que é nossa Mãe? Se precisamos dela, ainda por cima! Eu preciso dela. Tal como um miúdo pequeno, quando tem medo do escuro da noite, grita “Mamã!”, assim tenho eu que clamar muitas vezes com o coração, sem ruído de palavras: “Mãe, mamã, não me abandones!”A vida interior é assim: naturalidade, simplicidade. Eu não sei viver de outra maneira: tenho que viver como homem. E diante de Deus, que é eterno, sou uma pequena criatura que nada vale [11].Há umas palavras de um Salmo que a Liturgia aplica à Santíssima Virgem. O Salmista, vislumbrando de longe este vínculo materno que une a Mãe de Cristo e o povo crente, profetiza a respeito da Virgem Maria: “Os grandes do povo procurarão o teu sorriso” (Sl 44, 13). E assim, solicitados pela Palavra inspirada da Escritura, sempre os cristãos procuraram o sorriso de Nossa Senhora, aquele sorriso que os artistas, na Idade Média, tão prodigiosamente souberam representar e engrandecer. Este sorriso de Maria é para todos: no entanto, dirige-se de modo especial para os que sofrem, a fim de que nele possam encontrar conforto e alívio. Procurar o sorriso de Maria não é uma questão de sentimentalismo devoto ou antiquado, é antes a justa expressão da relação viva e profundamente humana que nos liga Àquela que Cristo nos deu por Mãe [12].Confiemos a Nossa Senhora todas as pessoas que sofrem, na alma ou no corpo: os doentes, os que se sentem abandonados, os que foram afectados por calamidades naturais, os que sofrem perseguição e violências de todo o tipo… Ninguém deve ficar fora da nossa oração.Rezemos especialmente - recordo-vo-lo todos os meses, porque é uma necessidade sempre actual - pela Pessoa e pelas intenções do Papa. Agora, pelos frutos da sua viagem à Terra Santa, de 8 a 15 deste mês. Rezai também pelos fiéis da Prelatura que vão receber a ordenação sacerdotal no dia 23, véspera da solenidade da Ascensão, que se celebra, em muitos países, no Domingo, dia 24. Peçamos ao Espírito Santo, por ocasião da próxima festa de Pentecostes, no último dia de Maio, que derrame copiosamente os seus dons sobre a Igreja e sobre o mundo, e que disponha os corações de todos para os receber.Regressei há dias de uma viagem ao Japão e a Taiwan, onde mais uma vez compro­vei como o espírito do Opus Dei se enraíza em pessoas de todas as raças e culturas. Nos dois países, para além de me saber acompanhado por todas e por todos, e de rezar convosco, filhas e filhos, tive duas alegrias muito especiais, entre muitas outras. Em Nagasaki, a visita a Oura, ao santuário onde se veneram os mártires daquela terra e se mantém viva a lembrança amorosa dos que conservaram a fé, apesar da dura perseguição. Em Taipé, pude assistir à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento com o templo cheio de fiéis: tínhamos entrado na igreja onde estava uma imagem da Virgem peregrina e encontrámo-nos com esse acto eucarístico. Num e noutro lugar surgia naturalmente a ideia de que temos de levar Jesus, com Maria, até ao último recanto do mundo. Dai comigo graças à Santíssima Trindade, fonte de todos os bens, e à nossa Mãe, a Virgem Maria: pela sua mediação, recebemos todas as graças. E também a S. Josemaria - no dia 17 é o aniversário da sua beatificação -, por ter sido instrumento fidelíssimo do Senhor para realizar tão abundante sementeira de santidade, de doutrina e de caridade em toda a Terra.
Com todo o afecto, abençoa-vos
O vosso Padre
+ Javier

Igreja celebra Semana da Vida

A Igreja Católica em Portugal celebra, de 10 a 17 de Maio, a Semana da Vida, este ano subordinada ao tema “Vida com Valores formação na Família”. Esta iniciativa vem na sequência do apelo lançado em 1991 pelo Papa João Paulo II, na Encíclica “O Evangelho da Vida”, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.
A Semana da Vida vem focando, cada ano, aspectos a que a actualidade confere especial premência. Após o Referendo de Fevereiro de 2007, que abriu a porta à legalização da prática do aborto, a Igreja, não se eximindo ao dever de ajudar a descobrir as causas de tão grande vazio ético na sociedade portuguesa, propôs-se enfrentar com realismo as que mais directamente lhe digam respeito, designadamente, a preocupante fragilidade do processo evangelizador.
Numa situação de debate de civilização, as Semanas da Vida 2007 e 2008 incidiram sobre a evangelização em ordem à conversão pessoal e à transformação das consciências e das mentalidades.
Dando-lhes continuidade, a Semana da Vida 2009 acolhe a mensagem do mais recente Encontro Internacional das Famílias, sobre “A Família, Formadora nos Valores humanos e cristãos”.
A família, santuário da vida, é também “uma escola de humanidade e de vida cristã para todos os seus membros, com consequências benéficas para as pessoas, para a Igreja e para a sociedade” (Bento XVI, Mensagem ao VI Encontro Mundial das Famílias). Por essa razão, uma evangelização cuidada que responda ao vazio de valores éticos na sociedade não pode esquecer a família como destinatária e como sujeito activo dessa evangelização.
Esta Semana da Vida 2009 será, talvez ainda mais que as anteriores, a afirmação clara de que a defesa da vida está intimamente ligada à defesa da família, hoje tantas vezes desvalorizada, depreciada e mesmo atacada.
Defender e apoiar as famílias a fim de que os seus membros sejam pessoas livres e ricas de valores humanos e evangélicos é o caminho mais directo e eficaz para garantir a dignificação da vida e o melhor serviço que se pode oferecer à sociedade.
Do site Ecclesia

Papa destaca coragem dos cristãos da Terra Santa

Bento XVI presidiu este Domingo a uma Missa no Estádio Internacional de Amã, o maior evento da sua viagem à Jordânia, iniciada no passado dia 8. O Papa deixou uma palavra de encorajamento à comunidade cristã da Terra Santa, que desafiou a “construir novas pontes com pessoas de diferentes religiões e culturas”, e destacou o carisma particular das mulheres na Igreja.
"Quanto deve a Igreja nestas terras ao testemunho de fé e de amor de inúmeras mães cristãs, freiras, educadoras e enfermeiras, de todas aquelas mulheres que, de diferentes maneiras, dedicaram sua vida à construção da paz e à promoção do amor”, indicou, na homilia da celebração.
Diante de 50 mil pessoas oriundas da Jordânia e de comunidades cristãs dos países vizinhos, inclusive do Iraque, o Papa admitiu que esta dignidade e esta missão das mulheres nem sempre foram inteiramente “compreendidas e estimadas”.
Apesar disso, acrescentou, “é com o testemunho público de respeito pelas mulheres que a Igreja na Terra Santa pode dar uma importante contribuição ao desenvolvimento de uma cultura de verdadeira humanidade e à construção da civilização do amor”.
Aos presentes, Bento XVI disse que “a comunidade católica está aqui profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afligem todos os habitantes do Médio Oriente. Nunca se esqueçam da grande dignidade que deriva da sua herança cristã".
O Papa falou da rica diversidade da Igreja Católica na Terra Santa e lembrando a sua visita ao Monte Nebo, disse que rezou para que a Igreja nestas terras “possa ser confirmada na esperança e fortificada no seu testemunho ao Cristo Ressuscitado, o Salvador da humanidade”.
A homilia levou em conta duas celebrações: o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se assinala este Domingo, na Jordânia, e o Ano da Família, celebrado em toda a Terra Santa.
"Possa cada família cristã crescer na fidelidade a esta nobre vocação de ser uma verdadeira escola de oração, onde as crianças aprendem o sincero amor de Deus, onde amadurecem na autodisciplina e na atenção às necessidades dos outros e onde contribuem para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e fraterna", desejou.
Na Terra Santa, concluiu o pontífice, os cristãos devem ter uma coragem "especial", a “coragem da convicção que nasce de uma fé pessoal, não simplesmente de uma convicção social ou de uma tradição familiar”.
O Papa pediu ainda “a coragem para empenhar-se no diálogo e trabalhar lado a lado com os outros cristãos ao serviço do Evangelho e na solidariedade para com o pobre, o desalojado e as vítimas de profundas tragédias humanas”.
Após a Missa e antes da oração do Regina Caeli, Bento XVI falou novamente do carisma profético das mulheres, apresentando como exemplo das virtudes femininas a Virgem Maria: "Invoquemos a sua materna intercessão para todas as famílias destas terras, para que possam ser realmente escolas de oração e escolas de amor”.
Para esta tarde está prevista a visita à localidade de Betânia da transjordânia, local que a tradição identifica como aquele em que Jesus foi baptizado, por João Baptista, para a cerimónia para a bênção das primeiras pedras da Igreja dos$ católicos de rito latino e da Igreja greco-melquita.
Do site Ecclesia

sábado, 11 de abril de 2009

Carta do Prelado (Abril 2009)

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

No próximo domingo, com a comemoração da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, começa a Semana Santa, que culminará no Tríduo pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. O Sacrifício do nosso Redentor, que se torna presente cada vez que se celebra a Santa Missa, manifesta-se-nos com esplendor nas solenes celebrações litúrgicas de Quinta e Sexta-feira santas e na Vigília pascal. Preparemo-nos desde já com maior intensidade para esses momentos. Vamos ao encontro da graça que com tanta abundância se nos oferece. Temos de acompanhar o Senhor muito de perto.Encontrando-nos no pórtico da Semana Santa, recordemos que, como S. Josemaria escreve, tudo o que as diversas manifestações de piedade nos trazem à memória nestes dias se encaminha decerto para a Ressurreição, que é o fundamento da nossa fé, como escreve S. Paulo (cfr. 1 Cor 15, 14), mas não percorramos este caminho demasiado depressa. Não deixemos cair no esquecimento uma coisa muito simples, que por vezes parece escapar-se-nos: não poderemos participar da Ressurreição do Senhor se não nos unirmos à Sua Paixão e à Sua Morte (cfr. Rm 8, 17). Para acompanhar Cristo na Sua Glória, no final da Semana Santa, é necessário que penetremos antes no Seu holocausto, e que nos sintamos uma só coisa com Ele, morto no Calvário. Com que exigência, com que fervor te preparaste nestas cinco semanas da Quaresma? Ainda nos restam alguns dias para melhorar, para reparar se for preciso!Os ensinamentos de S. Paulo são muito claros. Convido-vos a meditá-los e a pô-los em prática com esforço renovado. Neste ano dedicado ao Apóstolo das gentes, peçamos a sua intercessão para que, seguindo o seu exemplo, todos nós, os cristãos, nos conven­çamos bem de que, para nos identificarmos com Cristo, como é o nosso maior desejo, não há outro caminho senão o de O acompanharmos pela senda do Calvário. Dizemo-lo todos os dias ao rezar a oração final do Angelus: per passionem eius et crucem, ad ressurrectionis gloriam perducamur. Que, imitando-O na generosa entrega que a Semana Santa nos põe diante dos olhos, sejamos também participantes da glória da Sua Ressurreição.Bento XVI, numa das alocuções do ano paulino, explicava que Saulo, enquanto que, no início fora um perseguidor e recorrera à violência contra os cristãos, a partir do momento da sua conversão no caminho de Damasco passou-se para o lado de Cristo crucificado, fazendo d’Ele a sua razão de vida e o motivo da sua pregação. A sua existência foi inteiramente consumida pelas almas (cfr. 2 Cor 12, 15), nada tranquila nem protegida contra ameaças e dificuldades. No encontro com Jesus, tornou-se-lhe claro o significado central da Cruz: compreendera que Jesus tinha morrido e ressuscitado por todos e por ele mesmo. Ambas as realidades eram importantes: a universalidade – Jesus morreu realmente por todos – e a subjectividade: Ele morreu também por mim. Portanto, na Cruz manifestou-se o amor gratuito e misericordioso de Deus.

Agora que estamos quase a entrar na Semana Santa, detenhamo-nos nestas palavras, porque elas indicam a razão última do Sacrifício de Cristo. Foi o amor que levou Jesus ao Calvário. E, já na Cruz – explica o nosso Padre – todos os Seus gestos e todas as Suas palavras são de amor, de amor sereno e forte. Aprofundemos no facto de a segunda Pessoa da Trindade se ter feito homem sem deixar de ser Deus, para assumir livremente o peso de todos os pecados cometidos e dos que se irão cometer ao longo dos séculos, oferecendo ao Criador, por nós, uma reparação de valor infinito. Porque tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o Seu Filho unigénito, para que todo o que acredita n’Ele não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele.Quantas graças temos que dar a Nosso Senhor pelo amor imenso que nos manifestou e nos continua a manifestar! Que gratidão havemos também de mostrar à Virgem Maria, Sua Mãe, que cooperou com o seu fiat no desígnio redentor! Mas não esqueçamos que amor com amor se paga. O nosso afecto, mesmo que seja grande, é nada comparado com o amor infinito de Deus. Isso é verdade, mas o Senhor contenta-se com esse pouco se Lho oferecemos totalmente. O resto é Ele que o põe, porque o Amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado.

Decidamo-nos pois, nesta Semana Santa, a deixar com inteira generosidade – uma vez mais – o nosso ser e a nossa vida nas mãos de Deus. Descobriremos assim com mais profundidade o sentido da renovação das promessas do Baptismo que fazemos na Vigília Pascal. A maior parte de nós unimo-nos a Cristo e à Igreja quando ainda éramos muito pequenos, porque os nossos pais procuraram em nosso nome as águas regeneradoras do Baptismo. Agora apresenta-se-nos a oportunidade litúrgica de ratificar esses compro­mis­sos adquiridos. Façamo-lo com gratidão e alegria, conscientes do imenso presente que Deus nos ofereceu, e com o desejo de colaborar com Cristo para levar a salvação a todas as criaturas. Ao vermos o mundo nos mapas, ao ler ou ouvir as notícias nos meios de comunicação, desejamos que Ele chegue às almas?S. Paulo renunciou à própria vida entregando-se totalmente a si mesmo pelo ministério da reconciliação, da Cruz, que é salvação para todos nós. E também nós devemos saber fazer isto. Podemos encontrar a nossa força precisamente na humildade do amor, e a nossa sabedoria na debilidade de renunciar [a nós mesmos], para entrar assim na força de Deus. Todos nós devemos formar a nossa vida sobre esta verdadeira sabedoria: não viver para nós mesmos, mas viver na fé naquele Deus de Quem todos nós podemos dizer: “Amou-me e entregou-se a Si mesmo por mim”.

Difundamos esta certeza entre todas as pessoas com quem nos encontrarmos, mesmo que, humanamente falando, as circunstâncias se apresentem difíceis, também as que agora surgem da crise económica que afecta os países de um modo ou de outro, nos diferentes estratos da sociedade. Usando os recursos humanos nobres que estejam ao vosso alcance para superar as dificuldades e para ajudar outras pessoas, descobri a Providência de Deus em tudo o que vos acontece.Perguntemo-nos: como é a minha reacção perante o que não gosto ou perante uma contrariedade? Luto para rectificar e elevar cada questão ao plano sobrenatural? Depois de um momento de vacilação – muito compreensível porque somos humanos – respondamos logo e com determinação: Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero! . Não devemos contudo perder de vista que, depois da Cruz veio a Ressurreição e a gloriosa Ascensão ao Céu. O Senhor chama-nos a acompanhá-Lo no Seu triunfo, ao qual se chega sempre pela abnegação. A morte de Cristo no Calvário não foi a última palavra. A última palavra manifesta-se-nos com a Sua glorificação em corpo e alma para a glória do Pai . Isto ensinava S. Paulo aos fiéis de Corinto quando lhes escrevia: se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e é vã também a vossa fé (…), ainda estais nos vossos pecados [9]. Com esta grande certeza, que nós, os cristãos, havemos de ter sempre presente, Santo Agostinho escrevia: «Não é coisa grande acreditar que Cristo morreu. Nisso também acreditam os pagãos, os judeus e todos os perversos. Todos acreditam que Cristo morreu. A fé dos cristãos consiste na Ressurreição de Cristo. O que consideramos grandioso é acreditar que Cristo ressuscitou». A morte do Senhor – explica Bento XVI – demonstra o amor imenso com que nos amou até ao sacrifício por nós. Mas só a Sua ressurreição é “prova certa”, é certeza de que quanto Ele afirma é verdade, que vale também para nós, para todos os tempos (…). É importante reafirmar esta verdade fundamental da nossa fé, cuja verdade histórica é amplamente documentada, mesmo se hoje, como no passado, não falta quem, de modos diversos, a põe em dúvida ou até a nega. O enfraquecimento da fé na ressurreição de Jesus torna débil, consequentemente, o testemunho dos crentes. Os sofrimentos humanos e a própria morte, se não se separam da fé no Filho de Deus, adquirem o seu verdadeiro sentido. Gosto de vos recordar aquela exortação do nosso Padre: tende esta fé sobrenatural, sabei que moveremos montanhas, que ressus­citaremos os mortos, que daremos voz a muitos que não sabem falar…, e eficácia de obras ao corpo paralisado! Saber isto e acreditar nisto, estar seguros do Senhor em cada momento concreto não é fanatismo, é acreditar em Cristo ressuscitado, sem cuja Ressurreição inanis est et fides vestra (1 Cor 15, 14), é vã a nossa fé . Porque “a teologia da Cruz não é uma teoria, é a realidade da vida cristã (…). O cristianismo não é o caminho do conforto, é antes uma escalada exigente, mas iluminada pela luz de Cristo e pela grande esperança que nasce d’Ele (…). Só experimentando assim o sofrimento, conhecemos a vida na sua profundidade, na sua beleza, na grande esperança suscitada por Cristo crucificado e ressuscitado” .

Por isso o crente, associado voluntariamente a Jesus Cristo no Seu mistério pascal, participa na missão de Cristo e colabora com Ele para levar ao seu cumprimento – também no mundo material – a vitória completa do Senhor sobre o demónio, o pecado e a morte. Esta foi a grande revolução cristã: converter a dor em sofrimento fecundo, de um mal, tirar um bem. Despojámos o diabo dessa arma … e, com ela, conquistamos a eternidade. Projectando-se sobre cada um dos nossos dias, a luz desta doutrina ajuda-nos a viver intensamente a Páscoa, em íntima união com o Senhor. Unamos à nossa resposta diária o conselho que S. Josemaria dava, numa altura em que lhe perguntaram como tratar melhor Jesus na Semana Santa: lê a Paixão do Senhor, e medita-a, sendo tu mais um personagem. Pensa – e podes fazê-lo perfeitamente porque a isso nos convida S. Paulo – que aquilo está a acontecer agora, não há dois mil anos: Jesus Christus heri et hodie, ipse et in saecula (Heb 13, 8). O Senhor é o mesmo ontem, hoje e sê‑lo‑á sempre. Podes meter-te entre os discípulos, entre os amigos do Senhor, e até entre os inimigos, a ver o que se passa. Reage com a cabeça e com o coração, como terias reagido ao ver como O tratavam. Assim estarás a viver muito bem a Semana Santa. Permito-me acrescentar: propõe-te não O deixar só. Para o conseguires recorre a Maria.No final de Março, fiz uma viagem a Bilbau, convidado pelo Bispo da Diocese, para dar uma conferência num Congresso sobre os católicos e a vida pública. Aproveitei para ir também a Pamplona e a Saragoça. Nesta cidade, rezei diante de Nossa Senhora do Pilar, invocação tão ligada aos primeiros tempos da evangelização em Espanha. Recor­dando os longos tempos de oração de S. Josemaria na Basílica de Saragoça, supliquei, com todos vós, à nossa Mãe, pelo Papa e pelas suas intenções, pela Igreja universal e por esta partezinha da Igreja, a Obra.Continuemos a invocar o Senhor, bem unidos na oração. As próximas semanas oferecem-nos muitas oportunidades. O dia 16 traz-nos o aniversário do nascimento do Papa, e o dia 19 o quarto aniversário da sua eleição para a Sé de Pedro: duas datas muito oportunas para nos unirmos mais à sua Pessoa e às suas intenções. Pouco depois, a 20 de Abril, completam-se quinze anos da minha nomeação como Prelado do Opus Dei: rezai por mim, porque preciso. A 23, é um novo aniversário da Confirmação e da Primeira Comunhão do nosso Padre. E no fim do mês, a 29, celebra-se a festa litúrgica de Santa Catarina de Sena, grande apaixonada da Igreja e defensora do Romano Pontífice, interces­sora da Obra no apostolado da opinião pública. Desde já me alegro muito ao pensar nas orações que subirão da Terra ao Céu, por ocasião destas efemérides.

Com todo o afecto, abençoa-vos

o vosso Padre

+ Javier

Roma, 1 de Abril de 2009